Na Avenida Lisir Eva...

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As ruas do distrito

   Frio de rigoroso inverno. Um coral de crianças na casa do lago, acho que a canção era em italiano. Mas bem diferente da “Tarantella” que tocava em versão completa quando tomei a carona rumo ao trabalho pela manhã.
   Meu trabalho lá é criar, solucionar, imaginar, ajudar, não tomemos tempo discutindo as melhores palavras para este parágrafo, deixemos esta discussão para depois. Vamos à noite.
   Noite. Folhas caídas e espalhadas, deixamos o campus para o distrito. O que fiz no que restou da tarde foi pensar. Janto e, na saída, recordo que haverá apresentação na casa do lago. Uma casa, de tijolos, próxima a um lago, deixo a você imaginá-la.
   Foi a primeira vez que me encontro com um palco desde que um grande filósofo esteve na feira do livro em minha cidade natal. Todavia, lá me encontrei foi com o theatro, com ideias, com amigos... Foi hoje a primeira vez que me reencontro com um palco desde que os palcos deixaram de ser parte de minha vida.
   A peça era sobre amor, entre um escritor que amou até o limite da loucura e uma louca – ou psico alguma coisa, saberia definir alguém da área.
   Poucas pessoas na plateia, talvez fosse o frio, a cultura do país, o deserto... Desertas, as ruas vazias do distrito. A menos pelos carros com luzes a piscar em silêncio, como um exército a verificar o cumprimento de um toque de recolher.
   Minha mãe me fala ao telefone, elas sempre sabem onde estamos. Ela diz para evitar passar pelas mesmas ruas nos mesmos horários, o distrito é violento. Mas para onde foi o “vem pra rua”, lema nacional deste ano se nas ruas de suas casas não se arriscam a andar e sentir o raro inverno?
   E naquela esquina em especial, recordo de uma das poucas músicas que realmente sei cantar inteira. Daqueles versos “E ajeitava o meu caminho pra encostar no teu”. As outras fico a assobiar enquanto minhas mãos tocam instrumentos invisíveis, geralmente de sopro ou teclas.
   E foi assim, ao escolher um trajeto novo, quis o destino que eu encontrasse uma outra casa, entre a dela e a minha república, que me será muito importante em um futuro próximo.

Sobre muitas coisas da vida. Vida, dias perfeitos.



Começo a contar esta história em uma tarde de dia útil, foi uma terça ou quarta-feira há algumas semanas, quando caminhava em direção ao bloco de aulas da Engenharia de Produção e ali pela praça no centro da universidade, em um estande fixo de madeira, crianças vendiam porta canetas e clipes e panos de prato, se bem me lembro.
As vendas são destinadas à manutenção de um projeto social do qual essas crianças participam aqui mesmo na universidade, não muito longe de onde me encontro esta noite a escrever este relato. Comprei então um porta canetas e o deixei guardado, ainda fechado, dentro de meu guarda-roupa, em uma folha de plástico transparente decorado.
Então se seguiram os dias, trabalhos escolares, provas, pesquisas para o TCC, iniciação científica e, em especial, destaco nossa apresentação pelo nosso grupo de teatro, cujos ensaios ocorrem no salão cultural do nosso centro acadêmico – embora o grupo não se restrinja a estudantes desta instituição.
Em um dos encontros no semestre passado, falávamos por algum motivo sobre dança e uma garota disse ter vontade de dançar. Então, comentei que ali no centro acadêmico havia cursos de danças, mas eu não participava por não ter um par. Ela lançou o convite e concordei; porém isso foi deixado para depois das férias, que se aproximavam após as corridas semanas de provas de final de semestre.
As aulas voltaram em agosto, neste mês fui com um amigo a uma festa junina aqui na arquitetura e encontramos com o pessoal do teatro, donde formamos dois casais para as aulas de dança de salão. Foi que minha parceira teve de faltar – após um pedido de desculpas – e meu amigo desistiu do curso, pois era no horário de almoço. Deste modo, aconteceu de eu trocar definitivamente de par para a aula de dança.
Dança é uma bela arte, mais belas são as danças circulares e as de casais, como valsa, bolero, ou mesmo forró, samba de gafieira e salsa, mais comuns na cidade. Bela não para ser o único homem a saber dançar e aproveitar de todas as meninas, mas pela arte do encanto, do encantar, pelo prazer em acertar, em entender um mundo diferente do que estamos acostumados.
Dancei uma tarde, no ano passado, assim, de repente; durante um intervalo dos ensaios, alguém colocou My Girl de The Temptations – aquela música do filme “meu primeiro amor” – Foi com a mesma garota que quase se tornou minha parceira de danças aulas. A mesma que, no final do ano passado, em seu aniversário, fui escrever alguma mensagem em seu facebook e me dei conta de como ela possuía a rara combinação de beleza, inteligência, ser divertida, humilde e cativante – curioso que no último final de semana assistia a um filme em que esta era mais ou menos a frase que o protagonista dizia a sua esposa, só agora me dei conta disso.
Com essa mesma garota, passei algumas noites, dias inteiros, mesmo madrugadas a ensaiarmos para a apresentação ocorrida em setembro, há umas duas semanas e meia. Estava quase todo o grupo, mas como a peça era formada de muitas cenas individuais, fiquei a ensaiar com ela nas salas ao lado.
E ela dançava, livre, opunha-se aos demais personagens da peça, pessoas que não se tocavam, que ficavam imersas, mergulhadas em um sistema de egoísmo e consumismo, o qual a peça criticava. Ela dançava, bela, com suas roupas finas e leves.
Em um ensaio, um spot de luz acendeu antecipadamente sobre nós, ficamos – eu, pelo menos – imóveis, como quem é pego no flagra fazendo alguma coisa que não poderia ser vista.
Esse é parte do contexto da história que venho contar, uma parte bem pequena, muito resumida, sem citar o coração de papel que a entreguei na madrugada,  as conversas que tivemos em seu carro na volta dos ensaios – mesmo que eu morasse a poucos metros dali, no alojamento da universidade – do que falamos e nos conhecemos... Do que gostamos falarei um pouco e então prossigo a contar.
Gosto de filmes, de histórias de filmes, de cenários de filmes, de quando as coisas em nossa vida acontecem como nos filmes; como aqui na universidade, quando chovem flores e estamos a caminhar, quando faz frio e usamos casacos, quando vencemos, quando vemos o trem, quando viajamos e olhamos o horizonte pelo caminho. Ela gosta da lua, de ver a lua em sua pequena cidade do interior, onde as nuvens não refletem as luzes de uma grande cidade, deixando o céu escuro, misterioso e encantador.
Apresentamos então a peça, fomos muito parabenizados, embora eu estivesse pessimista devido ao pouco tempo de ensaios e de, particularmente, estar cheio de afazeres na graduação e meu personagem não ser tão engraçado como o do ano anterior.
Atendi seu telefone quando sua mãe ligou, sentia-me mais próximo e apaixonado. Gostaria de dizer, de beijá-la, tive a paciência correta.
De lá fui fazer minhas malas e os encontrei – o grupo – mais tarde na lanchonete. Partiria pela madrugada em direção à capital, para minha primeira dinâmica de grupo em processo seletivo de estágio. Então esperaria acordado, porém ainda era cedo quando deixaram a lanchonete, exceto ela, eu e seus amigos. E, então, foram também, fiz questão de que não precisariam me esperar.
Fui à capital, sozinho, mas um amigo me encontraria para levar-me da estação ao prédio. Metrô, bairros nobres, prédios, roupa social, café, vitamina, dinâmica de grupo, metrô, foto no MASP, depois lanche e outra vitamina, metrô, casa.
No domingo ela me escreveu, em meu mural no facebook, uma apresentação, como seria minha apresentação em uma empresa, um enorme parágrafo de elogios. Não soube como responder, disse que o faria pessoalmente e, após outro ensaio em uma noite, conversamos por certo tempo, poderíamos ter nos despedido com um beijo, não tomei a iniciativa.
No outro dia, mais uma vez partira eu rumo à capital, outra dinâmica, em bairro próximo ao de sete dias antes. Camisa emprestada, deixara as minhas em casa e o convite fora de repente. Desta vez fui com um amigo que também participara da dinâmica, aliás, muito mais organizada, onde tivemos muito mais liberdade e muito podemos aprender. Café, foto, almoço no shopping, trem, metrôs – em um deles, a campainha soou enquanto meu amigo estava na porta, puxei-o um instante antes da porta fechar. Mais um dia na capital com histórias a se contar.
Retorno, fim de semana em casa, visita à empresa de meu pai no dia da família, que começara com uma palestra sobre conhecer uns aos outros, auto-estima ou... bem, o dia começara antes, era dia de eleição, decepção com os rumos políticos de uma cidade que, embora grande e supostamente desenvolvida, está marcada desde sempre pelo coronelismo. Uma revolta que me desviava a atenção quando tentava fazer outras coisas, mesmo estudar na segunda-feira na faculdade.
Já à noite recebo novo convite, agora uma entrevista de emprego. Estava certo que na terça iria a uma dinâmica em Jundiaí, porém este novo convite me faria retornar à minha cidade, em um hotel próximo à prefeitura. Sempre gostei de andar pelo centro, principalmente quando chega o natal ou quando fica aquele clima londrino, nublado. Desta vez, seria um prazer diferente, passear pelo centro em roupas sociais, desfilar posso dizer. Nessa terça-feira, ontem, havia na praça central um ônibus do Menina Fantástica e uma fila de garotas que sonham no futuro serem modelos.
Primeiro tomei um sorvete com meu amigo e contei a ele sobre o que acontecera na noite anterior. Ele ficou feliz, disse que sentia até mais feliz do que se tivesse sido com ele. Interessante dizer isso, pois o dia prometia um paradoxo. Eu e meu amigo, em nossa cidade, disputando a uma única vaga de emprego, eu, meu amigo e umas cinco pessoas com currículos inferiores. Meu amigo, dono da maior nota do curso e de um dos melhores, talvez o melhor, currículo de nossa engenharia entre as pessoas com quem convivo. Meu amigo, que namora uma garota que eu apresentei e que um dia eu mesmo pensei em namorar. E ele ficou feliz pelo que contei sobre a noite anterior, eu ensinei onde ficava a sorveteria, meu amigo.
Da sorveteria voltei ao centro, entrei na catedral, agradeci, olhando para a imagem no vitral, como costumo fazer quando entro lá. Observei a beleza da catedral e as palavras em latim, imaginando o que poderiam significar. De lá fui ao antigo hotel, hoje centro cultural, com exposições e, nesta semana, oficinas de instrumentos musicais. A flauta, a flauta era a que mais me chamava a atenção. Assim, digo agora o que então ocorrera na noite de segunda-feira.
Estava diante um paradoxo, participar de uma dinâmica em uma multinacional em Jundiaí ou retornar a Ribeirão e disputar uma vaga única com o cara com a melhor nota da sala, várias iniciações científicas e vários títulos e prêmios acadêmicos? Ribeirão, a mesma Ribeirão pela qual sou apaixonado, mas que teimava em eleger os mesmos políticos a décadas, a mesma Ribeirão que me expulsara de seu grupo no facebook nessa mesma segunda-feira, feito ditadura, após eu demonstrar sutilmente minha insatisfação com o resultado das eleições.
Não tenho aulas às quintas; sexta é feriado, dia das crianças e de N.Sra Aparecida (interessante, agora lembro que na terça eu explicava para minha mãe como se abreviava N.Sra, após ter pesquisado na internet; porém ainda não salvei no computador de casa umas fotos que ela me pediu, apenas aqui no note e no pendrive). Assim, parecia não haver prejuízo se eu voltasse para casa e por lá ficasse durante toda a semana. A questão era, ia na segunda mesmo ou esperava pela manhã de terça-feira. Mais uma vez, tive a paciência correta.
Estaria a garota a fim de mim? De mim? Logo de mim que nunca tive namorada? Quem nunca havia beijado além de três beijos de despedida há três anos, porém totalmente mal feitos, pois errei ao seguir o conselho de um amigo sobre como se beijaria. Mas realmente a fim de mim? Curioso é o destino. A palestra na empresa no domingo havia sido de auto-estima, contive-me em minha educação, em meu interesse pelo lugar e em meu estranhamento sobre o tema, esperava uma apresentação da empresa, não questões morais. Porém é como aprendemos no teatro, alguém apresenta algo, não criticamos, não julgamos, aceitamos a ocasião, aceitamos a coragem em apresentar, aceitamos a dedicação.
Se eu voltasse para casa, seria por uma semana, muito tempo para um engenheiro que vive seus anos de graduação resolvendo grandes problemas todo tempo, velozmente, pois dezenas, centenas de outras questões aparecem todo momento.
Fui então até uma das bibliotecas da universidade, onde passei uma manhã a tirar dúvidas de física para a prova de mestrado da garota. Raramente frequento a biblioteca da física; utilizo a da engenharia, por ser do curso e, às vezes a da química, por ser mais perto. Resolvi ir até lá, queria a encontrar e a encontrei, estudando.
Disse que fui fazer uma visita, discutimos alguma coisa de física, ela me disse que esperava por um rapaz, um doutorando em física, que lhe daria aulas particulares do tema. Foi a segunda vez que senti ciúmes; mas logo ela disse que era pago e entendi que o professor estaria lá para dar aulas. Ciúmes mesmo foi em outro instante, ao final da peça naquela outra noite, ela me disse parabéns, eu respondi com um abraço, não tão forte como de um homem que aparecera depois, mais alto, mais velho, mais forte; mais íntimo, pensei. A felicidade me veio quando comentou no encontro da semana passada, no qual discutíamos sobre as impressões causadas pela peça, que o namorado de uma amiga lhe viera retribuir o abraço – que a personagem dela dava no público. O namorado de uma amiga, então entendi.
A aula seria das 19h às 21h. Anotei seu telefone, enviei uma mensagem às 19h25min, uma mensagem bem curta, citando um lugar e um horário, 21h30min, comer açaí – o açaí foi ideia de outro amigo, um dos dois com quem me reunia na biblioteca da engenharia para fazermos um trabalho que deveria ser entregue na manhã seguinte, terça-feira. Ele é um amigo sábio, já devo ter escrito algumas vezes sobre ele, sobre eles, aqui no blog.
Fui tomar banho, enviaria o trabalho por e-mail e entregariam para mim. Ela respondeu às 21h08min, depois deu ter atendido rapidamente ao telefone quando um amigo – o mesmo que me foi comigo a São Paulo – dissera ter sido chamado a uma dinâmica – na mesma Jundiaí que deixei de ir na terça-feira, ontem.
21h08min: NOME, vc foi pro top a¿ai??
21h09min: Não ainda, mas me dirijo à rodoviária ali perto.
21h10min: Vc partir¿ q hras??!
21h11min: Amanhã só. Está com fome?
Eu ainda estava na faculdade, virei, passei pela praça, voltei à biblioteca. Ela se encontrava em outro lugar, em uma sala de vidro, passei atrás dela e a vi com o celular. Digitou alguma coisa, estava respondendo a mim.  Porém a vi aquando apagou a mensagem e começou a reescrever. Estaria em dúvida? As mulheres perfeitas também seriam meninas quando sozinhas? Também não sabem o que dizer?
Saí para que não me visse, esperei com o celular na mão do outro lado da parede – que não é de alvenaria, mas aquela repartição. Ela demorou para responder, ou estariam os segundos durando horas? Decidi entrar na sala, ela estava com fome, quis terminar de ler uns tópicos antes de ir; enquanto eu li a prova de um ano anterior.
Fomos ao açaí, pedi um sabor diferente para que ela pudesse experimentar, conversamos sobre muitos assuntos, saímos pouco antes do estabelecimento fechar. Voltamos a seu carro e ela me deixou na porta do alojamento da universidade, enquanto o rádio sugeria músicas românticas e outras músicas também.
Não me recordo de quem se referiu primeiro à lua, ela, ela quis ver a lua e eu disse ter descoberto um lugar em que desse para vê-la como no sítio, o campus da universidade vizinha, onde ela estuda. Era madrugada, mas fomos para lá. E então sentamos na grama – na segunda tentativa, depois do formigueiro da primeira – próximos a uma mata e a um prédio didático.  A lua não estava lá – ela disse que há alguns dias não a encontrava – mas havia estrelas, a grama, ela e eu. Conversamos ainda sobre muitas coisas e, após um pequeno silêncio, eu perguntei: “sabe do que tenho medo?”. Tinha medo de me declarar e então não podermos mais sentar na grama em uma madrugada, sem recordar uma recusa e viver em um clima túrbido. Disse que tinha medo de dizer que estava a fim dela.
Ela iniciou sua resposta, sua primeira palavra me trouxe à mente o início daquele modo educado de se dizer não, de dizer que somos apenas amigos. Acho que sua segunda palavra também; porém ela me surpreendeu, disse também estar a fim de mim.
E agora? Então nos beijamos, ela me ensinou a beijar, e deitou-se em meu ombro, ficamos por horas pela madrugada. Tinha meu trabalho a entregar, e ela sua prova, mas nada mais importava, nada que não fosse no plural, no nós.
                Outros minutos, hora – não sei ao certo, para mim pareceram dias – passou-se entre os bancos da frente de seu carro quando me deixara no alojamento e nos beijávamos.
                Passou-se a terça-feira. Amigo, lembranças, entrevista, hotel, catedral, centro cultural, casa, família...  Não a liguei no dia seguinte, porém deixei uma mensagem subliminar no recado que enviei ao grupo de teatro, avisando que me ausentaria esta semana – em resposta ao e-mail dela, que não frequentaria esta semana, pois a prova do mestrado se aproximava. À noite decidi aprender a tocar a flauta que minha avó me dera, há um ótimo professor no youtube. Também decidi retornar a São Carlos e para cá vim hoje pela manhã. Ela toca flauta.
                Hoje tive apenas uma aula, o professor faltara da segunda. Ou devo dizer ter tido duas, caso conte a aula de dança. Procurei por ela na biblioteca três vezes ao longo do dia. Na primeira ocasião, levava uma trufa de morango, que ficara em meu bolso até após o almoço, quando eu já constatara que havia derretido. A parte engraçada é ter guardado o celular no mesmo bolso.
                Na segunda tentativa eu ficaria a estudar por lá, porém meu touchpad decidiu não funcionar e retornei à biblioteca da engenharia. Na terceira tentativa, encontrei seu carro e agi rapidamente, num plano de repente, talvez genial, talvez não.
                Voltei à engenharia, liguei o computador, encaminhei para meu e-mail a partitura de uma música romântica que conheço, cuja banda por ela foi curtida no facebook. Fui ao xérox em uma das saídas do campus, imprimi, retirei o título e voltei para o alojamento.
                Lá, ainda em dúvida se eu deveria fazer o que planejava, procurei por uma fita adesiva – a essa hora a papelaria já deveria estar fechada – e, então, dentro de meu guarda-roupas, avistei aquele porta canetas e porta clipes que havia comprado e ainda não aberto, era embalado por uma folha plástica decorada e amarrada por uma fita de cetim, já com as pontas enroladas, em uma cor próxima ao rosa e ao bege.
                Enrolei as folhas da partitura no cetim e, para não ser visto com elas no campus e não amassá-las, guardei onde guardo a flauta que minha avó me dera. Atravessei o campus, temia não encontrar seu carro após ver algumas vagas livres. Então avistei, retirei as duas folhas da bainha da flauta, com certa dificuldade, pois o papel ficara preso por alguns instantes. Amarrei o cetim no limpador de parabrisas com as folhas enroladas e agora me encontro a contar essa história para jamais esquecer esses dias em que, como disse meu amigo na sorveteria, as coisas parecem ir tomando seu rumo e darem certo, complemento dizendo que são dias em que estou em diversos cenários, com diversas histórias, como  nos filmes, como enxergo a vida, que acontece como eu desejo.
                Abrir mão de uma vaga de emprego torna-se mais prazeroso que a conquistar, é sinal de maturidade, além disso, há uma chuva de oportunidades. Passear em São Paulo, entrar na Catedral – há um bom tempo não vou a uma missa – maravilhar-me com o centro cultural, as ruas do centro, as ruas do bairro, dirigir pela cidade, aulas, pesquisas, provas, apresentação teatral, dança, contar boas notícias, comer açaí, compartilhar açaí, olhar para o céu noturno sentados na grama, beijos no carro, braços, pescoço, rosto, boca, tocar pessoas, amar, fazer alguém feliz...



    Programo o blog para publicar este texto daqui há alguns dias, vou esperar o que vai acontecer antes de contar a notícia...



     Bem, hoje é 30 de novembro, volto ao texto, não o reli ainda, mas vim publicá-lo no blog...





























O maior paradoxo


Aqui, paradoxo parece não ser a palavra correta, pois, segundo a wikipédia, paradoxo “é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica”. No caso, quero apenas destacar a presença, existência e consequência de termos opostos, não os julgar em relação a serem ou deixarem de serem verdadeiros.
Por que as pessoas vão embora? Amamos as pessoas que passam por nossas vidas, porém a vida segue e deixamos de vê-las, ou, às vezes, elas nos deixam e partem para outros lugares, para outros mundos, para outras vidas. Conhecemos novas pessoas, quem também passamos a amar e de quem também um dia nos despedimos.
Amor deixa saudades e saudades nos faz sofrer, mais que rejeição, derrota, decepção, raiva ou qualquer outro sentimento infeliz que parece estar muitas vezes próximos a ele.  Amar, porém, nos faz feliz e amar é o que todos buscamos. Feliz também me vejo quando reencontro a subjetividade em oposição ou mesmo concomitante à racionalidade.
Amar é o verbo que Jesus – homem, médium, profeta ou como acreditarem – viera ressaltar como o mais importante; é o verbo que os maiores homens manifestam, é o verbo mais desejado e o verbo associado a infinitos complementos, paralelos e consequências. Apesar ou portanto, ame.

O Preço

   Observe trechos letra da música O Preço - Engenheiros do Hawaii (link). Não sei por que ou para quem foi feita, mas enquanto ouvia seu álbum e pensava sobre um tema, ela pareceu se associar muito bem.


"O preço que se paga às vezes é alto demais
É alta madrugada, já é tarde demais
Pra pedir perdão...Pra fingir que não foi mal"

   Não sei qual o preço, mas sei que poderá ocorrer e poderá se chamar derrota. Note, possivelmente você lê este texto em uma madrugada e por quê? Porque ainda não entende o que lhe falta para tornar seu dia especial e procura isso na internet, sem encontrar, porém insiste, pois é onde conhece um universo gigantesco de opções.

   Para pedir perdão. Talvez você esteja a navegar por aqui ou pela vida sem conseguir remar direito pela falta de um perdão. E assim fica perdido pela madrugada.



"Uma luz se apaga no prédio em frente ao meu
"sempre em frente" foi o conselho que ela me deu
Sem me avisar que iria ficar pra trás
E agora eu pago meus pecados
Por ter acreditado que só se vive uma vez (2x)"


   Então você deixou algo para trás e sente remorso e saudades, ou talvez você tenha perdido uma oportunidade, como uma luz que se apaga. Então não consegue seguir em frente e se machuca. Nem sempre sabemos quando virão os momentos mais importantes de nossas vidas, pense nisso.


"Pensei que era liberdade
Mas, na verdade, eram as grades da prisão
O preço que se paga às vezes é alto demais
É alta madrugada, já é tarde demais
Mais uma luz se apaga no prédio em frente ao meu
É a última janela iluminada"

   Bem, deixo aqui outros trechos da música, que eu realmente posso, nesta ocasião, associar à internet. Noite, madrugada, todos vão dormir, menos você, sem saber o que procura, mesmo que seja totalmente contra a perda de tempo.


"Nada de anormal...Amanhã ela vai voltar
Enquanto isso eu pago meus pecados
Por ter acreditado que só se vive uma vez (2x)
Pensei que era liberdade
Mas, na verdade, me enganei outra vez
Eu pago meus pecados
Por ter acreditado que só se vive uma vez (3x)
Pensei que era liberdade
Mas, na verdade, era só solidão"

Sentir o calor de um coração


No pesadelo monstros nos seguiam e fugíamos, toda a população, em busca de um lugar seguro, um cômodo sem portas ou janelas que nos pudesse proteger do perigo lá fora, mas os monstros adentravam vários locais e não podíamos lutar. Meu amigo, onde ele se perdeu que ainda não nos encontrou? E aquele homem na varanda, por que não vem conosco em busca de muralhas mais resistentes que seu toldo de lona?
Lembro-me daquele mesmo cenário de vários sonhos, aquele vestiário enorme e ermo em meio ao bosque, campo de golf, de festas ou clube de acampamento e aquela casa cheia de passagens secretas pelo sótão, cenários desde a infância ou cenários de outras vidas.
                Havia um abrigo através do instituto de física e lá a maioria tentava chegar, seria suficiente?
                Agora venta, já deve começar a chuva, ouço barulho na rua, tocam aquelas pedras penduradas nas vigas, cujo nome não recordo. Começa a chover, é o cheiro da chuva, mas o som do encanamento da caixa d’água. Finalmente um veículo na rua, uma moto cujo som se prolonga por vários metros. O portão se agita com o vento, as pedras continuam a cantar.
                Domingo de páscoa, fui surpreendido pela sensação de amor familiar, visitas, bastante comida, boa comida, sobremesas, jogo na TV, filmes, seriado... Filme à tarde, com Jackie Chan, filme à noite, Agentes do Destino, um pouco de Matrix com Cidade dos Anjos e aquela sensação de fuga, quase como no sonho. Também ouvi música, Bon Jovi e Evanescence, pesquisei sobre relógios e outros mecanismos e tentei nas redes sociais preencher um vazio que não conseguia explicar.
Anteontem, ouvia antigos cantores de rádio por talvez hora antes de dormir. Ontem, duas obras que ensinam o que é ser engenheiro, um texto de um aluno que desistiu no penúltimo ano depois de uma adolescência nerd e decepções em vários aspectos na principal universidade do continente. A outra obra, ou o outro ensinamento, vem de um garoto, no filme A Invenção de Hugo Cabret. Fantasia, aventura, magia, preciso disso para me sentir feliz.
Um tempo de indecisão, de olhar que se já se tem história no passado, mas sentir medo de como ela será no futuro, medo dos custos das conquistas. Procuro por cômodos que nos defendam dos monstros que nem ao certo conhecemos o rosto, mas sabemos que a outros já aterrorizaram.
Um calor, um abraço, apaixonar-se, estar com alguém que nos aqueça e a quem possamos aquecer. Na minha família somos fortes, meu quarto me protege do vento lá fora, a união nos defende dos monstros. Assim não se troca uma vida de êxitos individuais em terras distantes, pela felicidade de casa.
Outrossim busco me apaixonar por ela. Ela quem? O grande amor da infância? Aquela cujos ideais e tarefas se assemelham com os meus? A garota de gostos extremos, frescos e ideais contrários? Aquela que eu possa abraçar e sentir o calor de seu coração.
                Abraçar para deixar de sentir medo, para sentir serenidade. Às vezes (muitas, muitas mesmo) estamos preocupados com estudo, trabalhos, deveres enfim, sentimos um vazio, uma vontade de um mundo diferente e, em um domingo de páscoa, descobrimos que este mundo que parece distante é, na verdade, um mundo que deixamos, assistir a filmes em uma tarde, seu time ganhar, sentir o cheiro da chuva sobre o edredom, observar o mecanismo de um relógio, abraçar alguém que ama...
    Posto o texto no blog, sabe, se deletar não tem efeito, então volte.


A canção que todo nerd deveria ouvir


                Ribeirão Preto, interior de SP. Um ribeirão divide as zonas oeste e sul, divide a cidade entre ricos e pobres e a nascente deste rio se confunde com a nascente desta divisão: feudos, condomínios fechados, ilhas, grupos que decidem pelo mundo, desigualdade social.
                No entanto a desigualdade cultural não tem suas fronteiras tão claras e jovens de todas as regiões tentam vencer na vida. A vitória está associada a bons currículos, que, por sua vez, estão associados a boas experiências: cruzar o rio, conhecer a margem dos detentores do poder. E em uma reflexão sobre valer ou não a pena estudar no exterior e trabalhar pelo mundo no que o mundo espera (mesmo que este dinheiro seja destinado a projetos sociais), componho uma nova letra à canção Everybody’s Changing da banda Keane.
                Afinal de contas, o currículo nos pode trazer admiração, mas não nos traz amor. E a vida como lhe ditam na outra margem nem sempre é a mesma que lhe fará feliz.


Música: to cross the stream (atravessar o ribeirão) 
(alterada com base em Keane - Everybody’s Changing)
 
You live trying to cross the stream (Você vive tentando cruzar o ribeirão)
But when I ask you about, (mas quando eu te pergunto,)
you don’t know to explain (você não sabe explicar)

You progress, you go on (você proguide, você avança)
And I can see the will in your eyes (e eu posso ver a vontade em seus olhos)
Says, it's the world's wish (diz: este é o desejo do mundo)
though I don't know why (embora eu não saiba o porquê) 

A whole life of dedication to some aim (uma vida inteira de dedicação a algum objetivo)
Life makes no sense when the aim doesn’t have the same aim (a vida não faz sentido quando o objetivo não tem o mesmo objetivo)
Try to stay awake and remember your hand (tente ficar acordado e relembre sua origem)
‘cause life is a mystery that you have to control (porque a vida é uma incógnita que você deve controlar) 

If you go from here (se você partir daqui) 
Maybe you will be disaffect (talvez você estará desafeiçoado) 
Unlearning that love is what counts (desaprendendo que amor é o que conta) 
So why don’t you understand (então por que você não entende) And make your own life? (e construa sua própria vida?) 

Now is the time of understand about life (agora é o tempo de entender sobre a vida)
She’s not that story of playing a game (ela não é aquela história de jogar um jogo)
Try to stay awake and remember your hand (tente ficar acordado e relembre sua origem)
Let it makes you happy and please do her the same (deixe a vida fazer você feliz e por favor faça o mesmo a ela) 

Now is the time of understand about life (agora é o tempo de entender sobre a vida)
She’s not that story of playing a game (ela não é aquela história de jogar um jogo)
Try to stay awake and remember your hand (tente ficar acordado e relembre sua origem)
Let it makes you happy and please do her the same (deixe a vida fazer você feliz e por favor faça o mesmo a ela)


Talvez eu pudesse ganhar o mundo, ser bilhonário longe daqui, mas este não seria eu.

Letra original:
You say you wander your own land
But when I think about it
I don't see how you can
You're aching, you're breaking
And I can see the pain in your eyes
Says, everybody's changing
And I don't know why
(Chorus)
So little time, try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing and I don't feel the same
You're gone from here
Soon you will disappear
Fading into beautiful light
'Cause everybody's changing
And I don't feel right
(Chorus Twice)
So little time, try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing and I don't feel the same

Como funciona a mídia


Graças a Deus existem exceções como o áudio abaixo. Mídia deveria ser reflexão, não corrupção e disputa de ibope.

Quanto mais, mais. Quanto menos, menos.

   Tome um aluno dedicado ou o Vettel da fórmula 1, é, senão mais fácil, mais motivador vencer quando já se está vencendo.
    É assim para muitas coisas. Quanto mais ações, maior o retorno; quanto mais se vence, maior é a vontade de vencer e, por incrível que pareça, quanto mais se dorme, mais se tem sono. Funciona assim, é quase uma lei natural.
   Então, o que move o mundo: críticas destrutivas ou parabéns?
   Passo a perdoar, é fácil quando se entende que mesmo o que parece ser mau é consequência de falta de oportunidade, oposto à corrupção, mau por excesso.  Como disse Khaled Rossini, o único pecado é roubar.
   Então passo a compreender que trabalhos podem ser difíceis mesmo aos especialistas. O que é compreensível pode ser perdoável.
    Vou parabenizar a prefeitura (por que não?), embora muitas vezes tenham feito o que se declara como o mínimo, o óbvio também é fruto de trabalho. E, veja só, teremos um feirão de empregos, uma Via Norte revitalizada, um shopping na antiga fábrica no centro da cidade... Às vezes penso que daria um bom urbanista.
    Quanto mais te criticam, mais você perde o controle?


   Um detalhe em particular sobre essa obra, por que quando algo é financiado por particulares (no caso, o Ribeirão Shopping), é tão mais rápido?

Foto: MateusZF

O Mal da USP

   Gostaria que se sentisse bem em minha companhia; gostaria também e, para isso, resgatar a inocência dos tempos em que acreditava e sentia amor, puro, no sentido de incorrupto pelos prazeres da carne.
Quando você parou para catar coquinho na descida pela última vez?
Ou quando você deixou a preocupação de lado 
para estudar o que são esses tais coquinhos?
   Sabe aquele vilão do filme, ou aquele mocinho do filme que parece estar certo? É alguém ocupado, que seja por se importar com seu país, mas falta aos jogos de seu filho de sete anos. Já imaginou que você pode estar tomando esse caminho?
   Ou você pode estar trabalhando em casa, na cidade natal e inconscientemente você procura por outros afazeres, outras "desculpas" para fugir da "obrigação" e aceita qualquer "estupidez" do tipo pintar a parede do quarto, sair para caminhar, ir ao cinema... Coisas que você quer, você busca, você precisa  fazer, atividades normais e atividades prazerozas, ainda que pequenas, trabalhosas, mas que criarão dias que serão guardados na memória (e não só em sua memória). Preciso mesmo dizer quais são?

   Ora, olhe para este ano (ano que já apresenta enfeites de natal em suas lojas), quais momentos ficarão guardados? Os rotineiros (trabalho, estudo, correria por falta de tempo) ou os específicos? Pedidos aceitos, assistir ao jogo em um bar em uma noite de quarta-feira independentemente de prova no outro dia, reformar a casa com o próprio braço e o braço de seus amigos, tocar violão sozinho e, tocar a madrugada toda para que alguém não vá embora. Dizer, que o mundo ande por suas pernas, que não será todo meu tempo dedicado a ele?
Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes
O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Renato Russo

  E quando, porém, você reconhece tudo isso, mas ainda assim não pode "perder" segundos? Há alguns dias não vou à faculdade, segunda-feira disseram-me que encararei a 'realidade' novamente. Mas qual é essa realidade Uspiana?
  Um estudante, tomemos um estudante de baixa renda, presta vestibular, entra na USP. Irá para uma cidade grande, São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos? Irá viver pela primeira vez longe de casa. Eu disse viver? Voltemos aos filmes, sua vida como um filme, em qual cena a USP estaria? Temos duas sugestões:
   1.  Um atleta tem uma infância feliz, muitas coisas acontecem em sua asdolecência e então começa a treinar para as olimpíadas. Treino, muito treino. Espera-se, portanto, bons resultados no futuro. Mas, não seria a faculdade USP a cena em que toca uma música no fundo e o "atleta" apenas treina todo esse tempo? Sabe-se bem por cima o que está acontecendo, sem profundidade, sem as etapas de sua vida, sem marcos propriamente dito. Essa é a USP para os que nela estudam com seriedade.
O que você faz/fará enquanto está/estiver na cidade grande?
   2. O homem conhece um mundo novo em outra cidade. A trabalho, a estudo... Lá muitas coisas acontecem, é um dos clímax da história, novos amigos, novas aventuras... O tempo é o que menos importa. Como seria a faculdade? Um tanto de aulas, sair com os amigos, frequentar as áreas de esporte, viver emoções... Esta é a USP para os que ainda não entraram, para alguns que acham que entraram ou para os que estudam com seriedade e chegaram a outras conclusões.

  Em ambos os casos, há uma garota - e você pode ser apaixonado/a pela pessoa mais diferente de você - Talvez alguém que te espere, talvez alguém que não seja como você pensa, até se drogue, se prostitua nesse tempo em que não se veem. E se você souber disso, pois na USP, e em muitos lugares, mesmo sem querer, você deixa de ser inocente; você deixa de enxergar golfinhos naquela ilusão de ótica, você pode deixar de acreditar em amor puro.
Hein, que golfinho?

   Então o mal da USP, você parece cercado o tempo todo por obrigações, segundos sem estudar custam semestres de reprovas; quando o tempo passa, você se pergunta, ora, mas o que eu fiz além de estudar? E o que eu lembro do que estudei? Mas você não pode parar para "viver", pois o futuro seu, de sua família e de seus sonhos depende disso. Por que mulheres parecem objetos? Por que pareço insensível em algumas ocasiões? E você pode distinguir seus amigos de seus "compartilhadores temporários dos mesmos ideais".
  Não, caro amigo, você é bom. Você fica de quatro a seis (ou mais) anos dentro da faculdade, cercado de profissionais tão bons quanto você e consegue resumir seus semestres (que às vezes chama de ano) em poucas palavras, enquanto na cidade natal é bem visto, como alguém que está no caminho certo (ou deveria estar), que é inteligente, que conseguiu muitas coisas. Mas, para você, parece que esse sucesso foi há muito tempo e hoje nem pensa direito em quem é. Às vezes, tu podes ser mais quem seus próximos consideram  do que aquilo que achas que és, no sentido de estar, no momento.
   Ah sim, o Mal da USP é o título da postagem, então façamos juz ao nome e deixemos de pieguisse. Como tem babacas na maior universidade do país!


Imagens: Coquinho http://br.olhares.com/coquinho_foto380851.html; o que fazer na capital http://www.diggstars.com/11-7-13012/pictures/102709/4949-ForrestGump03.html; golfinhos

Hallowmas

"(...)Rae, este é o último dia especial de comemoração a cada ano que estarei com você, tendo aprendido o que aprendi com os nossos amigos, os pássaros.
Não posso ir ao seu encontro porque já estou com você.
Você não é pequena porque já é crescida, brincando entre suas vidas como todos fazemos, pelo prazer de viver.
Você não tem aniversário porque sempre viveu; nunca nasceu, jamais haverá de morrer.
Não é filha das pessoas a quem chama de mãe e pai, mas companheira de aventuras delas na jornada maravilhosa para compreender as coisas que são.
Cada presente de um amigo é um desejo por sua felicidade. É o caso deste anel.
Voe livre e feliz além de aniversários e através do sempre.
Haveremos de nos encontrar outra vez, sempre que desejamos, no meio da única comemoração que não pode jamais terminar."

Richard Bach


   Há algum tempo não posto e te enganas se pensaras ser por falta de história, porém, por falta de palavras. Alguns acontecimentos se passaram, como meu vigésimo aniversário e amanhã será o primeiro dois de novembro em que seu feriado me faz sentido.

Derrota

Como a grande maioria dos textos do blog, vou escrevendo o que 'der na teia'. Por isso, não espere grandes textos, grandes ensinamentos (espero que possa ajudá-lo) e me perdooem caso você tenha 'gastado' tempo por aqui.

 =*=*=*=*=*=*=*=*=*=*=
   Então nada parece dar certo, por que se sentes em decadência? Você era visto como especial e realmente era o número 1 no que fazia. Então começou a conhecer o mundo e caminhou junto aos iguais, mas você ficou e não participou, diretamente, da colheita, pois chovia. Mas você não teve medo da chuva e também partiu, partiu para dentro de si buscando resultados e encontrou decepção e pessimismo.
   Aquela garota de pele clara morena com aquele nome bonito, como é mesmo? Vi vocês conversarem por horas durante o congresso, mas ela tem um namorado hippie. E você deve estar sentindo o lado negro da engenharia, você vive entre homens e começou a ser corroído pela racionalidade e pela privação da sensibilidade perante a candura feminina, porém extremamente sensível para que tais pensamentos surjam. Tome água!
   Porém ainda és ímpar e sorria por se importar, independente do quão difícil sejam os tempos que... vão passar. E não quer ver o tempo passar. O ipê, o ipê!
   Pois tu ainda sorri ao ler a palavra sorria, sempre.

=*=*=*=*=*=*=*=*=*=*=

   Sabe, você é aquilo que não se esforça para mostrar. Não há como exibir humildade, como se exibir esforçado, sábio, belo. Enganos são possíveis, porém temporários, não esse tipo de qualidade que, quando infringida, alguém que o conhece a tempos se espantará e, esse espanto, é um parente próximo da esperança e da honra: quando alguém se espanta por um amigo atleta perder uma corrida 'ganha', um nerd ao tirar zero, enfim, cair.
   E se você vê esse tipo específico de 'espanto' (não simplesmente "se assustar com a notícia") nos olhos ou nas palavras de alguém. Então saiba que você é tido como exemplo e pode reerguer.
   Há uma frase, três (ou quatro) palavras que resumem tudo o que é preciso para você ser bom (particularmente, destaco a primeira e a última) que um amigo costumava dizer (e provavelmente diga, onde ele vive agora):

"Respeito, Disciplina e humildade"
 Jhonny Luz

Mundo mundo, injusto mundo

"Um bando de imbecis, cenário de inertes, mas que qualquer brisa corrói; então nem sabem o que é inércia ou nobreza. Mas o pior, VOCÊ, EU, também estamos sendo um deles."
Siddhartha Nemo

   Sentem falta de Shakespeare, Einstein, Drummond, Lattes, Siddhartha, Gandhi, Dai, Teresa? Pessoas até nascem, mas pessoas desaprendem a enxergar, desaprendem a ensinar... Wake UP! Você consegue fazer melhor que isso.

Um pouco do que aquela mulher ensinou-me sobre o Buquê de Deus

 "Você passará por tempos difíceis, mas a vida é igual ao Ipê; às vezes é a vez do amarelo, do rosa... então, às vezes é a vez do Ipê Branco. Em uma época as folhas caem; em uma época as flores nascem e caem e nascem novamente com a árvore de pé"
Regina do Parque

   Uma mulher, morena, humilde de uns quarenta anos, com cicatrizes de todas as adversidades já vividas dizia-me sobre o ipê. Ipê branco, sua árvore mais linda, árvore que chama de "Buquê de Deus"; árvore que me fez sentir olor (posso dizer olorar? Não encontrei o verbo no dicionário, então vou atribuir este valor a ele: Olorar = sentir cheiro agradável). Destaco o cheiro, pois meu olfato não costuma ser o sentido que mais me chama a atenção ao mundo; mas aquela chuva de pétalas brancas na tarde de hoje, em frente à biblioteca, enquanto uma banda de minha cidade tocava na praça central do campus, quase que meu quintal a mais de 100km de casa; ei, o mundo tem cheiro! O mundo é olorável!
   Hoje lia um mangá no ônibus, personagens humanos, história humana, calma, divertida e agradável.


Imagem: Ipê, retirado do blog bussolaliteraria.blogspot.com

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