Na Avenida Lisir Eva...

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Olá, sobre quem sou agora

 

Janeiro, 2022, meses finais de pandemia talvez, talvez...

  Tanto tempo longe do blog, tanto a contar... Um pouco, de fato, segui contando, a ver as retrospectivas de cada ano, que costumo escrever a meus amigos. Porém, este papo aqui entre nós, caríssimo leitor (quiçá único leitor, eu mesmo) sempre foi mais... profundo? piega? apaixonado? Je ne sais pas. 

  Anyway, preciso contar sobre quem sou agora, onde estamos agora... E depois rever escritos antigos sobre quem era, e reescrever quem sou... Mas talvez ainda não hoje, são 20h52min de domingo, tentei retomar também o violão, toco-o um pouquinho a cada muitos meses. Uma vez foi especial, Que Será Será, era aniversário da minha avó. Agora tento ensaiar Cânone em Ré Maior, porque acho a música bonita e talvez possível de pegar com algum esforço, mesmo para eu, há tanto tempo distante.

   Tenho 31 anos já caríssimo leitor. Mas não fiquei de todo longe dos textos, escrevi para uma garota certa vez, escrevi meus sonhos (desses de quando dormimos) algumas vezes e até consegui ler um livro inteiro entre os últimos dois anos. Falando assim parece que sou ainda mais atarefado do que naquele tempo, porém não é bem assim também, ou pelo menos menos ansioso e fazendo menos horas extras. Bem, quem sabe este ano até seja já que agora pretendo reunir trabalho com doutorado, pilates, lazer...

   Estou mais rico hoje em dia, financeiramente digo; mas em outras áreas também, só preciso refletir melhor sobre isso para te confirmar aqui. E preciso de novos propósitos fervorosos. Propósitos, é diferente de planos. Planos a gente tem, a gente se planeja e vai conseguir. Propósitos a gente, Deus queira, consegue também, e comemora, comemora do fundo da alma quando conquistamos.  No momento? Tem sim um, tem ela. 




La Délicatesse

Chove, é novembro, 17.

Toco nas teclas feito em máquina de datilografar

Dois enters,

Na sala da república assisto a um filme no computador, um romance, Nathalie e Markus

Hoje de manhã tive de adiar minhas férias, projetos atrasados.

Hoje à tarde, novamente o facebook sugeriu que eu marcasse Marcos em minhas fotos

Em uma cena do filme, é dito que Nathalie é o tipo de mulher que anula todas as outras, bem como meu pensamento funciona, pois, aconteça o que acontecer ao longo dos anos, por mais que pareça  que tenhamos nos apaixonado por alguém, tudo muda a qualquer lembrança dela.

O evento será no kartódromo em São Carlos; que não funciona como kartódromo, andei de kart pela primeira vez há duas semanas, misturo assuntos, há tanto a contar...

O filme se passa na França; Markus é suéco; estive na Suécia, França, estive em muitos lugares nesses anos sem escrever
Entra um rapaz cantando na república, antes tocava seu violão; lembrou-me Raul
sem escrever em português, sem escrever poemas
deixe-me lembrar as pérolas naquele tempo ostral,
deixe-me achá-las pela memória,
então virá o Natal, estarei livre novamente,
e as pedras brilharão
estive na Holanda, vi pedras que brilhavam; mas por mais belas, não as sentia;
mas sinto o natal se aproximar e voltarei a ser eu

O filme se aproxima do final, é impressionante: o segundo nome de Nathalie é Kerr.
Uma noite em Paris é uma noite mágica, pra lá vai meu pensamento, lembrando da noite em que eu e uma garota russa corríamos atrás do metrô; antes eu conversava com uma adolescente francesa sobre sentir, ali, numa noite estrelada na praça que leva à Torre Eiffel.
Quando mais novo eu passava um tempo em uma árvore no clube do SESI aguardando minha irmã na natação, hoje há um teatro onde havia aquela árvore.


"Foi nesse local, no coração de todos essas Nathalies... que eu decidi esconder."

Uma nova jornada


                Sabe aquela sensação de voltar para casa após sete anos? Não, talvez não a conheça, mas talvez a consiga imaginar. Quando entrei na faculdade, ou talvez antes disso, passei a consentir que vivia no futuro, afinal, a pergunta na infância era: “o que quer ser quando crescer?”. E então andava pelas ruas do futuro, com carros mais modernos que os daquele tempo, com wi-fi, computadores, facebook, vida universitária em uma universidade de primeiro mundo e tantos detalhes que me fazia sentir no futuro do passado.
                Esta semana fiz duas apresentações em um painel de processo seletivo de estágio; em uma delas, apresentação pessoal, disse estar em um período de transição rumo a uma nova jornada, sem abandonar todo o trajeto vivido até aqui. Acontece que percebo agora que esta transição é mais do que apenas uma mudança de cidade. Estamos em dezembro e já entreguei meu último trabalho da graduação neste semestre; para a formatura, é preciso cursar uma disciplina, concluir o TCC, uma iniciação científica e as horas de estágio, assuntos que são candidatos a se tornarem prioridades a partir deste dezembro. Dizia – e digo – que assim que acabasse essa correria da graduação em tempo integral eu voltaria a fazer algumas atividades de que tenho vontade, como aulas de inglês, tocar violão, flauta, talvez violino, aprender mais sobre o espiritismo, quem sabe participar mais ativamente, usar parte do dinheiro do estágio em projetos sociais, mesmo que seja presenteando crianças nas ruas, reformar a casa e voltar para a academia a fim de ficar um pouco mais fortinho para a namorada. A ideia era essa, ainda é, eu voltaria para a cidade da faculdade aos finais de semana para vê-la; às segundas terei aula e cuidarei das partes práticas do TCC e entre terça e quinta faria estágio em terra natal. No entanto ela disse que não era amor e, embora seja a melhor garota que eu conhecera nesses últimos anos, ou quem sabe na vida; de fato, eu não passava os dias em transe, sem me concentrar em qualquer outra coisa; porém concebia o encanto, imaginava o futuro, imaginava que era preocupação demais com os deveres e que a tranquilidade que viria em breve faria com que ela se tornasse minha prioridade. E quando possível eu inventava o que a poderia surpreender. Faltou sentir a fundo aquela preocupação sobre como ela estaria a cada segundo longe de mim, mas ela viajou ao sul e eu não vejo nenhum problema nisso. Ou seja, faltou a paixonite, aquela pitada de tempero desconhecido e incompreensível, pois, ademais, tudo parecia dar certo e achei que esse modo de amar fosse sinal de amadurecimento. Preciso aprender a diferenciar amadurecimento de falta de paixão.  E mesmo quando ela disse se tratar de amizade, mostrou-se ainda mais próxima da garota perfeita, que ama o mundo e busca o príncipe encantado.
Então volto para casa, não faz sete anos, apenas alguns dias. Mas de repente é como se fosse. Há sete anos eu estava na oitava série, tinha minha avó e nós e toda a família mergulhávamos no espírito de natal. Volto a sentir a presença do natal, volto a andar no centro da cidade pelo natal, retorno ao shopping desde há muito tempo, volto a montar a árvore de natal; minha mãe encontra os pisca-pisca no quartinho dos fundos e ficaremos a nos maravilharmos com as luzes na árvore. Passo o sábado em frente ao notebook e agora, quase madrugada, chego quase ao final do relatório parcial de trabalho de conclusão de curso.  Os dias são quentes, de quentes a insuportáveis, estou no chão do quarto ao lado do ventilador comprado hoje por minha mãe; de repente percebo que é mesmo uma transição, não me parece mais que vivo no futuro, mas como um retorno aos cenários do passado, porém os cenários mudaram, as pessoas mudaram (algumas partiram a outros mundos), mudaram algumas de cidade, algumas a elas mesmas; outras reencontram a felicidade. E volto para casa, pretendo estar de volta em casa agora. Queria ir ver minha garota, quem sabe ainda nos apaixonemos. Férias (férias entre aspas, tenho a iniciação, o TCC e os processos seletivos), rumo ao último ano de graduação, ruma a uma nova jornada, de volta para casa, de volta aos cenários conhecidos, mas como novos cenários, pessoas conhecidas, pessoas amadas e novas pessoas. Feliz dia de Nossa Senhora da Conceição.

Uma Rua Deserta e Anjos de Natal


Uma rua deserta e anjos de natal é o que restou? Madrugada de 30 de novembro e eu não tenho pensamentos. Queria que as palavras fossem mágicas, mas palavras são palavras e pessoas são humanas, as palavras não se arrancarão das páginas e viajarão pelo passado e pela distância a fim de reconquistar e recuperar o que perdi.
                Uma rua deserta na madrugada e anjos de natal que iluminam um pedaço do mundo. Natal, uma data que ilumina um pedaço do ano, uma data que salva, sempre minha data favorita, mas mal posso ouvir essa palavra e a repito, e a repito.
                E os pensamentos são opacos, como a lua desse 30 de novembro e a rua deserta com seus anjos de natal. Onde antes passavam os anjos de Natália.
                Onde antes passavam tantos sonhos, onde hoje o que restou é uma rua deserta e seus anjos de natal. O antes... O antes era a grama, a lua, as estrelas e a distância éramos nós, distantes dos problemas do mundo, sentados no gramado do campus. O antes era o beijo ao som ao vivo de Lenine, como em filmes, como trilha sonora, como protagonistas, como o par romântico, como o que levaria ao felizes para sempre. Antes eram os melhores dias, diria o melhor ano na universidade. Antes era a partitura deixada em seu para-brisas, o jantar em sua casa, a comemoração por ter passado no mestrado e os beijos, toques e abraços pela madrugada, quando evitávamos o sono e eu desejava que o tempo não passasse ou, se passasse, que fosse ali, daquele modo, nós dois e os bancos do carro.
                Hoje a música são os leves toques de Debussy, Beethoven e Chopin no piano triste na internet. Hoje é a despedida, hoje é apenas uma rua deserta, os anjos de natal e as lembranças. Lembranças da partida de quem mais me amou, lembranças da despedida de quem amei... E fica assim, opaco ou vazio, como uma rua deserta com a lua escondida. Sem rumo, com seus amigos se dividindo rumo a vários continentes, sem emprego, sem saber se voltarei para casa ou terei uma vida corrida em uma grande cidade ou em uma cidade qualquer liderando pessoas com vidas corridas para que um dia liderem pessoas com vidas corridas até que só haja corridas e não haja vidas.
                Mas veja que a ciência me chama e as palavras querem ser escritas, estou na capa do jornal. Meu texto na capa do jornal e outros resultados que me orgulham, mais, bem mais que o diploma, o que levo da universidade são comentários como “orgulho de conhecer essa figura”, parabéns e tantos elogios. É o que se leva, as recordações, de palavras, de toques, de sensações, de sentimentos, de vitórias, de derrotas, de alegrias, de tudo, as recordações. Ademais, é uma rua deserta, sem saber para onde ir, o renascimento e os anjos. Uma rua deserta e os anjos de natal.


Sobre muitas coisas da vida. Vida, dias perfeitos.



Começo a contar esta história em uma tarde de dia útil, foi uma terça ou quarta-feira há algumas semanas, quando caminhava em direção ao bloco de aulas da Engenharia de Produção e ali pela praça no centro da universidade, em um estande fixo de madeira, crianças vendiam porta canetas e clipes e panos de prato, se bem me lembro.
As vendas são destinadas à manutenção de um projeto social do qual essas crianças participam aqui mesmo na universidade, não muito longe de onde me encontro esta noite a escrever este relato. Comprei então um porta canetas e o deixei guardado, ainda fechado, dentro de meu guarda-roupa, em uma folha de plástico transparente decorado.
Então se seguiram os dias, trabalhos escolares, provas, pesquisas para o TCC, iniciação científica e, em especial, destaco nossa apresentação pelo nosso grupo de teatro, cujos ensaios ocorrem no salão cultural do nosso centro acadêmico – embora o grupo não se restrinja a estudantes desta instituição.
Em um dos encontros no semestre passado, falávamos por algum motivo sobre dança e uma garota disse ter vontade de dançar. Então, comentei que ali no centro acadêmico havia cursos de danças, mas eu não participava por não ter um par. Ela lançou o convite e concordei; porém isso foi deixado para depois das férias, que se aproximavam após as corridas semanas de provas de final de semestre.
As aulas voltaram em agosto, neste mês fui com um amigo a uma festa junina aqui na arquitetura e encontramos com o pessoal do teatro, donde formamos dois casais para as aulas de dança de salão. Foi que minha parceira teve de faltar – após um pedido de desculpas – e meu amigo desistiu do curso, pois era no horário de almoço. Deste modo, aconteceu de eu trocar definitivamente de par para a aula de dança.
Dança é uma bela arte, mais belas são as danças circulares e as de casais, como valsa, bolero, ou mesmo forró, samba de gafieira e salsa, mais comuns na cidade. Bela não para ser o único homem a saber dançar e aproveitar de todas as meninas, mas pela arte do encanto, do encantar, pelo prazer em acertar, em entender um mundo diferente do que estamos acostumados.
Dancei uma tarde, no ano passado, assim, de repente; durante um intervalo dos ensaios, alguém colocou My Girl de The Temptations – aquela música do filme “meu primeiro amor” – Foi com a mesma garota que quase se tornou minha parceira de danças aulas. A mesma que, no final do ano passado, em seu aniversário, fui escrever alguma mensagem em seu facebook e me dei conta de como ela possuía a rara combinação de beleza, inteligência, ser divertida, humilde e cativante – curioso que no último final de semana assistia a um filme em que esta era mais ou menos a frase que o protagonista dizia a sua esposa, só agora me dei conta disso.
Com essa mesma garota, passei algumas noites, dias inteiros, mesmo madrugadas a ensaiarmos para a apresentação ocorrida em setembro, há umas duas semanas e meia. Estava quase todo o grupo, mas como a peça era formada de muitas cenas individuais, fiquei a ensaiar com ela nas salas ao lado.
E ela dançava, livre, opunha-se aos demais personagens da peça, pessoas que não se tocavam, que ficavam imersas, mergulhadas em um sistema de egoísmo e consumismo, o qual a peça criticava. Ela dançava, bela, com suas roupas finas e leves.
Em um ensaio, um spot de luz acendeu antecipadamente sobre nós, ficamos – eu, pelo menos – imóveis, como quem é pego no flagra fazendo alguma coisa que não poderia ser vista.
Esse é parte do contexto da história que venho contar, uma parte bem pequena, muito resumida, sem citar o coração de papel que a entreguei na madrugada,  as conversas que tivemos em seu carro na volta dos ensaios – mesmo que eu morasse a poucos metros dali, no alojamento da universidade – do que falamos e nos conhecemos... Do que gostamos falarei um pouco e então prossigo a contar.
Gosto de filmes, de histórias de filmes, de cenários de filmes, de quando as coisas em nossa vida acontecem como nos filmes; como aqui na universidade, quando chovem flores e estamos a caminhar, quando faz frio e usamos casacos, quando vencemos, quando vemos o trem, quando viajamos e olhamos o horizonte pelo caminho. Ela gosta da lua, de ver a lua em sua pequena cidade do interior, onde as nuvens não refletem as luzes de uma grande cidade, deixando o céu escuro, misterioso e encantador.
Apresentamos então a peça, fomos muito parabenizados, embora eu estivesse pessimista devido ao pouco tempo de ensaios e de, particularmente, estar cheio de afazeres na graduação e meu personagem não ser tão engraçado como o do ano anterior.
Atendi seu telefone quando sua mãe ligou, sentia-me mais próximo e apaixonado. Gostaria de dizer, de beijá-la, tive a paciência correta.
De lá fui fazer minhas malas e os encontrei – o grupo – mais tarde na lanchonete. Partiria pela madrugada em direção à capital, para minha primeira dinâmica de grupo em processo seletivo de estágio. Então esperaria acordado, porém ainda era cedo quando deixaram a lanchonete, exceto ela, eu e seus amigos. E, então, foram também, fiz questão de que não precisariam me esperar.
Fui à capital, sozinho, mas um amigo me encontraria para levar-me da estação ao prédio. Metrô, bairros nobres, prédios, roupa social, café, vitamina, dinâmica de grupo, metrô, foto no MASP, depois lanche e outra vitamina, metrô, casa.
No domingo ela me escreveu, em meu mural no facebook, uma apresentação, como seria minha apresentação em uma empresa, um enorme parágrafo de elogios. Não soube como responder, disse que o faria pessoalmente e, após outro ensaio em uma noite, conversamos por certo tempo, poderíamos ter nos despedido com um beijo, não tomei a iniciativa.
No outro dia, mais uma vez partira eu rumo à capital, outra dinâmica, em bairro próximo ao de sete dias antes. Camisa emprestada, deixara as minhas em casa e o convite fora de repente. Desta vez fui com um amigo que também participara da dinâmica, aliás, muito mais organizada, onde tivemos muito mais liberdade e muito podemos aprender. Café, foto, almoço no shopping, trem, metrôs – em um deles, a campainha soou enquanto meu amigo estava na porta, puxei-o um instante antes da porta fechar. Mais um dia na capital com histórias a se contar.
Retorno, fim de semana em casa, visita à empresa de meu pai no dia da família, que começara com uma palestra sobre conhecer uns aos outros, auto-estima ou... bem, o dia começara antes, era dia de eleição, decepção com os rumos políticos de uma cidade que, embora grande e supostamente desenvolvida, está marcada desde sempre pelo coronelismo. Uma revolta que me desviava a atenção quando tentava fazer outras coisas, mesmo estudar na segunda-feira na faculdade.
Já à noite recebo novo convite, agora uma entrevista de emprego. Estava certo que na terça iria a uma dinâmica em Jundiaí, porém este novo convite me faria retornar à minha cidade, em um hotel próximo à prefeitura. Sempre gostei de andar pelo centro, principalmente quando chega o natal ou quando fica aquele clima londrino, nublado. Desta vez, seria um prazer diferente, passear pelo centro em roupas sociais, desfilar posso dizer. Nessa terça-feira, ontem, havia na praça central um ônibus do Menina Fantástica e uma fila de garotas que sonham no futuro serem modelos.
Primeiro tomei um sorvete com meu amigo e contei a ele sobre o que acontecera na noite anterior. Ele ficou feliz, disse que sentia até mais feliz do que se tivesse sido com ele. Interessante dizer isso, pois o dia prometia um paradoxo. Eu e meu amigo, em nossa cidade, disputando a uma única vaga de emprego, eu, meu amigo e umas cinco pessoas com currículos inferiores. Meu amigo, dono da maior nota do curso e de um dos melhores, talvez o melhor, currículo de nossa engenharia entre as pessoas com quem convivo. Meu amigo, que namora uma garota que eu apresentei e que um dia eu mesmo pensei em namorar. E ele ficou feliz pelo que contei sobre a noite anterior, eu ensinei onde ficava a sorveteria, meu amigo.
Da sorveteria voltei ao centro, entrei na catedral, agradeci, olhando para a imagem no vitral, como costumo fazer quando entro lá. Observei a beleza da catedral e as palavras em latim, imaginando o que poderiam significar. De lá fui ao antigo hotel, hoje centro cultural, com exposições e, nesta semana, oficinas de instrumentos musicais. A flauta, a flauta era a que mais me chamava a atenção. Assim, digo agora o que então ocorrera na noite de segunda-feira.
Estava diante um paradoxo, participar de uma dinâmica em uma multinacional em Jundiaí ou retornar a Ribeirão e disputar uma vaga única com o cara com a melhor nota da sala, várias iniciações científicas e vários títulos e prêmios acadêmicos? Ribeirão, a mesma Ribeirão pela qual sou apaixonado, mas que teimava em eleger os mesmos políticos a décadas, a mesma Ribeirão que me expulsara de seu grupo no facebook nessa mesma segunda-feira, feito ditadura, após eu demonstrar sutilmente minha insatisfação com o resultado das eleições.
Não tenho aulas às quintas; sexta é feriado, dia das crianças e de N.Sra Aparecida (interessante, agora lembro que na terça eu explicava para minha mãe como se abreviava N.Sra, após ter pesquisado na internet; porém ainda não salvei no computador de casa umas fotos que ela me pediu, apenas aqui no note e no pendrive). Assim, parecia não haver prejuízo se eu voltasse para casa e por lá ficasse durante toda a semana. A questão era, ia na segunda mesmo ou esperava pela manhã de terça-feira. Mais uma vez, tive a paciência correta.
Estaria a garota a fim de mim? De mim? Logo de mim que nunca tive namorada? Quem nunca havia beijado além de três beijos de despedida há três anos, porém totalmente mal feitos, pois errei ao seguir o conselho de um amigo sobre como se beijaria. Mas realmente a fim de mim? Curioso é o destino. A palestra na empresa no domingo havia sido de auto-estima, contive-me em minha educação, em meu interesse pelo lugar e em meu estranhamento sobre o tema, esperava uma apresentação da empresa, não questões morais. Porém é como aprendemos no teatro, alguém apresenta algo, não criticamos, não julgamos, aceitamos a ocasião, aceitamos a coragem em apresentar, aceitamos a dedicação.
Se eu voltasse para casa, seria por uma semana, muito tempo para um engenheiro que vive seus anos de graduação resolvendo grandes problemas todo tempo, velozmente, pois dezenas, centenas de outras questões aparecem todo momento.
Fui então até uma das bibliotecas da universidade, onde passei uma manhã a tirar dúvidas de física para a prova de mestrado da garota. Raramente frequento a biblioteca da física; utilizo a da engenharia, por ser do curso e, às vezes a da química, por ser mais perto. Resolvi ir até lá, queria a encontrar e a encontrei, estudando.
Disse que fui fazer uma visita, discutimos alguma coisa de física, ela me disse que esperava por um rapaz, um doutorando em física, que lhe daria aulas particulares do tema. Foi a segunda vez que senti ciúmes; mas logo ela disse que era pago e entendi que o professor estaria lá para dar aulas. Ciúmes mesmo foi em outro instante, ao final da peça naquela outra noite, ela me disse parabéns, eu respondi com um abraço, não tão forte como de um homem que aparecera depois, mais alto, mais velho, mais forte; mais íntimo, pensei. A felicidade me veio quando comentou no encontro da semana passada, no qual discutíamos sobre as impressões causadas pela peça, que o namorado de uma amiga lhe viera retribuir o abraço – que a personagem dela dava no público. O namorado de uma amiga, então entendi.
A aula seria das 19h às 21h. Anotei seu telefone, enviei uma mensagem às 19h25min, uma mensagem bem curta, citando um lugar e um horário, 21h30min, comer açaí – o açaí foi ideia de outro amigo, um dos dois com quem me reunia na biblioteca da engenharia para fazermos um trabalho que deveria ser entregue na manhã seguinte, terça-feira. Ele é um amigo sábio, já devo ter escrito algumas vezes sobre ele, sobre eles, aqui no blog.
Fui tomar banho, enviaria o trabalho por e-mail e entregariam para mim. Ela respondeu às 21h08min, depois deu ter atendido rapidamente ao telefone quando um amigo – o mesmo que me foi comigo a São Paulo – dissera ter sido chamado a uma dinâmica – na mesma Jundiaí que deixei de ir na terça-feira, ontem.
21h08min: NOME, vc foi pro top a¿ai??
21h09min: Não ainda, mas me dirijo à rodoviária ali perto.
21h10min: Vc partir¿ q hras??!
21h11min: Amanhã só. Está com fome?
Eu ainda estava na faculdade, virei, passei pela praça, voltei à biblioteca. Ela se encontrava em outro lugar, em uma sala de vidro, passei atrás dela e a vi com o celular. Digitou alguma coisa, estava respondendo a mim.  Porém a vi aquando apagou a mensagem e começou a reescrever. Estaria em dúvida? As mulheres perfeitas também seriam meninas quando sozinhas? Também não sabem o que dizer?
Saí para que não me visse, esperei com o celular na mão do outro lado da parede – que não é de alvenaria, mas aquela repartição. Ela demorou para responder, ou estariam os segundos durando horas? Decidi entrar na sala, ela estava com fome, quis terminar de ler uns tópicos antes de ir; enquanto eu li a prova de um ano anterior.
Fomos ao açaí, pedi um sabor diferente para que ela pudesse experimentar, conversamos sobre muitos assuntos, saímos pouco antes do estabelecimento fechar. Voltamos a seu carro e ela me deixou na porta do alojamento da universidade, enquanto o rádio sugeria músicas românticas e outras músicas também.
Não me recordo de quem se referiu primeiro à lua, ela, ela quis ver a lua e eu disse ter descoberto um lugar em que desse para vê-la como no sítio, o campus da universidade vizinha, onde ela estuda. Era madrugada, mas fomos para lá. E então sentamos na grama – na segunda tentativa, depois do formigueiro da primeira – próximos a uma mata e a um prédio didático.  A lua não estava lá – ela disse que há alguns dias não a encontrava – mas havia estrelas, a grama, ela e eu. Conversamos ainda sobre muitas coisas e, após um pequeno silêncio, eu perguntei: “sabe do que tenho medo?”. Tinha medo de me declarar e então não podermos mais sentar na grama em uma madrugada, sem recordar uma recusa e viver em um clima túrbido. Disse que tinha medo de dizer que estava a fim dela.
Ela iniciou sua resposta, sua primeira palavra me trouxe à mente o início daquele modo educado de se dizer não, de dizer que somos apenas amigos. Acho que sua segunda palavra também; porém ela me surpreendeu, disse também estar a fim de mim.
E agora? Então nos beijamos, ela me ensinou a beijar, e deitou-se em meu ombro, ficamos por horas pela madrugada. Tinha meu trabalho a entregar, e ela sua prova, mas nada mais importava, nada que não fosse no plural, no nós.
                Outros minutos, hora – não sei ao certo, para mim pareceram dias – passou-se entre os bancos da frente de seu carro quando me deixara no alojamento e nos beijávamos.
                Passou-se a terça-feira. Amigo, lembranças, entrevista, hotel, catedral, centro cultural, casa, família...  Não a liguei no dia seguinte, porém deixei uma mensagem subliminar no recado que enviei ao grupo de teatro, avisando que me ausentaria esta semana – em resposta ao e-mail dela, que não frequentaria esta semana, pois a prova do mestrado se aproximava. À noite decidi aprender a tocar a flauta que minha avó me dera, há um ótimo professor no youtube. Também decidi retornar a São Carlos e para cá vim hoje pela manhã. Ela toca flauta.
                Hoje tive apenas uma aula, o professor faltara da segunda. Ou devo dizer ter tido duas, caso conte a aula de dança. Procurei por ela na biblioteca três vezes ao longo do dia. Na primeira ocasião, levava uma trufa de morango, que ficara em meu bolso até após o almoço, quando eu já constatara que havia derretido. A parte engraçada é ter guardado o celular no mesmo bolso.
                Na segunda tentativa eu ficaria a estudar por lá, porém meu touchpad decidiu não funcionar e retornei à biblioteca da engenharia. Na terceira tentativa, encontrei seu carro e agi rapidamente, num plano de repente, talvez genial, talvez não.
                Voltei à engenharia, liguei o computador, encaminhei para meu e-mail a partitura de uma música romântica que conheço, cuja banda por ela foi curtida no facebook. Fui ao xérox em uma das saídas do campus, imprimi, retirei o título e voltei para o alojamento.
                Lá, ainda em dúvida se eu deveria fazer o que planejava, procurei por uma fita adesiva – a essa hora a papelaria já deveria estar fechada – e, então, dentro de meu guarda-roupas, avistei aquele porta canetas e porta clipes que havia comprado e ainda não aberto, era embalado por uma folha plástica decorada e amarrada por uma fita de cetim, já com as pontas enroladas, em uma cor próxima ao rosa e ao bege.
                Enrolei as folhas da partitura no cetim e, para não ser visto com elas no campus e não amassá-las, guardei onde guardo a flauta que minha avó me dera. Atravessei o campus, temia não encontrar seu carro após ver algumas vagas livres. Então avistei, retirei as duas folhas da bainha da flauta, com certa dificuldade, pois o papel ficara preso por alguns instantes. Amarrei o cetim no limpador de parabrisas com as folhas enroladas e agora me encontro a contar essa história para jamais esquecer esses dias em que, como disse meu amigo na sorveteria, as coisas parecem ir tomando seu rumo e darem certo, complemento dizendo que são dias em que estou em diversos cenários, com diversas histórias, como  nos filmes, como enxergo a vida, que acontece como eu desejo.
                Abrir mão de uma vaga de emprego torna-se mais prazeroso que a conquistar, é sinal de maturidade, além disso, há uma chuva de oportunidades. Passear em São Paulo, entrar na Catedral – há um bom tempo não vou a uma missa – maravilhar-me com o centro cultural, as ruas do centro, as ruas do bairro, dirigir pela cidade, aulas, pesquisas, provas, apresentação teatral, dança, contar boas notícias, comer açaí, compartilhar açaí, olhar para o céu noturno sentados na grama, beijos no carro, braços, pescoço, rosto, boca, tocar pessoas, amar, fazer alguém feliz...



    Programo o blog para publicar este texto daqui há alguns dias, vou esperar o que vai acontecer antes de contar a notícia...



     Bem, hoje é 30 de novembro, volto ao texto, não o reli ainda, mas vim publicá-lo no blog...





























Novembro


Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot.






Imagem: Autumn in New York City by =AnnaGiladi



             Novembro está na música, nos poemas, no ar…  Aqui, no Brasil, até podemos chamar a chuva de ontem de “cold november rain” (chuva gelada de novembro), em comparação com os recordes de temperatura nos dias anteriores, que passaram dos 40°C em muitas cidades.
                Porém não vim falar de chuva, nem tanto de novembro, como sugere o título. Vim dizer oi, contar uma certa saudade de vir aqui escrever. Já disse certa vez que quando bons acontecimentos me ocorrem, às vezes me agradam e os vivo de tal modo que não encontro tamanha excelência em descrevê-los.
Assim outubro ficou com poucas postagens, estive em várias cidades, na maioria, para processos seletivos de estágio, embora servissem também como pretexto para que eu tivesse tal experiência, uma vez que minhas prioridades quanto a estágio são as cidades onde já convivo. Também estive em outros países, pela primeira vez, conhecendo maravilhas da natureza.
Viajei com amigos, teoricamente concorreria contra amigos, mas na prática nos conhecemos ainda mais e também novos colegas.
Ontem entrei na biblioteca – é incrível que, com viagens para tantos lugares eu venha detalhar um acontecimento que parece tão simples – e passei bastante tempo por lá. Quando saí, vi um tempo úmido e pessoas vestindo vermelho e amarelo para a Tusca, que para mim e para meus amigos tinha um valor diferente, de lembrança e de que essa graduação já está quase terminando, não tendo competido em esportes pelo brasão de nossa universidade, nem presenciado a fase de ficar com várias universitárias em festas.
Competimos de certa forma, por vagas no mercado de trabalho; se em uma sala estou com 20 estranhos e em minha apresentação digo ser da USP, de repente pode se tornar 20 contra um. Contudo não concordo que dinâmicas de grupo sejam competições, também não concordo que Tusca seja competição. Competições de verdade trazem aquele espírito esportivo, emocionam dezenas, centenas, milhares, milhões ou quantos com elas estiverem relacionados. Competição é como a Maratona de New York, que, infelizmente foi cancelada neste ano devido a questões relacionadas à reconstrução da cidade após a tempestade Sandy, deixando milhares de turistas e atletas com sonhos adiados.
Geralmente falo relacionamento amoroso neste blog; então o esperado era que outubro contivesse dezenas de postagens, sobre cada frase dita, sobre cada mensagem trocada, sobre cada toque sentido, sobre cada beijo compartilhado... Embora no primeiro dia eu tenha escrito um texto ainda não publicado, pouco me referi a esta parte da história. Conto em breve.

Sobre o caminho para a felicidade

"Não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho"
Gandhi
 
   Guardo certa lembrança dessa frase... Justamente dele?! Suponho que ele não gostaria nem um pouco de que suas citações fossem usadas em fins comerciais.
   Contudo, voltando da capital, cedo para dormir, tarde para iniciar atividades acadêmicas, atenho-me à frase.
   Apesar do chavão, tem certo sentido. Sensações são noções abstratas, com pouca regra, ordem ou rumo, indo e voltando; no máximo, uma galera aí tenta colocar umas cores para tentar conciliar.
   Já caminhos só existem para outros caminhos e outros e outros e a gente nunca chega, só avança; daí, não deveriam receber toda nossa atenção.
   Mas em um ponto eu me contradigo, pois há uns caminhos racionais, que levam a bases sólidas e, sem percorrê-los, muitos de nossos desejos ficam mais distantes.
   Acho que um exemplo explicará melhor o que quero dizer: passei a estimar certa menina, porém passarei a ter renda (estágio) a partir do próximo semestre, bem como ter ideia sobre qual cidade estarei ou o que estarei fazendo no próximo ano; até lá, tenho muitas questões a resolver na graduação, IC, TCC de modo que receio que não seja possível consolidar uma relação séria.
   Como você enxerga? Amor, atração são suficientes para firmar um namoro?

A semana do congresso

   Minha última postagem havia sido em 11 de agosto e confesso sentir que fora há uns dois meses. É que esta semana durou um ano, uma semana, um tempo difícil de se medir assim como é difícil explicar.
   Uma semana em que aprendi mais que sabe lá quanto tempo. Conheci fraquezas ou, quem sabe, sejam elas não fraquezas, porém franquezas. Fui sincero, obediente e dedicado, troquei palavras com pessoas de vários cantos do Brasil, conheci um pouco mais a mim mesmo.
   Tirei mais de duas centenas de fotos, cadastrei centenas ou milhares de códigos de barras, fiquei em pé, andei de pressa, corri, escrevi, digitei, telefonei, troquei mensagens, conheci pessoas que há anos estão próximas a mim, ergui mesas, cadeiras, solucionei problemas, troquei tomadas, apaguei dados, recepcionei mestres, tirei foto com uma lenda e de futuras lendasd, dormi tarde, acordei cedo, acordei tarde também e cedo novamente, fui responsável por centenas de pessoas, servi-as com agilidade, dei informações ou, no mínimo, conduzi-as às fontes das informações que precisavam.
   E assim fui fotógrafo, staff, membro, recepcionista, guia, secretário, auxiliar, garçom, ator, engenheiro...
  E continua, e renasce uma tradição com o nascimento de um sonho para o desenvolvimento de um país.
   Assim, caríssimos leitores, este texto não se encerra e não utilizo ponto final

Para onde vão os dias reais?


-Para onde vão os dias? Ela não deixava de se perguntar.



Proponho uma enquete. Imagine nosso mundo com toda sua velocidade de acesso a informações e toda sua correria e pressão em estudos, trabalhos ou quaisquer que sejam suas atividades. Pense neste mundo sem os meios de comunicação eletrônicos. Considerando tal cenário, seríamos mais ou menos distantes uns dos outros?

Easygoing guys...


Telas, telas por todos os lados, telas são intermediárias de nossas relações: internet, televisão, celular, vidros de carros... É certo que você, caro leitor, em momentos introspectivos sentira falta do tempo em que cidades vizinhas eram distantes. Tenho amigos em outros continentes, porém na tela de meu computador, mais próximos que alguém no cômodo ao lado.
Assim, a despedida por distância física deixa de existir; você parte para uma nova jornada – uma faculdade, intercâmbio ou emprego em outra cidade, por exemplo – porém está conectado a seu mundo inicial, sem que novas jornadas pareçam novas histórias, mas apenas novos cenários da mesma; um cenário que você não vê agora, pois assiste a uma tela e lê opiniões de alguém que não imagina como é. Se homem, se mulher, se a voz é suave ou se mora em uma fazenda no interior de Cabo Verde.

Vê?
 
Ontem nevou, para mim, pois a grama pela estrada estava branca. Estrada, para mim, pois é uma rua na entrada de um reino. Reino, para mim, pois trata-se do campus de uma universidade... Volte a imaginar, você ainda pode mergulhar em seu mundo.
E assim, uma geração parece querer a saudade, quer o sentimento, como a dor do patriotismo em uma final olímpica. E o que nos faz sermos patriotas? A necessidade de suas sensações? 

O tempo todo estou tentando me defender (...) Gosto dos pingos de chuva, dos relâmpagos e dos trovões (...) e é de noite que tudo faz sentido...

Brasil, um país em que atletas não vencem por falta de apoio, também um país em que se vence ou se deixa de vencer por sentirmos um calor, oposto ao frio da seriedade, técnica, exata e racional de outros países.
Conforme se caminha ao “desenvolvimento”, caminha-se à arrogância e à frieza e sei bem, senhores, que mesmo um engenheiro pode viver pela emoção e viajar em suas histórias.

Não tenha medo de viver, mas sinta medo e viva os paradoxos

Um Novo Começo

    Julho, dia 30, 2012, ano de evolução em nosso planeta. Escrevo em meu quarto na faculdade, primeiro dia do último semestre em que cursarei disciplinas com o melhor grupo de estudos que já participei; já um pouco dividido é certo, pois cada um segue algumas disciplinas diferentes, devido a ênfases diferentes e, como disse um deles, rumos diferentes na vida.

    E assim anoiteceu ontem, duvidoso. Adormecia no ônibus enquanto ouvia músicas no notebook e acordava frequentemente por medo de adormecer ou de ser furtado. Chego à faculdade, abro o computador, queria de verdade me despedir do facebook e dos comentários ignorantes da internet, vem-me uma surpresa, boa, sim, boa.

   Um amigo, um sábio, bom, apenas um pouco frio com relação a sentimentos começa a namorar, quem sabe ela o ensine esta lição que falta a alguém que tanto sabe e consegue. Quem é ela? Conheço, eu os apresentei quando eu por ela estava interessado e a recomendei a ele enquanto eu concluía a verdade. Já comentei sobre tal verdade aqui no blog, a verdade que não conseguiria me apaixonar por ela, embora de um modo racional ela seria a garota mais certa. Um ano e alguns meses mais nova, faço-a muito rir, mesmas religiões, mesmas cidades, gostos semelhantes, podemos conversar por horas...

   Durmo com muitos pensamentos, o mundo, o retorno ao ritmo das aulas, o amar, os afazeres que tenho para fazer na organização de um evento e confesso que, na primeira aula do dia, vi-me distraído a pensar sobre eles. Com as olimpíadas acontecendo em Londres, venho testemunhando notícias, ou melhor, testemunhando emoções de muitos tipos através dos canais de televisão.

    Sabe, assisti a vários filmes nestas férias, com as legendas em inglês. Em especial, Closer, por causa da música e com a música continuei desde então (video abaixo).



   Uma conclusão, que por conclusão não concordo em chamar por não ser um fim, apenas um novo começo, de uma nova jornada. Uma conclusão foi compreender que talvez esse mundo de romance não fosse para mim, que não sentiria essa música ao tocar alguém e que deveria de uma vez me dedicar a esse mundão grande que tanto anda precisando do auxílio daqueles que estão dispostos a ajuda-lo.

    Embora o dia tenha sido calmo, resolvi mais questões do que precisava em relação ao congresso, fui a todas as aulas – que, por ser início de semestre, não são bem aulas – reencontrei amigos; após o por do sol, recebo a notícia de ter ganho uma bolsa de estudos e, um pouco depois reencontro quem talvez seja minha melhor amiga, a qual estivera na Europa no último semestre.

    Hoje ela foi dormir na casa de seu namorado e não morará mais no mesmo prédio que eu. Como ouvi na manhã de hoje, cada um começa a seguir ou, no mínimo, a decidir seus rumos neste último semestre de muitas aulas, que nem são tantas mais nem tão teóricas quanto antes.

   Foi que hoje é aniversário daquela minha amiga que começara a namorar um amigo, aos quais me referi no início do texto. Encontrei-os pela tarde no banco de uma praça com outras pessoas. Ainda que eu seja um homem honesto, tornei-me um homem sensato. Assim, disse que poderia ir a seu aniversário agora à noite, de fato nenhuma obrigação me proibiria disso, porém não compareci. Eu costumava dizer a ele que eles combinariam bem, cumpri meu papel.

    Uma aula preciso destacar aqui, a primeira do dia, às sete e vinte da manhã desta segunda-feira, primeiro dia de aula. O destino quis que eu cursasse esta disciplina na mesma turma de meu colega de quarto; o destino quis que ele sentasse em uma carteira de modo que eu estivesse entre ele e uma bela garota de óculos rosa.

    Acho que foram duas as vezes em que me virei para a direita e me perguntava por que nunca a havia visto. Então, há algumas horas, já aqui no quarto, enquanto meu colega de quarto insistia para que fôssemos ao supermercado, perguntei sobre ela e disse ser de sua turma antiga, perguntei mais, disse mais. Doce, meiga, quieta, inteligente, fã de mangás japoneses... Coincidentemente, ou por destino, um perfil que logo lembra as últimas duas ou três garotas que me chamaram a atenção.

    Decidi acompanha-lo ao supermercado e daqui até lá falávamos dela; meu estômago me gritava exigindo que amanhã fosse segunda-feira novamente para encontrá-la na primeira aula da manhã. Ao entrar no mercado, cheguei a dizer em pensamento que gostaria que ela estivesse logo ali.

    Um corredor, dois, pensei em virar no segundo, porém avançamos por mais alguns e, por capricho do destino lá estava ela junto a sua irmã. Mantive a postura, já disse que me tornei um homem sensato. Ele a cumprimentou, porém em teoria eu ainda não a conheço. Mais uma vez nos cruzamos pelos corredores e ela sorriu enquanto tentávamos ser discretos.

   Foi o suficiente ou o necessário por ora. Para que da noite guardasse esta imagem, a dobra que sua pele faz quando sorri. Para que eu contrariasse as conclusões de algumas postagens anteriores, para que eu descobrisse que ainda posso me apaixonar verdadeiramente.

   Espero voltar com boas notícias da próxima aula deste tema na semana que vem.

   Boa noite senhores, que comecem bem este novo semestre, que comecem bem suas novas jornadas.

O Preço

   Observe trechos letra da música O Preço - Engenheiros do Hawaii (link). Não sei por que ou para quem foi feita, mas enquanto ouvia seu álbum e pensava sobre um tema, ela pareceu se associar muito bem.


"O preço que se paga às vezes é alto demais
É alta madrugada, já é tarde demais
Pra pedir perdão...Pra fingir que não foi mal"

   Não sei qual o preço, mas sei que poderá ocorrer e poderá se chamar derrota. Note, possivelmente você lê este texto em uma madrugada e por quê? Porque ainda não entende o que lhe falta para tornar seu dia especial e procura isso na internet, sem encontrar, porém insiste, pois é onde conhece um universo gigantesco de opções.

   Para pedir perdão. Talvez você esteja a navegar por aqui ou pela vida sem conseguir remar direito pela falta de um perdão. E assim fica perdido pela madrugada.



"Uma luz se apaga no prédio em frente ao meu
"sempre em frente" foi o conselho que ela me deu
Sem me avisar que iria ficar pra trás
E agora eu pago meus pecados
Por ter acreditado que só se vive uma vez (2x)"


   Então você deixou algo para trás e sente remorso e saudades, ou talvez você tenha perdido uma oportunidade, como uma luz que se apaga. Então não consegue seguir em frente e se machuca. Nem sempre sabemos quando virão os momentos mais importantes de nossas vidas, pense nisso.


"Pensei que era liberdade
Mas, na verdade, eram as grades da prisão
O preço que se paga às vezes é alto demais
É alta madrugada, já é tarde demais
Mais uma luz se apaga no prédio em frente ao meu
É a última janela iluminada"

   Bem, deixo aqui outros trechos da música, que eu realmente posso, nesta ocasião, associar à internet. Noite, madrugada, todos vão dormir, menos você, sem saber o que procura, mesmo que seja totalmente contra a perda de tempo.


"Nada de anormal...Amanhã ela vai voltar
Enquanto isso eu pago meus pecados
Por ter acreditado que só se vive uma vez (2x)
Pensei que era liberdade
Mas, na verdade, me enganei outra vez
Eu pago meus pecados
Por ter acreditado que só se vive uma vez (3x)
Pensei que era liberdade
Mas, na verdade, era só solidão"

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