Na Avenida Lisir Eva...

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Sobre muitas coisas da vida. Vida, dias perfeitos.



Começo a contar esta história em uma tarde de dia útil, foi uma terça ou quarta-feira há algumas semanas, quando caminhava em direção ao bloco de aulas da Engenharia de Produção e ali pela praça no centro da universidade, em um estande fixo de madeira, crianças vendiam porta canetas e clipes e panos de prato, se bem me lembro.
As vendas são destinadas à manutenção de um projeto social do qual essas crianças participam aqui mesmo na universidade, não muito longe de onde me encontro esta noite a escrever este relato. Comprei então um porta canetas e o deixei guardado, ainda fechado, dentro de meu guarda-roupa, em uma folha de plástico transparente decorado.
Então se seguiram os dias, trabalhos escolares, provas, pesquisas para o TCC, iniciação científica e, em especial, destaco nossa apresentação pelo nosso grupo de teatro, cujos ensaios ocorrem no salão cultural do nosso centro acadêmico – embora o grupo não se restrinja a estudantes desta instituição.
Em um dos encontros no semestre passado, falávamos por algum motivo sobre dança e uma garota disse ter vontade de dançar. Então, comentei que ali no centro acadêmico havia cursos de danças, mas eu não participava por não ter um par. Ela lançou o convite e concordei; porém isso foi deixado para depois das férias, que se aproximavam após as corridas semanas de provas de final de semestre.
As aulas voltaram em agosto, neste mês fui com um amigo a uma festa junina aqui na arquitetura e encontramos com o pessoal do teatro, donde formamos dois casais para as aulas de dança de salão. Foi que minha parceira teve de faltar – após um pedido de desculpas – e meu amigo desistiu do curso, pois era no horário de almoço. Deste modo, aconteceu de eu trocar definitivamente de par para a aula de dança.
Dança é uma bela arte, mais belas são as danças circulares e as de casais, como valsa, bolero, ou mesmo forró, samba de gafieira e salsa, mais comuns na cidade. Bela não para ser o único homem a saber dançar e aproveitar de todas as meninas, mas pela arte do encanto, do encantar, pelo prazer em acertar, em entender um mundo diferente do que estamos acostumados.
Dancei uma tarde, no ano passado, assim, de repente; durante um intervalo dos ensaios, alguém colocou My Girl de The Temptations – aquela música do filme “meu primeiro amor” – Foi com a mesma garota que quase se tornou minha parceira de danças aulas. A mesma que, no final do ano passado, em seu aniversário, fui escrever alguma mensagem em seu facebook e me dei conta de como ela possuía a rara combinação de beleza, inteligência, ser divertida, humilde e cativante – curioso que no último final de semana assistia a um filme em que esta era mais ou menos a frase que o protagonista dizia a sua esposa, só agora me dei conta disso.
Com essa mesma garota, passei algumas noites, dias inteiros, mesmo madrugadas a ensaiarmos para a apresentação ocorrida em setembro, há umas duas semanas e meia. Estava quase todo o grupo, mas como a peça era formada de muitas cenas individuais, fiquei a ensaiar com ela nas salas ao lado.
E ela dançava, livre, opunha-se aos demais personagens da peça, pessoas que não se tocavam, que ficavam imersas, mergulhadas em um sistema de egoísmo e consumismo, o qual a peça criticava. Ela dançava, bela, com suas roupas finas e leves.
Em um ensaio, um spot de luz acendeu antecipadamente sobre nós, ficamos – eu, pelo menos – imóveis, como quem é pego no flagra fazendo alguma coisa que não poderia ser vista.
Esse é parte do contexto da história que venho contar, uma parte bem pequena, muito resumida, sem citar o coração de papel que a entreguei na madrugada,  as conversas que tivemos em seu carro na volta dos ensaios – mesmo que eu morasse a poucos metros dali, no alojamento da universidade – do que falamos e nos conhecemos... Do que gostamos falarei um pouco e então prossigo a contar.
Gosto de filmes, de histórias de filmes, de cenários de filmes, de quando as coisas em nossa vida acontecem como nos filmes; como aqui na universidade, quando chovem flores e estamos a caminhar, quando faz frio e usamos casacos, quando vencemos, quando vemos o trem, quando viajamos e olhamos o horizonte pelo caminho. Ela gosta da lua, de ver a lua em sua pequena cidade do interior, onde as nuvens não refletem as luzes de uma grande cidade, deixando o céu escuro, misterioso e encantador.
Apresentamos então a peça, fomos muito parabenizados, embora eu estivesse pessimista devido ao pouco tempo de ensaios e de, particularmente, estar cheio de afazeres na graduação e meu personagem não ser tão engraçado como o do ano anterior.
Atendi seu telefone quando sua mãe ligou, sentia-me mais próximo e apaixonado. Gostaria de dizer, de beijá-la, tive a paciência correta.
De lá fui fazer minhas malas e os encontrei – o grupo – mais tarde na lanchonete. Partiria pela madrugada em direção à capital, para minha primeira dinâmica de grupo em processo seletivo de estágio. Então esperaria acordado, porém ainda era cedo quando deixaram a lanchonete, exceto ela, eu e seus amigos. E, então, foram também, fiz questão de que não precisariam me esperar.
Fui à capital, sozinho, mas um amigo me encontraria para levar-me da estação ao prédio. Metrô, bairros nobres, prédios, roupa social, café, vitamina, dinâmica de grupo, metrô, foto no MASP, depois lanche e outra vitamina, metrô, casa.
No domingo ela me escreveu, em meu mural no facebook, uma apresentação, como seria minha apresentação em uma empresa, um enorme parágrafo de elogios. Não soube como responder, disse que o faria pessoalmente e, após outro ensaio em uma noite, conversamos por certo tempo, poderíamos ter nos despedido com um beijo, não tomei a iniciativa.
No outro dia, mais uma vez partira eu rumo à capital, outra dinâmica, em bairro próximo ao de sete dias antes. Camisa emprestada, deixara as minhas em casa e o convite fora de repente. Desta vez fui com um amigo que também participara da dinâmica, aliás, muito mais organizada, onde tivemos muito mais liberdade e muito podemos aprender. Café, foto, almoço no shopping, trem, metrôs – em um deles, a campainha soou enquanto meu amigo estava na porta, puxei-o um instante antes da porta fechar. Mais um dia na capital com histórias a se contar.
Retorno, fim de semana em casa, visita à empresa de meu pai no dia da família, que começara com uma palestra sobre conhecer uns aos outros, auto-estima ou... bem, o dia começara antes, era dia de eleição, decepção com os rumos políticos de uma cidade que, embora grande e supostamente desenvolvida, está marcada desde sempre pelo coronelismo. Uma revolta que me desviava a atenção quando tentava fazer outras coisas, mesmo estudar na segunda-feira na faculdade.
Já à noite recebo novo convite, agora uma entrevista de emprego. Estava certo que na terça iria a uma dinâmica em Jundiaí, porém este novo convite me faria retornar à minha cidade, em um hotel próximo à prefeitura. Sempre gostei de andar pelo centro, principalmente quando chega o natal ou quando fica aquele clima londrino, nublado. Desta vez, seria um prazer diferente, passear pelo centro em roupas sociais, desfilar posso dizer. Nessa terça-feira, ontem, havia na praça central um ônibus do Menina Fantástica e uma fila de garotas que sonham no futuro serem modelos.
Primeiro tomei um sorvete com meu amigo e contei a ele sobre o que acontecera na noite anterior. Ele ficou feliz, disse que sentia até mais feliz do que se tivesse sido com ele. Interessante dizer isso, pois o dia prometia um paradoxo. Eu e meu amigo, em nossa cidade, disputando a uma única vaga de emprego, eu, meu amigo e umas cinco pessoas com currículos inferiores. Meu amigo, dono da maior nota do curso e de um dos melhores, talvez o melhor, currículo de nossa engenharia entre as pessoas com quem convivo. Meu amigo, que namora uma garota que eu apresentei e que um dia eu mesmo pensei em namorar. E ele ficou feliz pelo que contei sobre a noite anterior, eu ensinei onde ficava a sorveteria, meu amigo.
Da sorveteria voltei ao centro, entrei na catedral, agradeci, olhando para a imagem no vitral, como costumo fazer quando entro lá. Observei a beleza da catedral e as palavras em latim, imaginando o que poderiam significar. De lá fui ao antigo hotel, hoje centro cultural, com exposições e, nesta semana, oficinas de instrumentos musicais. A flauta, a flauta era a que mais me chamava a atenção. Assim, digo agora o que então ocorrera na noite de segunda-feira.
Estava diante um paradoxo, participar de uma dinâmica em uma multinacional em Jundiaí ou retornar a Ribeirão e disputar uma vaga única com o cara com a melhor nota da sala, várias iniciações científicas e vários títulos e prêmios acadêmicos? Ribeirão, a mesma Ribeirão pela qual sou apaixonado, mas que teimava em eleger os mesmos políticos a décadas, a mesma Ribeirão que me expulsara de seu grupo no facebook nessa mesma segunda-feira, feito ditadura, após eu demonstrar sutilmente minha insatisfação com o resultado das eleições.
Não tenho aulas às quintas; sexta é feriado, dia das crianças e de N.Sra Aparecida (interessante, agora lembro que na terça eu explicava para minha mãe como se abreviava N.Sra, após ter pesquisado na internet; porém ainda não salvei no computador de casa umas fotos que ela me pediu, apenas aqui no note e no pendrive). Assim, parecia não haver prejuízo se eu voltasse para casa e por lá ficasse durante toda a semana. A questão era, ia na segunda mesmo ou esperava pela manhã de terça-feira. Mais uma vez, tive a paciência correta.
Estaria a garota a fim de mim? De mim? Logo de mim que nunca tive namorada? Quem nunca havia beijado além de três beijos de despedida há três anos, porém totalmente mal feitos, pois errei ao seguir o conselho de um amigo sobre como se beijaria. Mas realmente a fim de mim? Curioso é o destino. A palestra na empresa no domingo havia sido de auto-estima, contive-me em minha educação, em meu interesse pelo lugar e em meu estranhamento sobre o tema, esperava uma apresentação da empresa, não questões morais. Porém é como aprendemos no teatro, alguém apresenta algo, não criticamos, não julgamos, aceitamos a ocasião, aceitamos a coragem em apresentar, aceitamos a dedicação.
Se eu voltasse para casa, seria por uma semana, muito tempo para um engenheiro que vive seus anos de graduação resolvendo grandes problemas todo tempo, velozmente, pois dezenas, centenas de outras questões aparecem todo momento.
Fui então até uma das bibliotecas da universidade, onde passei uma manhã a tirar dúvidas de física para a prova de mestrado da garota. Raramente frequento a biblioteca da física; utilizo a da engenharia, por ser do curso e, às vezes a da química, por ser mais perto. Resolvi ir até lá, queria a encontrar e a encontrei, estudando.
Disse que fui fazer uma visita, discutimos alguma coisa de física, ela me disse que esperava por um rapaz, um doutorando em física, que lhe daria aulas particulares do tema. Foi a segunda vez que senti ciúmes; mas logo ela disse que era pago e entendi que o professor estaria lá para dar aulas. Ciúmes mesmo foi em outro instante, ao final da peça naquela outra noite, ela me disse parabéns, eu respondi com um abraço, não tão forte como de um homem que aparecera depois, mais alto, mais velho, mais forte; mais íntimo, pensei. A felicidade me veio quando comentou no encontro da semana passada, no qual discutíamos sobre as impressões causadas pela peça, que o namorado de uma amiga lhe viera retribuir o abraço – que a personagem dela dava no público. O namorado de uma amiga, então entendi.
A aula seria das 19h às 21h. Anotei seu telefone, enviei uma mensagem às 19h25min, uma mensagem bem curta, citando um lugar e um horário, 21h30min, comer açaí – o açaí foi ideia de outro amigo, um dos dois com quem me reunia na biblioteca da engenharia para fazermos um trabalho que deveria ser entregue na manhã seguinte, terça-feira. Ele é um amigo sábio, já devo ter escrito algumas vezes sobre ele, sobre eles, aqui no blog.
Fui tomar banho, enviaria o trabalho por e-mail e entregariam para mim. Ela respondeu às 21h08min, depois deu ter atendido rapidamente ao telefone quando um amigo – o mesmo que me foi comigo a São Paulo – dissera ter sido chamado a uma dinâmica – na mesma Jundiaí que deixei de ir na terça-feira, ontem.
21h08min: NOME, vc foi pro top a¿ai??
21h09min: Não ainda, mas me dirijo à rodoviária ali perto.
21h10min: Vc partir¿ q hras??!
21h11min: Amanhã só. Está com fome?
Eu ainda estava na faculdade, virei, passei pela praça, voltei à biblioteca. Ela se encontrava em outro lugar, em uma sala de vidro, passei atrás dela e a vi com o celular. Digitou alguma coisa, estava respondendo a mim.  Porém a vi aquando apagou a mensagem e começou a reescrever. Estaria em dúvida? As mulheres perfeitas também seriam meninas quando sozinhas? Também não sabem o que dizer?
Saí para que não me visse, esperei com o celular na mão do outro lado da parede – que não é de alvenaria, mas aquela repartição. Ela demorou para responder, ou estariam os segundos durando horas? Decidi entrar na sala, ela estava com fome, quis terminar de ler uns tópicos antes de ir; enquanto eu li a prova de um ano anterior.
Fomos ao açaí, pedi um sabor diferente para que ela pudesse experimentar, conversamos sobre muitos assuntos, saímos pouco antes do estabelecimento fechar. Voltamos a seu carro e ela me deixou na porta do alojamento da universidade, enquanto o rádio sugeria músicas românticas e outras músicas também.
Não me recordo de quem se referiu primeiro à lua, ela, ela quis ver a lua e eu disse ter descoberto um lugar em que desse para vê-la como no sítio, o campus da universidade vizinha, onde ela estuda. Era madrugada, mas fomos para lá. E então sentamos na grama – na segunda tentativa, depois do formigueiro da primeira – próximos a uma mata e a um prédio didático.  A lua não estava lá – ela disse que há alguns dias não a encontrava – mas havia estrelas, a grama, ela e eu. Conversamos ainda sobre muitas coisas e, após um pequeno silêncio, eu perguntei: “sabe do que tenho medo?”. Tinha medo de me declarar e então não podermos mais sentar na grama em uma madrugada, sem recordar uma recusa e viver em um clima túrbido. Disse que tinha medo de dizer que estava a fim dela.
Ela iniciou sua resposta, sua primeira palavra me trouxe à mente o início daquele modo educado de se dizer não, de dizer que somos apenas amigos. Acho que sua segunda palavra também; porém ela me surpreendeu, disse também estar a fim de mim.
E agora? Então nos beijamos, ela me ensinou a beijar, e deitou-se em meu ombro, ficamos por horas pela madrugada. Tinha meu trabalho a entregar, e ela sua prova, mas nada mais importava, nada que não fosse no plural, no nós.
                Outros minutos, hora – não sei ao certo, para mim pareceram dias – passou-se entre os bancos da frente de seu carro quando me deixara no alojamento e nos beijávamos.
                Passou-se a terça-feira. Amigo, lembranças, entrevista, hotel, catedral, centro cultural, casa, família...  Não a liguei no dia seguinte, porém deixei uma mensagem subliminar no recado que enviei ao grupo de teatro, avisando que me ausentaria esta semana – em resposta ao e-mail dela, que não frequentaria esta semana, pois a prova do mestrado se aproximava. À noite decidi aprender a tocar a flauta que minha avó me dera, há um ótimo professor no youtube. Também decidi retornar a São Carlos e para cá vim hoje pela manhã. Ela toca flauta.
                Hoje tive apenas uma aula, o professor faltara da segunda. Ou devo dizer ter tido duas, caso conte a aula de dança. Procurei por ela na biblioteca três vezes ao longo do dia. Na primeira ocasião, levava uma trufa de morango, que ficara em meu bolso até após o almoço, quando eu já constatara que havia derretido. A parte engraçada é ter guardado o celular no mesmo bolso.
                Na segunda tentativa eu ficaria a estudar por lá, porém meu touchpad decidiu não funcionar e retornei à biblioteca da engenharia. Na terceira tentativa, encontrei seu carro e agi rapidamente, num plano de repente, talvez genial, talvez não.
                Voltei à engenharia, liguei o computador, encaminhei para meu e-mail a partitura de uma música romântica que conheço, cuja banda por ela foi curtida no facebook. Fui ao xérox em uma das saídas do campus, imprimi, retirei o título e voltei para o alojamento.
                Lá, ainda em dúvida se eu deveria fazer o que planejava, procurei por uma fita adesiva – a essa hora a papelaria já deveria estar fechada – e, então, dentro de meu guarda-roupas, avistei aquele porta canetas e porta clipes que havia comprado e ainda não aberto, era embalado por uma folha plástica decorada e amarrada por uma fita de cetim, já com as pontas enroladas, em uma cor próxima ao rosa e ao bege.
                Enrolei as folhas da partitura no cetim e, para não ser visto com elas no campus e não amassá-las, guardei onde guardo a flauta que minha avó me dera. Atravessei o campus, temia não encontrar seu carro após ver algumas vagas livres. Então avistei, retirei as duas folhas da bainha da flauta, com certa dificuldade, pois o papel ficara preso por alguns instantes. Amarrei o cetim no limpador de parabrisas com as folhas enroladas e agora me encontro a contar essa história para jamais esquecer esses dias em que, como disse meu amigo na sorveteria, as coisas parecem ir tomando seu rumo e darem certo, complemento dizendo que são dias em que estou em diversos cenários, com diversas histórias, como  nos filmes, como enxergo a vida, que acontece como eu desejo.
                Abrir mão de uma vaga de emprego torna-se mais prazeroso que a conquistar, é sinal de maturidade, além disso, há uma chuva de oportunidades. Passear em São Paulo, entrar na Catedral – há um bom tempo não vou a uma missa – maravilhar-me com o centro cultural, as ruas do centro, as ruas do bairro, dirigir pela cidade, aulas, pesquisas, provas, apresentação teatral, dança, contar boas notícias, comer açaí, compartilhar açaí, olhar para o céu noturno sentados na grama, beijos no carro, braços, pescoço, rosto, boca, tocar pessoas, amar, fazer alguém feliz...



    Programo o blog para publicar este texto daqui há alguns dias, vou esperar o que vai acontecer antes de contar a notícia...



     Bem, hoje é 30 de novembro, volto ao texto, não o reli ainda, mas vim publicá-lo no blog...





























Debate Eleição Ribeirão Preto 2012


Assistindo ao debate de Ribeirão Preto (Veja na íntegra em: http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/eleicoes/2012/noticia/2012/10/candidatos-prefeito-de-ribeirao-preto-debatem-propostas-na-eptv.html), destaco algumas coisas:

1. Roveri e Gandini mostraram que possuem currículo e que são racionais. Fico curioso em saber se a prefeita sabe o que é um simples LED ou avaliar em termos de energia e logística para decidir o melhor meio de iluminação ou transporte. Gostaria de ouvi-la tratando de questões mais específicas, mas práticas. Estou cansado de candidatos que dizer fazer o bem para a população, precisamos de gestores que mereçam e que saibam administrar.

2. Chiarelli foi importantíssimo para não deixar que o debate seja um papo entre compadres, uma verdadeira encheção de linguiça para distrair o povo e atacar a prefeita aos poucos.

3. Todos fugiram quando foram atacados, cada um a seu modo de desviar do assunto.

4. Nogueira nem sei por onde começar, STF, Uberaba, aliança com PV... Não vale a pena falar dele, está tarde e não quero ficar nervoso.

5. De indústria ninguém nem lembra.

6. De certa forma, os demais candidatos tentaram mostrar que embora a prefeita tenha inaugurado muitas coisas pontuais, o básico, ou a ligação entre elas seria falha. É bonitinho inserir uma reforma aqui, uma construção ali, um evento acolá, mas os buracos continuam, problemas no daerp (não entendi direito o que está acontecendo com ele), na saúde, enfim, problemas básicos.

   Estive em São Paulo recentemente, é incomparável a facilidade do transporte público por lá. Embora haja muita gente, o que complica a situação, há metrôs e trens a cada poucos minutos em sistemas integrados.
Minha crítica vai agora ao povo. A esse povo que infelizmente elegerá pelo ésimo mandado alguns vereadores que não fizeram sequer um projeto para a cidade em suas décadas na câmara.

   É comum que um ribeirão-pretano saia da cidade e não encontre em algumas, como São Carlos, “o que fazer”. Na verdade, o que não encontram são bares e casas noturnas, o que não encontram é Ribeirão nas outras cidades. Pois aprendi que nelas há sim o que fazer, no entanto a cultura é diferente, as opções, as decisões, diferentes desta de se desfilar pelas avenidas e votar nos que fazem mais propaganda, mas frequentar teatros, recitais, discussões políticas e realmente refletir.

  Há um movimento político popular em ribeirão, centenas ou milhares dizem participar, pequena porcentagem deles realmente cumprem o "eu fui", exposto em suas redes sociais - vide fotos desses eventos, tem uma quantidade absurdamente pequena de pessoas, porém várias pessoas confirmam presença - Em São Carlos, por outro lado, é comum que rodas de conversa se transformem em debates e logo atingem lotação espontânea.

   Taí uma diferença, entre Atenas  Brasileira e Dionísio Brasileiro.

As 15 coisas que apodrecem a sociedade. Parte I

 
                Assisti há pouco o filme Jogos Vorazes. Parece estranho dizer isto: ele é muito bom porque faz com que o público sinta raiva e também por... Bem, antes de citar o segundo motivo, gostaria de expandir um pouco esse sentido de “público”. Pequena parte desse “público” sente raiva por se dar conta que está sendo parte ou convive com os personagens que aplaudem as atrocidades que ocorrem no filme (não coincidentemente a maioria dos membros dessa pequena parte trabalha, estuda, vive em meio a cenários, figurinos e objetos não públicos, porém privados  - que, apesar de ser chamado “privado”, são menos privados que os membros da outra parte). Já a maior parte desse “público” não compreende a metáfora que é o filme e sente raiva por considerar um filme ruim, de terror, sem ética. Assistam, entenderão melhor o que eu quis dizer. Assim é a questão da educação, poucas pessoas paradas na rua saberão explicar o que é metáfora (oxímoro então, bem poucas); no entanto vivemos em meio a grandes metáforas e jogos políticos e econômicos.
Digo agora o segundo motivo, meu segundo argumento em defesa de que o filme é bom: ele contém muitos dos elementos responsáveis pelos problemas deste mundo (miséria, desigualdade, capitalismo, ignorância, arrogância, bebidas...) e sentimentos (amor, saudade, dor, raiva, superação, timidez,...)  presentes nele, o que me motivou a criar uma lista das coisas às quais, atualmente, culpo pelo estado lamentável em que o mundo se encontra. Lamentável porque chego muitas vezes à conclusão que se é infeliz não por felicidade ser algo temporário, mas porque o estado da sociedade não permite o contentamento coletivo e isso se deve muito a "personagens" que não se importam.

1.       Coronelismo.
Estranho começar por algo que parece coisa do passado. Não me estenderei muito neste item, do contrário deixaria os demais de lado e escreveria páginas sobre a situação das câmaras municipais de muitas cidades que mantêm os mesmos vereadores há décadas e sobre a importância do investimento em educação para alterar este quadro, embora talvez nem isso mais baste, uma vez que ontem mesmo soube que um daqueles “candidatos palhaços” que se fantasiam, falam frases feitas ou sem lógicas e visitam bairros que, em dias “comuns” nem se aproximam é aluno da universidade mais respeitada deste hemisfério.

2.       Madames
Aqui entram outras variações, como as patricinhas e mauricinhos (aprendizes de madames). Espero com esta palavra abranger todo o campo de pessoas que vivem para si mesmas, defendendo teorias como “seja um idiota”, “ligue o foda-se”, sensibilizando-se com histórias tristes, mas jamais movendo uma palha para tentarem ajudar alguém em alguma situação, pois estão muito ocupadas assistindo a seus canais de compras pela TV – ou reality shows.
Cabe neste item minha explicação de por que não gosto de “festas”.  O porquê das aspas é por que sei que muitas delas (mesmo de faculdades) servem para financiar alguns programas (no caso de faculdades: os centros acadêmicos, secretarias acadêmicas, cursinhos mantidos por alunos, etc) ou servem de comemorações (vitórias, casamentos, formaturas, etc). Assim, refiro-me às festas que existem só por serem festas, que servem como desculpas para lascividade (vide item 3), que servem para lucrar, que servem para que todos esses aprendizes e aspirantes a madames joguem o dinheiro de seus pais (ou seus próprios) pelo ralo, quando poderiam fazer algo de útil pelo mundo que tanto critica (vide item 5; não, caros leitores, não é só por que você paga impostos que você está sendo solidário). Festas que servem para pessoas que acham que “Carpe Diem” significa sair por aí fazendo o que bem entende, vivendo para si mesmos. Também lamentável é que tanto os “coronéis” quanto esses que eu classifiquei de “madames” estão entre os que mais reclamam da situação do mudo.

3.       Covardia
Drogas, cigarro, bebidas... Para mim são apenas modos diferentes de se fugir dos problemas – o que se pode entender por covardia. Mano, na boa, pare para pensar, qual a utilidade de drogas, cigarro e bebidas? O governo coloca toneladas de impostos em cima de cigarros, faz campanhas, mostra os riscos e nem assim o povo para. Existem muitos tipos de pessoas e cada um com seus muitos problemas. Como válvula de escape, alguns praticam esporte; outros dançam, alguns pintam, escrevem, fazem teatro, escolhem algum modo de se divertir, de se realizar, de serem felizes e estarem afastados por alguns momentos de seus problemas. Muitos encaram e, muitos, escolhem hábitos covardes.

4.       Gordisse.
Não falarei deste item agora.

5.       Críticas ignorantes.
Como esses berros que alguns leitores dão depreciando o item acima por acharem que “gordisse” seja um preconceito com pessoas acima do peso, sem compreender o que eu realmente quis dizer com isso – uma expressão que, aliás, muitos conhecem. Aliás, parece que tudo é preconceito. Fale um A, ou um B, sempre vai ter aquele radical que vai ler, buscar uma teoria conspiratória lá do tempo da onça e através dela (da teoria, não da onça) distorcer completamente o que foi dito, explicando aos demais que o cara que disse “quis dizer” algo completamente diferente.
 Cabe aqui anexar dois adendos para diferenciar as duas explicações para “críticas ignorantes”:
3.1.   Crítica ignorante significa pseudointelectualismo, ser um “valentão da internet”, apressado que, sem compreender uma situação, ataca. Aqui lembramos o que eu disse sobre “metáfora” no início do texto. Cá entre nós, tem coisa na internet que dá mais vontade de vomitar que ler os comentários de reportagens ou do youtube?
3.2 O segundo porquê refere-se a situações muito conhecidas em política e em empresas. Já falei muito de política, darei um exemplo de empresa: um pessoal do marketing formado na Unesquina (logo, não me refiro a todos da classe) descobre que se iniciou a pesquisa (eu disse p-e-s-q-u-i-s-a) sobre uma nova tecnologia e logo lançam um comercial prometendo que a sua empresa lançará no próximo mês. Em seguida, criticam o grupo de engenharia por dizerem que para o próximo mês é impossível. “Vocês que são os engenheiros, o problema é de vocês, devemos vender no mês que vem ou a fábrica quebra” – como se construir um ônibus invisível com capacidade para 200 pessoas para rodar em vias comuns fosse tão simples quanto desenhar um anúncio para uma revista. Bem, acho que não preciso dizer o exemplo da política.

6.       ...
Continua na parte II.

Sobre meninas e mulheres


Hoje é uma noite interessante, festa junina, uma festa bonita, de nossa cultura; frio, fogueira, histórias que esperam ser guardadas por toda a vida... 

   Na engenharia, porém, as histórias não são bem como nos filmes de faculdade e os estudantes sabem disso. Dormi por umas três horas e meia entre quinta e sexta-feira; outros devem ter dormido menos. Acordei preparado, como se estivesse retornado aos “tempos de glória” do ensino médio, mas as provas aqui não perdoam. Acredito ter passado, mas é como se fosse o mínimo que devemos fazer. Comecei a estudar no início do semestre e não parei, não me lembro de ter tirado um dia ou uma hora de descanso.
 
Lamento dizer, calouro,
mas faculdade não é nada parecido com suas versões no cinema

Pode soar contraditório, pois um dos tópicos do texto é quase que oposto a descanso, por isso explico: descanso = ato de descansar, uma folga de quando se está cansado; diferente de procrastinar ou vadiar. E então chegamos ao primeiro tema do texto.
Às vezes tenho a impressão de que quase o mundo todo se faz e é feito de otário, mas não sabe. Como disse um professor – quem, aliás, aprovou menos de 40% da turma – “quando não estamos sendo enganados estamos tentando enganar”. Furar fila, chorar nota, esconder-se da receita federal... De repente pessoas concordam com ideias como que por status ou moda. Tomemos, por exemplo, cotas; se há uns cem anos os avôs de uma parcela do povo foram escravizados e hoje se deseja desculpá-los, o que privilegiar negros em faculdades tem a ver com isso? Que o governo doe terras, isente de impostos, não consigo entender qual o sentido de misturar ensino com isso. Se bem que ensino é o que há de mais marginalizado no país. Hoje mesmo, conversando com um intercambista do Congo, descobri que até lá no meio da África o ensino médio é superior ao brasileiro e me dei conta de que realmente falamos muito e desenvolvemos pouco.
Vim de uma cidade de convencidos. É uma pena, pois a cidade é linda, tem história e potencial, mas na verdade é como aquele cachorro de raça que não sabe o poder que tem e se orgulha por qualquer outra coisa menos importante. E o que tem de grande em Ribeirão? Hospitais, é verdade, mas festas, eventos, shoppings com desfiles de futilidades... Dificilmente consigo ver sentido em festas se não for por uma comemoração, fico perdido, sem saber o que fazer com os braços; então olho ao redor e vejo que os outros os usam para segurar bebidas. Não bebo e descubro que não sei realmente o que fazer, por não se ter realmente o que fazer em uma festa sem sentido. Olho novamente ao redor, rapazes procurando mulheres; mulheres fazendo o famoso “cu doce” e por aí vai o cenário tão difícil de compreender.

Por que raios um prédio no interior paulista precisa se chamar "Times Square"?
Hoje, porém não foi por isso que vim embora. A festa junina do alojamento é a única da faculdade voltada a pessoas de fora, funcionários do campus, famílias, intercambistas, ex-moradores... Toca forró e pode-se dançar. Na verdade não sei por que essa vontade de ir embora; agora, pensando bem, poderia ter convidado uma colega para dançar e quem sabe ter conhecido aquela menina com a máquina fotográfica. A princípio, realmente não estava a fim desses jogos de conquista, fui para comer alguma coisa e recomeçar a ler alguns artigos dum projeto que há tempos não trabalho. Aliás, as últimas semanas com provas me afastaram dos demais grupos da faculdade dos quais participo. Voltei e cá fiquei a escrever, voltei a escrever depois de tanto tempo apenas palestrando em pensamento.
O que você sabe construir?
 Minha cidade já teve grandes indústrias. O Brasil já teve indícios de indústrias. Hoje começamos a sentir que no futuro seremos completamente dependentes de tecnologia estrangeira. Afinal, o que produzimos? Não existe uma empresa 100% brasileira, nossos parafusos vêm da China. Máquinas, instrumentos, nossa indústria se limita a montadoras com capital externo, que, aliás, compram aço brasileiro no exterior por ser mais fácil trazer de lá do que da cidade vizinha. O Brasil não fabrica um único componente eletrônico e ainda assim se insiste em dizer que nos desenvolvemos, que somos o melhor entre os pobres, grande orgulho.
Portugal retirou tanto ouro brasileiro que gerações acreditavam que a riqueza nunca acabaria. Chegaram a não produzir nem mesmo alimentos enquanto folheavam carruagens a ouro. Assim perderam a revolução industrial e hoje é o país mais pobre da Europa e só ainda são “primeiro mundo” por viverem no quintal do primeiro mundo.



Alguns brasileiros não tiveram grandes oportunidades na vida (a maioria, na verdade) e se preocupam na inocência da ignorância com a novela das nove. Outros criticam os que se preocupam com as novelas, criticam o país enquanto mergulham em teorias ainda mais fúteis que mais ainda mancham sua imagem (essa está se tornando a nova maioria, pseudonerds, valentões dos teclados, rebeldes por prazer e não por ser a coisa certa a se fazer). Sem contar as diversas tribos urbanas que me dão nos nervos. São elogios demais para trabalho de menos.
Ou seja, voltamos aquela velha história de que quando se inventa algo que até um idiota saiba mexer, este algo será usado do modo mais idiota possível; porém não me refiro a um ou outro alguém, refiro-me a você caro leitor, coragem.
Assim minha cidade é uma menina mimada que se veste de histórias de quadrinhos japonesas e se revolta contra coisa nenhuma, filha de uma madame e de um corno coitado que luta e tem seu trabalho desprezado.
Longe de ser conservador, mas mudar as leis erradas não faz o país andar para a frente. Pelo menos, quanto ao executivo municipal tenho mais aplausos que críticas; a nível estadual, não bato meia palma desde, desde que entendo alguma coisa de política.

 
Ontem choveu flores de Ipê em uma esquina, fizemos prova, recebemos notas de outras disciplinas, terminamos um trabalho de meses e hoje pude acordar sem precisar do despertador, após o final das semanas tensas de final de semestre – que ainda não acabou, aliás, devo dormir para amanhã cedo nos reunirmos para os estudos de uma última prova.
No entanto, eu começo a dizer sobre o que dá título à postagem, sobre meninas e mulheres. A tal moça com a máquina fotográfica na festa junina, seguiu-me, pediu para tirar uma foto e apresentou o cartão do site. Como disse, fiquei por pouco tempo na festa e poderia ter ocorrido uma história interessante, a começar por ela possivelmente ter mentido sobre estudar na universidade vizinha. Bonita, menina, perdida, como meninas que não sabem ao certo o que fazer, choram, sentem-se idiotas, arrependem-se, pensam e sonham abraçadas a travesseiros.

Uma menina
Eu prefiro elas àquelas gatas de botas, prefiro histórias, romances, dúvidas, coração batendo. Não sei se me apaixonaria por mulheres certas de si ou engenheiras de produção – posto que é o único curso com quase bastante mulher no instituto, difícil me apaixonar aqui, aliás, uma das lamentações da faculdade é passar a juventude longe de paixões.

Uma mulher

 
A seguir copio o que escrevi há alguns dias no bloco de notas sobre um reencontro. No dia não pareceu tão meloso.

Ouvi um som ontem à noite no ônibus,
não me lembrava de toda a letra,
porém o cantor dizia: não chore esta noite, eu ainda te amo, garota.

Então eu imaginava e imagino o que aconteceria se eu tivesse falado com você naquela época,
aceitado, vencido a barreira entre a infância e o romance
talvez ambos de nós não seriamos quem nós conhecemos,
mas poderíamos ser mais felizes se...?

Eu sou feliz agora e desde aquele tempo, apesar de algumas tristezas pela vida,
e você... Eu não sei se você está tão feliz quanto naquele tempo (e lamenta aquele tempo)
mas seu namorado lhe faz sentir melhor. Daí me pergunto se eu também faria.

Seu nome é provavelmente o que mais repeti em toda esta vida,

É tão estranho e belo quando reencontramos alguém depois de tanto tempo;
desta vez trabalhando em um projeto de uma manhã,
estaríamos lado a lado, eu deveria ter feito questão,
o que não seria tão difícil, pois estava um pouco que na condição de seu superior.

Foi justamente em uma manhã corrida,
ah, mais uma vez eu podia ter feito tudo diferente,
e ainda espero que possamos um dia tomar um chá e falarmos horas sobre a vida,
porém tu, apenas tu me traz essa sensação de bobo,
apesar dos cursos, aulas, palestras sobre como falar em público,
apesar de ser ator e representante,
do cuidado com o idioma,
da posição social,
continuo um bobo, solitário, doente, perdido, quando próximo a você,
porém são nesses momentos que chego mais próximo de meu interior,


Sabe, tavez "passageiro" seja a melhor analogia com a vida,
a história do trem, uma estada em uma rodoviária,
rever alguém após muito tempo,


Menina e mulher

 
Imagens: dipity.com, mapdata.com.br, flickrhivemind.net, edirpina.recantodasletras.com.br, nickelodeon, sabetudo.net, theteenageroyalty.blogspot.com

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