Faz tempo que não te escrevo, não é verdade?
Novembro de 2016, junho de 2016, algo em 15, 14, 13, mas de verdade desde o já longínquo
2012 não são mais dissertações continuadas.
É notável que consoante
ao tempo vão se dificultando os textos dado que tratar de um tema seria de certo
modo injusto com os tantos outros que não foram registrados. Queria eu registrar aqui oito anos, quem sabe
se retomar aos poucos, minerando lembranças. Mas saiba que de certo modo foram,
em retrospectivas e resoluções anuais junto aos amigos da faculdade, ainda que
com certo respeito pelo número de caracteres, causando talvez certa restrição
de profundidade em alguns assuntos.
Tanta coisa para dizer. Será que após a morte nós
recebemos um HD contendo arquivos de N dimensões, que exibem quaisquer
informações sobre qualquer momento de nossa vida que selecionarmos (o que
nossos olhos viam, estado de espírito, o que passava pela cabeça, todos os
parâmetros físicos como temperatura, hemograma, quem pensava em nós, como
estava o mundo todo naquele instante, dados, dados, dados...)? Por ora fiquemos
com os textos, fotos e vídeos, deixando-me ainda mais ansioso pelo tanto a
contar (viagens, família, feitos, conquistas, carreira, relacionamentos, ....).
E de repente já são 22h, meu frango está esfriando
na Air Fryer enquanto escrevo aqui, o gato aceitou que a noite será do texto e
já foi para a cama e já me pergunto se seguirei com o texto, dado que amanhã,
ainda que sábado, precisarei trabalhar. Ok, é isso, domingo eu volto (se bem
que no domingo também tenho bastante atividade do trabalho para fazer). Tem
sido dias bem corridos. Lembra quando em um dos textos, em 2010, eu dizia sobre
um dia cheio? Bem, a maioria deles segue assim, com responsabilidades maiores,
mas ultimamente com menos energia. Usando preocupações da época como exemplo,
imagine semanas de prova após semanas de prova até que você desaba após as 18h
(em 2012 isso ocorria pelas 2h da manhã). Parece-me isso, os dias que antes
tinham 19 horas vividas no modo full dedicated (com as outras 5h com
sonhos) agora duram umas 10h e os sonhos estão cada vez menos presentes.
Antes de seguir, o gato deixou também alguns
comentários no teclado “Yhu7hhhhhhhhhhhhhhhhhhhytttttttttttttttttttttttttttt6“.
Preciso refletir sobre sonhos no sentido de
objetivos, tratemos disso depois. Triste
que a palavra coach foi tão banalizada, prejudicando aqueles que
realmente faziam as perguntas corretas e nos chacoalhava com análises racionais
fazendo com que soubéssemos responder onde pretendemos chegar. Infelizmente não
foi o único conceito banalizado nesses tempos em que os ignorantes se unem para
governar com suas opiniões superficiais e contraditórias. Mas também falemos
disso em outro momento.
E qual o momento de hoje? 12 de junho de 2020;
esforçar-me-ei para não tratar de pandemia. Em junho de 2011, ocorriam estudos
pelas madrugadas frias e lá fora nós ainda ajudamos a reunir toneladas de alimentos
em doações, fomos a um show no parque, saímos para tomar um café... Em junho de
2012, novamente pesavam as provas e eu escrevia o soneto “Meia noite nos
cadernos”; apesar da sensação, novamente arrecadamos toneladas de alimentos.
Encontrei fotos do Theatro, do estágio e do meu filho cachorro tão novinho e
serelepe em junho de 2013. As de junho
de 2014 devem estar no HD externo, alguns dos e-mails que restaram indicam que no
mínimo tentamos arrecadar alimentos, enquanto os demais tratavam de disciplinas
como aluno especial para um futuro mestrado. As fotos de junho/15 mostram que a
cozinha de casa já era outra, e eu insistia em chamar de casa, embora com o
tempo tenha passado a denominar de casa dos meus pais. Fotos dos cachorros (ali
já eram dois), de um curso de extensão, fotos do meu colega de quarto, fotos de
uma festa junina, com as lembranças de que queria me dedicar mais a aprender a
dançar e, veja só, uma foto do meu primeiro carro, bonitinho sobre uma árvore
em frente ao prédio “onde” trabalho (entre aspas dado que eu ter passado
algumas horas de trabalho lá hoje tenha sido uma feliz coincidência, dado que
oficialmente mudei de prédio). Adianto que fosse maio eu me estenderia aqui por
horas saudando aquelas fotos. Fica para uma próxima.
Sigamos, poucas fotos de junho de 2016. Um
experimento, uma notinha de mercado, uma feira... Ah, eu bem me lembro desse
pastel numa manhã fria. Junho de 2017, por outro lado, um recordista de fotos
até o momento. Trabalho, festa junina, São Paulo, mais trabalho, festival de
rock, festival de dança, meu afilhado, mais trabalho, festa junina, festa a
fantasia, encontro do grupo de dança, mais trabalho, treinamento no trabalho,
mais trabalho, o festival japonês (teria sido o último festival?), Buenos Aires
(sim, primeira viagem internacional para minha família), uma planilha de
academia, até mesmo um vídeo meu tocando violão e mais trabalho.
Comparar junho de 2017 com junho de 2018 traria
conceitos para páginas e páginas... E tendo seguido assim, neste resumo
expandido acabou que o tempo foi passando, a noite vai entrando e tenho de
desligar para ir trabalhar cedo amanhã. No entanto amanhã volto, e finalmente
escrevo sobre o que me motivou a retornar. Mas, rapidamente para concluir e
depois volto com detalhes: junho de 2018, cachorros, uma foto dum gato sobre um
muro veja só, trabalho, assistindo a um TCC (em que eu constava nos agradecimentos
:D), um suicídio na faculdade, mais trabalho, uma corrida, trabalho e mais
trabalho, o caminho para a coach que citei acima, fotos do apartamento onde
eu morei, fotos da cidade vistas do alto em uma noite complicada, reencontro
com amigos da faculdade, um outro gato apareceu, copa do mundo, uvas, mais
trabalho, mais torcida na copa (sim, eu acreditava), festa junina, mais
trabalho, mais copa e mais festa junina, parque e, é claro, nosso primeiro dia
dos namorados, ah, por que eu não escrevia na época? E as primeiras imagens
relacionadas à depressão. Veja só, foi num junho. Junhos, junhos, um texto
sobre junhos merecia mais, junhos, os meses dos festivais... Tantos junhos, um
dia volto com texto melhor. O texto sobre o dia dos namorados também ficará
para amanhã, há muito a pensar, há muito a dizer.
Junho de 2019. Cachorros, carro, caronas... Às
vezes algumas fotos do trabalho me deixar pra baixo, por ver que há um ano já
tinha problemas que ainda não foram resolvidos. Muitas fotos de trabalho, pouquíssimos
momentos em festas juninas. Uma imagem triste, prints de conversas de um ciúmes
irracional bem no dia do falecimento de minha avó. Uma entre muitas
demonstrações de momentos de crise que me roubaram de tantas lembranças. Às
vezes era como se fosse proposital que ela buscasse marcar de lembranças ruins
sobre todas as coisas que me deixavam bem. Foi assim comigo estar feliz em
dançar, foi assim comigo estar feliz com voltar a jogar Sonic, foi assim em
dias de luto, foi assim em dias de aniversário, foi assim na primeira vez em
que visitou meus pais, foi assim até mesmo na minha defesa de mestrado, veja
só, em junho. Por outro lado, também em junho foi nosso segundo dia dos
namorados, quando chegou um texto, raro, mas sincero. Hoje mesmo vi aquele
ursinho ali no porta-luvas e agora me fico a perguntar se existem duas pessoas
naquele corpo, um encosto talvez. Não é possível ser tão diferente e retornar
sem sequer saber conversar sobre o ocorrido. Sigamos, mais fotos de trabalho, muitas mesmo,
fotos de uma disciplina muito boa no instituto de física, fotos dela, fotos com
meus pais, parque, trabalho voluntário em corrida, ela novamente, na nossa
casa, num café que eu fiz. Mais fotos de trabalho, evento no trabalho, defesa
de mestrado e, novamente, nossa casa.