Na Avenida Lisir Eva...

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Papo de perdedor?!

E foi assim, termina o semestre sem que eu tenha obtido resposta de 42 empresas nas quais me inscrevi em processos seletivos de estágio no estado de São Paulo. Outras vinte e duas me responderam, disseram que eu não fazia o perfil da empresa, que eu era elétrico, que eu não teria capacidade para representar a empresa ou simplesmente não deram satisfação (maioria).

Na média, em cada empresa havia 70 candidatos por vaga. Pela análise de currículo e provas online o número caia para uns cinco por vaga quando das dinâmicas de grupo e painéis, era quando apareciam psicólogos que provavelmente não sabem para que lado se aperta um parafuso, porém nos papéis de responsáveis pela decisão sobre os melhores engenheiros para os cargos. E então distribuem os pontos para os que falam mais alto, os que interrompem os demais para dizer besteiras, os de melhor aparência, os que possuem veículo próprio ou às vezes para os mais convencidos e os que não apresentam tendências esquerdistas.

Em dinâmicas de grupo não importa o quanto se é hábil para o cargo, porém o quanto os candidatos conseguem se passar por hábeis, uma vez que os avaliadores não tem a menor ideia se um painel solar gera mais ou menos energia que Itaipu, então se pode dizer qualquer besteira, desde que se diga e aparente liderar os demais.

Então ocorrem os painéis, com a presença de gestores; pessoas que um dia quiseram ser engenheiros, mas que se estagnaram na “engenharia brasileira”. Explicarei o termo entre aspas no próximo parágrafo.

Na indústria brasileira pouco existe de engenharia. Pense por um instante, o que é realmente projetado no Brasil? Quantas empresas 100% nacionais você conhece? No Brasil ocorre um fenômeno segundo o qual engenheiros são contratados para administrar empresas. Seria isso incompetência dos cursos de administração? Quando não administram, eles organizam processos – o que é, a meu ver, um desperdício de inteligência.

Não que melhoria contínua e aquelas centenas de siglas em inglês não sejam importantes, porém não compreendo por que um indivíduo deve manjar de cálculo e resistência dos materiais para ficar com um chicote e um cronômetro a fim de dizer ao subordinado que a parede vem antes do teto e forçar o operador a acelerar o ritmo de trabalho para elevar o lucro de algum desconhecido que fica deitado com seu notebook sobre a pança a jogar com a bolsa de valores.

Engenharia, do latim “ingenium”, que significa “gênio” e remete a quem cria objetos, equipamentos, mecanismos inteligentes “para o bem do homem”, como escrito de modo ambíguo no terceiro verso de seu juramento, o qual pouquíssimos engenheiros devem conhecer.

20% de minha turma não se encontram mais no Brasil, viajaram a países onde o verbo engenheirar existe. Não quis fazer intercâmbio e de certa forma isso me fez bem, tendo eu concluído 98,5% das disciplinas em quatro anos, não me afastado tanto de minha família, de meus amigos e iniciado um relacionamento.

Não consegui estágio até o momento, não terei mais disciplinas a cursar com a turma toda e o namoro terminou, tendo sido eterno pelas semanas que durara. Volto para casa, para minha cidade, onde meus amigos de tempos passados hoje trabalham, casam, bebem, organizam encontros sem me convidarem ou sabe-se lá por onde andam.

E então as expectativas do emprego, da garota, do futuro não ocorrem como esperado e me vi sem rumo pela primeira vez. A sociedade nos diz o que devemos fazer até a formatura da faculdade. Depois é por nossa conta e risco.

Risco... Sempre que recebemos palestrantes que foram ex-alunos de engenharia eles contam suas histórias de terem reprovado em dezenas de disciplinas (alguns até mesmo desistido do curso), porém criado empresas a partir da universidade e são bem sucedidos. Uma curiosidade anexada aqui ao texto.

Não tenho problemas em me relacionar com pessoas. Evito conflitos, é verdade, porém estou ali no TOP 5 da turma em puxar assunto com desconhecidos – principalmente do sexo oposto – sem dificuldades (a menos em festas, onde de um simples “oi” já se subentende outras vontades; tipo de relação que não têm lá minha total concordância nem trejeitos). Aliás, chega a ser um hobbie conhecer pessoas nessas rodoviárias por onde passo usualmente.

Bem, o texto já se encontra um pouco extenso. O correto seria reler e melhorar a escrita antes de publicar, porém se não o publicar agora ficará um tempo esquecido ou arrependido entre outros arquivos na pasta de arquivos a organizar na área de trabalho.

Não trato como papo de perdedor, essas viagens (que me tomaram todo meu dinheiro) pelo estado de SP em processos seletivos eram mais encaradas como uma etapa divertida da vida do que motivos de preocupação, uma vez que as minhas prioridades estavam nas cidades próximas; sabendo eu que só ficaria preocupado quando fosse recusado em empresas daqui...

Começa uma nova jornada e preciso estabelecer outras prioridades. A ideia era entrar para uma empresa, casar, ser um mecenas... Mas sem essa de ficar rico ajudando ricos a ficarem milionários. Minha conversa é com a natureza, com a física, engenheirar, como pesquisador ou professor, talvez. Fazer coisas úteis. Em empresas talvez, via concursos, sem psicólogos a se intrometer no que não sabem, a julgar quem não conhecem.

Sobre muitas coisas da vida. Vida, dias perfeitos.



Começo a contar esta história em uma tarde de dia útil, foi uma terça ou quarta-feira há algumas semanas, quando caminhava em direção ao bloco de aulas da Engenharia de Produção e ali pela praça no centro da universidade, em um estande fixo de madeira, crianças vendiam porta canetas e clipes e panos de prato, se bem me lembro.
As vendas são destinadas à manutenção de um projeto social do qual essas crianças participam aqui mesmo na universidade, não muito longe de onde me encontro esta noite a escrever este relato. Comprei então um porta canetas e o deixei guardado, ainda fechado, dentro de meu guarda-roupa, em uma folha de plástico transparente decorado.
Então se seguiram os dias, trabalhos escolares, provas, pesquisas para o TCC, iniciação científica e, em especial, destaco nossa apresentação pelo nosso grupo de teatro, cujos ensaios ocorrem no salão cultural do nosso centro acadêmico – embora o grupo não se restrinja a estudantes desta instituição.
Em um dos encontros no semestre passado, falávamos por algum motivo sobre dança e uma garota disse ter vontade de dançar. Então, comentei que ali no centro acadêmico havia cursos de danças, mas eu não participava por não ter um par. Ela lançou o convite e concordei; porém isso foi deixado para depois das férias, que se aproximavam após as corridas semanas de provas de final de semestre.
As aulas voltaram em agosto, neste mês fui com um amigo a uma festa junina aqui na arquitetura e encontramos com o pessoal do teatro, donde formamos dois casais para as aulas de dança de salão. Foi que minha parceira teve de faltar – após um pedido de desculpas – e meu amigo desistiu do curso, pois era no horário de almoço. Deste modo, aconteceu de eu trocar definitivamente de par para a aula de dança.
Dança é uma bela arte, mais belas são as danças circulares e as de casais, como valsa, bolero, ou mesmo forró, samba de gafieira e salsa, mais comuns na cidade. Bela não para ser o único homem a saber dançar e aproveitar de todas as meninas, mas pela arte do encanto, do encantar, pelo prazer em acertar, em entender um mundo diferente do que estamos acostumados.
Dancei uma tarde, no ano passado, assim, de repente; durante um intervalo dos ensaios, alguém colocou My Girl de The Temptations – aquela música do filme “meu primeiro amor” – Foi com a mesma garota que quase se tornou minha parceira de danças aulas. A mesma que, no final do ano passado, em seu aniversário, fui escrever alguma mensagem em seu facebook e me dei conta de como ela possuía a rara combinação de beleza, inteligência, ser divertida, humilde e cativante – curioso que no último final de semana assistia a um filme em que esta era mais ou menos a frase que o protagonista dizia a sua esposa, só agora me dei conta disso.
Com essa mesma garota, passei algumas noites, dias inteiros, mesmo madrugadas a ensaiarmos para a apresentação ocorrida em setembro, há umas duas semanas e meia. Estava quase todo o grupo, mas como a peça era formada de muitas cenas individuais, fiquei a ensaiar com ela nas salas ao lado.
E ela dançava, livre, opunha-se aos demais personagens da peça, pessoas que não se tocavam, que ficavam imersas, mergulhadas em um sistema de egoísmo e consumismo, o qual a peça criticava. Ela dançava, bela, com suas roupas finas e leves.
Em um ensaio, um spot de luz acendeu antecipadamente sobre nós, ficamos – eu, pelo menos – imóveis, como quem é pego no flagra fazendo alguma coisa que não poderia ser vista.
Esse é parte do contexto da história que venho contar, uma parte bem pequena, muito resumida, sem citar o coração de papel que a entreguei na madrugada,  as conversas que tivemos em seu carro na volta dos ensaios – mesmo que eu morasse a poucos metros dali, no alojamento da universidade – do que falamos e nos conhecemos... Do que gostamos falarei um pouco e então prossigo a contar.
Gosto de filmes, de histórias de filmes, de cenários de filmes, de quando as coisas em nossa vida acontecem como nos filmes; como aqui na universidade, quando chovem flores e estamos a caminhar, quando faz frio e usamos casacos, quando vencemos, quando vemos o trem, quando viajamos e olhamos o horizonte pelo caminho. Ela gosta da lua, de ver a lua em sua pequena cidade do interior, onde as nuvens não refletem as luzes de uma grande cidade, deixando o céu escuro, misterioso e encantador.
Apresentamos então a peça, fomos muito parabenizados, embora eu estivesse pessimista devido ao pouco tempo de ensaios e de, particularmente, estar cheio de afazeres na graduação e meu personagem não ser tão engraçado como o do ano anterior.
Atendi seu telefone quando sua mãe ligou, sentia-me mais próximo e apaixonado. Gostaria de dizer, de beijá-la, tive a paciência correta.
De lá fui fazer minhas malas e os encontrei – o grupo – mais tarde na lanchonete. Partiria pela madrugada em direção à capital, para minha primeira dinâmica de grupo em processo seletivo de estágio. Então esperaria acordado, porém ainda era cedo quando deixaram a lanchonete, exceto ela, eu e seus amigos. E, então, foram também, fiz questão de que não precisariam me esperar.
Fui à capital, sozinho, mas um amigo me encontraria para levar-me da estação ao prédio. Metrô, bairros nobres, prédios, roupa social, café, vitamina, dinâmica de grupo, metrô, foto no MASP, depois lanche e outra vitamina, metrô, casa.
No domingo ela me escreveu, em meu mural no facebook, uma apresentação, como seria minha apresentação em uma empresa, um enorme parágrafo de elogios. Não soube como responder, disse que o faria pessoalmente e, após outro ensaio em uma noite, conversamos por certo tempo, poderíamos ter nos despedido com um beijo, não tomei a iniciativa.
No outro dia, mais uma vez partira eu rumo à capital, outra dinâmica, em bairro próximo ao de sete dias antes. Camisa emprestada, deixara as minhas em casa e o convite fora de repente. Desta vez fui com um amigo que também participara da dinâmica, aliás, muito mais organizada, onde tivemos muito mais liberdade e muito podemos aprender. Café, foto, almoço no shopping, trem, metrôs – em um deles, a campainha soou enquanto meu amigo estava na porta, puxei-o um instante antes da porta fechar. Mais um dia na capital com histórias a se contar.
Retorno, fim de semana em casa, visita à empresa de meu pai no dia da família, que começara com uma palestra sobre conhecer uns aos outros, auto-estima ou... bem, o dia começara antes, era dia de eleição, decepção com os rumos políticos de uma cidade que, embora grande e supostamente desenvolvida, está marcada desde sempre pelo coronelismo. Uma revolta que me desviava a atenção quando tentava fazer outras coisas, mesmo estudar na segunda-feira na faculdade.
Já à noite recebo novo convite, agora uma entrevista de emprego. Estava certo que na terça iria a uma dinâmica em Jundiaí, porém este novo convite me faria retornar à minha cidade, em um hotel próximo à prefeitura. Sempre gostei de andar pelo centro, principalmente quando chega o natal ou quando fica aquele clima londrino, nublado. Desta vez, seria um prazer diferente, passear pelo centro em roupas sociais, desfilar posso dizer. Nessa terça-feira, ontem, havia na praça central um ônibus do Menina Fantástica e uma fila de garotas que sonham no futuro serem modelos.
Primeiro tomei um sorvete com meu amigo e contei a ele sobre o que acontecera na noite anterior. Ele ficou feliz, disse que sentia até mais feliz do que se tivesse sido com ele. Interessante dizer isso, pois o dia prometia um paradoxo. Eu e meu amigo, em nossa cidade, disputando a uma única vaga de emprego, eu, meu amigo e umas cinco pessoas com currículos inferiores. Meu amigo, dono da maior nota do curso e de um dos melhores, talvez o melhor, currículo de nossa engenharia entre as pessoas com quem convivo. Meu amigo, que namora uma garota que eu apresentei e que um dia eu mesmo pensei em namorar. E ele ficou feliz pelo que contei sobre a noite anterior, eu ensinei onde ficava a sorveteria, meu amigo.
Da sorveteria voltei ao centro, entrei na catedral, agradeci, olhando para a imagem no vitral, como costumo fazer quando entro lá. Observei a beleza da catedral e as palavras em latim, imaginando o que poderiam significar. De lá fui ao antigo hotel, hoje centro cultural, com exposições e, nesta semana, oficinas de instrumentos musicais. A flauta, a flauta era a que mais me chamava a atenção. Assim, digo agora o que então ocorrera na noite de segunda-feira.
Estava diante um paradoxo, participar de uma dinâmica em uma multinacional em Jundiaí ou retornar a Ribeirão e disputar uma vaga única com o cara com a melhor nota da sala, várias iniciações científicas e vários títulos e prêmios acadêmicos? Ribeirão, a mesma Ribeirão pela qual sou apaixonado, mas que teimava em eleger os mesmos políticos a décadas, a mesma Ribeirão que me expulsara de seu grupo no facebook nessa mesma segunda-feira, feito ditadura, após eu demonstrar sutilmente minha insatisfação com o resultado das eleições.
Não tenho aulas às quintas; sexta é feriado, dia das crianças e de N.Sra Aparecida (interessante, agora lembro que na terça eu explicava para minha mãe como se abreviava N.Sra, após ter pesquisado na internet; porém ainda não salvei no computador de casa umas fotos que ela me pediu, apenas aqui no note e no pendrive). Assim, parecia não haver prejuízo se eu voltasse para casa e por lá ficasse durante toda a semana. A questão era, ia na segunda mesmo ou esperava pela manhã de terça-feira. Mais uma vez, tive a paciência correta.
Estaria a garota a fim de mim? De mim? Logo de mim que nunca tive namorada? Quem nunca havia beijado além de três beijos de despedida há três anos, porém totalmente mal feitos, pois errei ao seguir o conselho de um amigo sobre como se beijaria. Mas realmente a fim de mim? Curioso é o destino. A palestra na empresa no domingo havia sido de auto-estima, contive-me em minha educação, em meu interesse pelo lugar e em meu estranhamento sobre o tema, esperava uma apresentação da empresa, não questões morais. Porém é como aprendemos no teatro, alguém apresenta algo, não criticamos, não julgamos, aceitamos a ocasião, aceitamos a coragem em apresentar, aceitamos a dedicação.
Se eu voltasse para casa, seria por uma semana, muito tempo para um engenheiro que vive seus anos de graduação resolvendo grandes problemas todo tempo, velozmente, pois dezenas, centenas de outras questões aparecem todo momento.
Fui então até uma das bibliotecas da universidade, onde passei uma manhã a tirar dúvidas de física para a prova de mestrado da garota. Raramente frequento a biblioteca da física; utilizo a da engenharia, por ser do curso e, às vezes a da química, por ser mais perto. Resolvi ir até lá, queria a encontrar e a encontrei, estudando.
Disse que fui fazer uma visita, discutimos alguma coisa de física, ela me disse que esperava por um rapaz, um doutorando em física, que lhe daria aulas particulares do tema. Foi a segunda vez que senti ciúmes; mas logo ela disse que era pago e entendi que o professor estaria lá para dar aulas. Ciúmes mesmo foi em outro instante, ao final da peça naquela outra noite, ela me disse parabéns, eu respondi com um abraço, não tão forte como de um homem que aparecera depois, mais alto, mais velho, mais forte; mais íntimo, pensei. A felicidade me veio quando comentou no encontro da semana passada, no qual discutíamos sobre as impressões causadas pela peça, que o namorado de uma amiga lhe viera retribuir o abraço – que a personagem dela dava no público. O namorado de uma amiga, então entendi.
A aula seria das 19h às 21h. Anotei seu telefone, enviei uma mensagem às 19h25min, uma mensagem bem curta, citando um lugar e um horário, 21h30min, comer açaí – o açaí foi ideia de outro amigo, um dos dois com quem me reunia na biblioteca da engenharia para fazermos um trabalho que deveria ser entregue na manhã seguinte, terça-feira. Ele é um amigo sábio, já devo ter escrito algumas vezes sobre ele, sobre eles, aqui no blog.
Fui tomar banho, enviaria o trabalho por e-mail e entregariam para mim. Ela respondeu às 21h08min, depois deu ter atendido rapidamente ao telefone quando um amigo – o mesmo que me foi comigo a São Paulo – dissera ter sido chamado a uma dinâmica – na mesma Jundiaí que deixei de ir na terça-feira, ontem.
21h08min: NOME, vc foi pro top a¿ai??
21h09min: Não ainda, mas me dirijo à rodoviária ali perto.
21h10min: Vc partir¿ q hras??!
21h11min: Amanhã só. Está com fome?
Eu ainda estava na faculdade, virei, passei pela praça, voltei à biblioteca. Ela se encontrava em outro lugar, em uma sala de vidro, passei atrás dela e a vi com o celular. Digitou alguma coisa, estava respondendo a mim.  Porém a vi aquando apagou a mensagem e começou a reescrever. Estaria em dúvida? As mulheres perfeitas também seriam meninas quando sozinhas? Também não sabem o que dizer?
Saí para que não me visse, esperei com o celular na mão do outro lado da parede – que não é de alvenaria, mas aquela repartição. Ela demorou para responder, ou estariam os segundos durando horas? Decidi entrar na sala, ela estava com fome, quis terminar de ler uns tópicos antes de ir; enquanto eu li a prova de um ano anterior.
Fomos ao açaí, pedi um sabor diferente para que ela pudesse experimentar, conversamos sobre muitos assuntos, saímos pouco antes do estabelecimento fechar. Voltamos a seu carro e ela me deixou na porta do alojamento da universidade, enquanto o rádio sugeria músicas românticas e outras músicas também.
Não me recordo de quem se referiu primeiro à lua, ela, ela quis ver a lua e eu disse ter descoberto um lugar em que desse para vê-la como no sítio, o campus da universidade vizinha, onde ela estuda. Era madrugada, mas fomos para lá. E então sentamos na grama – na segunda tentativa, depois do formigueiro da primeira – próximos a uma mata e a um prédio didático.  A lua não estava lá – ela disse que há alguns dias não a encontrava – mas havia estrelas, a grama, ela e eu. Conversamos ainda sobre muitas coisas e, após um pequeno silêncio, eu perguntei: “sabe do que tenho medo?”. Tinha medo de me declarar e então não podermos mais sentar na grama em uma madrugada, sem recordar uma recusa e viver em um clima túrbido. Disse que tinha medo de dizer que estava a fim dela.
Ela iniciou sua resposta, sua primeira palavra me trouxe à mente o início daquele modo educado de se dizer não, de dizer que somos apenas amigos. Acho que sua segunda palavra também; porém ela me surpreendeu, disse também estar a fim de mim.
E agora? Então nos beijamos, ela me ensinou a beijar, e deitou-se em meu ombro, ficamos por horas pela madrugada. Tinha meu trabalho a entregar, e ela sua prova, mas nada mais importava, nada que não fosse no plural, no nós.
                Outros minutos, hora – não sei ao certo, para mim pareceram dias – passou-se entre os bancos da frente de seu carro quando me deixara no alojamento e nos beijávamos.
                Passou-se a terça-feira. Amigo, lembranças, entrevista, hotel, catedral, centro cultural, casa, família...  Não a liguei no dia seguinte, porém deixei uma mensagem subliminar no recado que enviei ao grupo de teatro, avisando que me ausentaria esta semana – em resposta ao e-mail dela, que não frequentaria esta semana, pois a prova do mestrado se aproximava. À noite decidi aprender a tocar a flauta que minha avó me dera, há um ótimo professor no youtube. Também decidi retornar a São Carlos e para cá vim hoje pela manhã. Ela toca flauta.
                Hoje tive apenas uma aula, o professor faltara da segunda. Ou devo dizer ter tido duas, caso conte a aula de dança. Procurei por ela na biblioteca três vezes ao longo do dia. Na primeira ocasião, levava uma trufa de morango, que ficara em meu bolso até após o almoço, quando eu já constatara que havia derretido. A parte engraçada é ter guardado o celular no mesmo bolso.
                Na segunda tentativa eu ficaria a estudar por lá, porém meu touchpad decidiu não funcionar e retornei à biblioteca da engenharia. Na terceira tentativa, encontrei seu carro e agi rapidamente, num plano de repente, talvez genial, talvez não.
                Voltei à engenharia, liguei o computador, encaminhei para meu e-mail a partitura de uma música romântica que conheço, cuja banda por ela foi curtida no facebook. Fui ao xérox em uma das saídas do campus, imprimi, retirei o título e voltei para o alojamento.
                Lá, ainda em dúvida se eu deveria fazer o que planejava, procurei por uma fita adesiva – a essa hora a papelaria já deveria estar fechada – e, então, dentro de meu guarda-roupas, avistei aquele porta canetas e porta clipes que havia comprado e ainda não aberto, era embalado por uma folha plástica decorada e amarrada por uma fita de cetim, já com as pontas enroladas, em uma cor próxima ao rosa e ao bege.
                Enrolei as folhas da partitura no cetim e, para não ser visto com elas no campus e não amassá-las, guardei onde guardo a flauta que minha avó me dera. Atravessei o campus, temia não encontrar seu carro após ver algumas vagas livres. Então avistei, retirei as duas folhas da bainha da flauta, com certa dificuldade, pois o papel ficara preso por alguns instantes. Amarrei o cetim no limpador de parabrisas com as folhas enroladas e agora me encontro a contar essa história para jamais esquecer esses dias em que, como disse meu amigo na sorveteria, as coisas parecem ir tomando seu rumo e darem certo, complemento dizendo que são dias em que estou em diversos cenários, com diversas histórias, como  nos filmes, como enxergo a vida, que acontece como eu desejo.
                Abrir mão de uma vaga de emprego torna-se mais prazeroso que a conquistar, é sinal de maturidade, além disso, há uma chuva de oportunidades. Passear em São Paulo, entrar na Catedral – há um bom tempo não vou a uma missa – maravilhar-me com o centro cultural, as ruas do centro, as ruas do bairro, dirigir pela cidade, aulas, pesquisas, provas, apresentação teatral, dança, contar boas notícias, comer açaí, compartilhar açaí, olhar para o céu noturno sentados na grama, beijos no carro, braços, pescoço, rosto, boca, tocar pessoas, amar, fazer alguém feliz...



    Programo o blog para publicar este texto daqui há alguns dias, vou esperar o que vai acontecer antes de contar a notícia...



     Bem, hoje é 30 de novembro, volto ao texto, não o reli ainda, mas vim publicá-lo no blog...





























Primeira lições sobre como conquistar


O que é a verdade? Muitos de nós – sobretudo os nerds – somos movidos pela busca das verdades; no entanto, caro leitor, não é a verdade que convence, é o modo como ela é dita.
Às vezes, a lógica pode favorecer conceitos opostos, a isso chamamos contradição e, como bem sabemos, mulheres são contraditórias. Porém, antes de nos referirmos a elas, acompanhe o seguinte exemplo.
Muitos acreditam que a fotografia de Kirlian é capaz de revelar a aura humana (ou de outros animais, plantas e minerais), isso se torna crível quando nota-se que a foto kirliana de um indivíduo altera conforme seu estado de saúde. Por outro lado, esta foto não funciona no vácuo; logo, não revelaria sinais sobre a alma. Assim, qual evidência é mais “verdadeira”?
Ainda que o que eu tenha escrito acima faça sentido, pode ser que você não tenha entendido absolutamente nada e saltado esse parágrafo.  
A política está repleta de contradições, “provas” aceitáveis sobre conceitos contrários. Contudo, hoje não nos aprofundaremos nessas questões e voltaremos ao sentido inicial do texto.
E o objetivo a ser dito é: você age errado tentando agir corretamente; para passar uma boa imagem, não basta medir suas palavras, pois a linguagem não verbal costuma ser mais observada que a verbal em uma interação, principalmente entre desconhecidos.
A primeira lição que aprendi chama-se “seja indisponível”, se não tem o que dizer é por que não há algo para ser dito e, cada minuto mostrará o quanto você não tem o que fazer, mas quer chamar atenção. Solução: afaste-se, quanto mais tempo falar, maior a chance de dizer besteiras.
Particularmente, não vejo tanto problema em ser ansioso ou falar rapidamente. A diferença é que, se assim agir, será tomado como um nerd; porém, se se manter calmo e com uma boa postura, será visto como um sábio.
Não fale de si, muito menos se declare antes dela. As coisas perdem a graça depois que conhecemos todo seu funcionamento. Confie em mim, sou engenheiro e digo que depois que sabemos como algo funciona, esse algo se torna simples demais e passamos a procurar desafios mais difíceis.
Por outro lado, nunca faça um questionário; deve deixar que ela fale mais que você, contudo ela só fará qualquer movimento quando se sentir confiante.
Neste momento, caro leitor, você pode estar dizendo: a vida seria tão mais simples se todos seguissem a lógica, uma explicação rápida do que se quer e pronto. Bem, não deu muito certo com o matemático do vídeo abaixo, cuja incorporação foi desativada; porém segue o link.
Acontece que mulheres não pensam como homens, é outro tipo de raciocínio e a verdade é que nós homens preferimos mulheres que não fazem exatas (contraditório, não?). Não que esses “jogos” sejam necessários; porém você precisa passar a conhecer e corrigir defeitos que não conhece ou teima em assumir não ter.

Ontem foi a noite da grande lua


                Eu deveria ter começado a escrever mais cedo, mas fiquei assistindo a comédias de um grupo teatral no youtube. Já comentei certa vez aqui no blog que vejo o cigarro como uma das tentativas de escapatória que os homens têm para disfarçar a covardia; assim também, algumas vezes ouvimos músicas para tentar preencher um vazio, ou cosplays vestem-se como desenhos animados para se aproximarem de um mundo distinto onde desejam viver ou terem nascido.
                Temos que o mundo não é ideal, por exemplo, na engenharia, ao analisarmos a resistência de um material, temos de dividi-la por vários coeficientes de segurança e, na prática, a resistência é menor; no entanto, quando partimos do principio de conhecermos e aceitarmos este valor real, não nos parece que o mundo é uma queda brusca de algo idealizado.
Tentam-se explicar alguns fenômenos pela ciência, ainda que ela se baseie em axiomas (os dogmas científicos). Alguns dias então cá estou cheio de perguntas de difíceis, complexas, complicadas ou impossíveis explicações. Será que uma raiz negativa em uma equação de Maxwell pode significar uma resposta antecipada de um fenômeno influenciado pelo pensamento humano e que altera experimentos aleatórios? No entanto não cheguei a aprender as equações de Maxwell nas aulas de física (muitos engenheiros poderiam ter prestado física, caso ela tivesse o respeito, as oportunidades de trabalho e outros tantos adjetivos que a engenharia proporciona na sociedade) e, assim, desconhecendo tantas coisas do mundo vejo nossas verdades como aquela criança que não entendia, mas pensava compreender, a palestra no observatório sábado à noite, há uma explicação ainda inatingível pelas bases que possui.
                Possuímos bases fortes, quem sabe consigamos descobrir mais coisas.
                Bem, escrevi alguns textos relacionados a acontecimentos particulares nas últimas semanas, embora sem ter postado aqui, talvez ainda poste após outra reorganização.
                Boa noite, senhores. Deixo aqui uma música que encontrei hoje na internet, daquelas que já ouvimos, achamos bonita e tempos depois descobrimos nome, letra, cantor e verificamos que realmente são bonitas e que as décadas passadas parecem ter produzido obras melhores.


    Ontem foi a noite da grande lua no céu, céu que anteontem já estava bem claro no palquinho da faculdade, numa noite agradável, embora a garota que convidei não tenha comparecido. Não se preocupe com a grande lua, terá o dia em que a lua brilhará especialmente para vocês.
   *Apesar do paragrafo acima e de minha admiração pela garota que citei, não postei a música por causa dela.

A canção que todo nerd deveria ouvir


                Ribeirão Preto, interior de SP. Um ribeirão divide as zonas oeste e sul, divide a cidade entre ricos e pobres e a nascente deste rio se confunde com a nascente desta divisão: feudos, condomínios fechados, ilhas, grupos que decidem pelo mundo, desigualdade social.
                No entanto a desigualdade cultural não tem suas fronteiras tão claras e jovens de todas as regiões tentam vencer na vida. A vitória está associada a bons currículos, que, por sua vez, estão associados a boas experiências: cruzar o rio, conhecer a margem dos detentores do poder. E em uma reflexão sobre valer ou não a pena estudar no exterior e trabalhar pelo mundo no que o mundo espera (mesmo que este dinheiro seja destinado a projetos sociais), componho uma nova letra à canção Everybody’s Changing da banda Keane.
                Afinal de contas, o currículo nos pode trazer admiração, mas não nos traz amor. E a vida como lhe ditam na outra margem nem sempre é a mesma que lhe fará feliz.


Música: to cross the stream (atravessar o ribeirão) 
(alterada com base em Keane - Everybody’s Changing)
 
You live trying to cross the stream (Você vive tentando cruzar o ribeirão)
But when I ask you about, (mas quando eu te pergunto,)
you don’t know to explain (você não sabe explicar)

You progress, you go on (você proguide, você avança)
And I can see the will in your eyes (e eu posso ver a vontade em seus olhos)
Says, it's the world's wish (diz: este é o desejo do mundo)
though I don't know why (embora eu não saiba o porquê) 

A whole life of dedication to some aim (uma vida inteira de dedicação a algum objetivo)
Life makes no sense when the aim doesn’t have the same aim (a vida não faz sentido quando o objetivo não tem o mesmo objetivo)
Try to stay awake and remember your hand (tente ficar acordado e relembre sua origem)
‘cause life is a mystery that you have to control (porque a vida é uma incógnita que você deve controlar) 

If you go from here (se você partir daqui) 
Maybe you will be disaffect (talvez você estará desafeiçoado) 
Unlearning that love is what counts (desaprendendo que amor é o que conta) 
So why don’t you understand (então por que você não entende) And make your own life? (e construa sua própria vida?) 

Now is the time of understand about life (agora é o tempo de entender sobre a vida)
She’s not that story of playing a game (ela não é aquela história de jogar um jogo)
Try to stay awake and remember your hand (tente ficar acordado e relembre sua origem)
Let it makes you happy and please do her the same (deixe a vida fazer você feliz e por favor faça o mesmo a ela) 

Now is the time of understand about life (agora é o tempo de entender sobre a vida)
She’s not that story of playing a game (ela não é aquela história de jogar um jogo)
Try to stay awake and remember your hand (tente ficar acordado e relembre sua origem)
Let it makes you happy and please do her the same (deixe a vida fazer você feliz e por favor faça o mesmo a ela)


Talvez eu pudesse ganhar o mundo, ser bilhonário longe daqui, mas este não seria eu.

Letra original:
You say you wander your own land
But when I think about it
I don't see how you can
You're aching, you're breaking
And I can see the pain in your eyes
Says, everybody's changing
And I don't know why
(Chorus)
So little time, try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing and I don't feel the same
You're gone from here
Soon you will disappear
Fading into beautiful light
'Cause everybody's changing
And I don't feel right
(Chorus Twice)
So little time, try to understand that I'm
Trying to make a move just to stay in the game
I try to stay awake and remember my name
But everybody's changing and I don't feel the same

Texto escrito em 18/03 e guardado em uma pasta na área de trabalho


                Daqui a alguns anos lembrarei a importância destas semanas. Assim registro que talvez eu pudesse me graduar também na Holanda ou Portugal pelo CsF, mas só a probabilidade desta conquista já me contenta. Além do mais o diploma da USP me permite mandar catar coquinhos ao chefe que exigir futilidades demais, pois, segundo a lógica capitalista, é o funcionário quem vende e não troco meu produto por uma vida de President Jack Campbell em The Family Man.
                É incrível também como aprendemos que ambos os lados podem ter bastante razão, ao ponto de que CsF é realmente o “bolsa família da classe média” bem como uma oportunidade para N experiências no currículo em faculdades superiores ou inferiores às dos bolsistas.
                Mas não, não é uma bolsa “família”, é uma bolsa do “vai pro mundo, meu filho e deixe sua família longe”. O currículo vos trará emprego e admiração, mas mesmo no topo da Pirâmide de Maslow saiba que há substantivos e adjetivos ainda mais importantes.
                Sou da zona oeste, margem esquerda do ribeirão que divide parte do povo dos detentores do poder, que se isolam em seus feudos ou em suas viagens pelo mundo de modo a não saber o que é ter um lugar para realmente chamar de seu.
É bem verdade, não se usina um eixo sem retirar cavaco, não se conforma sem deformar, nem se funde sem arder. Assim há escolhas e preços

19 de outubro

19 de outubro, há vinte, vinte e um anos sinto a Terra passar por esta rotação, mas não somos mais os mesmos de 1932. Contudo o que dizem os pesquisadores daqui (da USP) quando não podem demonstrar equações aos alunos? Fé, sim, o “acredite nisso” é sinônimo científico para fé; até que, um dia entendemos os porquês. Os porquês da vida são muito mais complexos que essas outras equações; entenderei todas elas, espero que ainda em vida.


Tenho muito que fazer, muito que trazer para o mundo corpóreo, muito que aprender, que ensinar e muita saudade de quando o saber eram sonhos que você me realizava, peço que estejamos lado a lado, Feliz Aniversário vó.

Resumo da ciência e tecnologia na antiguidade, parte I

   A tecnologia sempre esteve alinhada à evolução da civilização; em particular, em se tratando da antiguidade, podem-se destacar os instrumentos de caça e de guerra; guerra que tem origem em disputas de posses de terras, de alimentos ou de fêmeas e modo que, para Freud, o Impulso Civilizatório pode levar a avanço ou a retrocessos, como a guerra.


   As civilizações, embora analisam-se aqui as civilizações ocidentais, surgem ao redor de rios, local que proporcionaria a seus habitantes água, comida e transporte (fluvial). Surgem em um momento em que se encerra a última era glacial. Assim, conclui-se que mudanças climáticas levam a mudanças sociais. Com Arábia e Saara transformados em desertos, povos se direcionam sobretudo ao Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia), Indo (Índia/Paquistão) e Rio Amarelo (China).

   A tecnologia evoluiu no sentido de fabricação de novas armas de caça ou sistemas de irrigação. Em particular, uma alavanca para retirar água de poços, a cegonha ou picota.

   Nas primeiras aldeias surgem os princípios de comércio, propriedades privadas e templos religiosos. Em seguida, técnicas para manuseio dos metais Bronze e Ferro e noções de geometria e matemática (moldes, rodas e barcos). Além das armas e instrumentos de irrigação, vale relembrar de estruturas como a Stonehenge e as pirâmides.

   Nas primeiras cidades, entre as quais se destaca a Babilônia, metrópole comercial entre árabes e indianos, onde encontrava-se a Torre de Babel, foram inventados a escrita, os calendários, os primeiros instrumentos musicais e primeiras manifestações artísticas. Em relação à escrita, seu uso devia-se muitas vezes para a construção de escrituras de terras, mapas, literatura e filosofia. Devido ao alto custo do papiro e fragilidade da argila, decisões governamentais no Egito também foram escritas em colunas.

   Às noites, na ausência de todos os afazeres ou entretenimentos atuais, pessoas olhavam as estrelas e repararam a repetição no padrão da marcha desses astros, o que levou à introdução de calendários, usados no planejamento da agricultura (quanto tempo levaria para as estações, para a colheita, mudanças de fases da lua...). É curioso destacar ainda que várias civilizações compartilharam de alimentos trabalhados como pães e bebídas alcoólicas.

   Em relação ao surgimento da agricultura, não é difícil acreditar que se deveu à observação feminina aos ciclos das árvores. Surgiram também a ourivesaria, prataria e joalherias.
   É possível visualizar tipos de barcos da antiguidade aqui. Alguns historiadores acreditam que mesmo os barcos egípcios já teriam tido contato com a América, levando à teoria de uma antiguidade globalizada; barcos esses, superados pelos fenícios e gregos.

   Grécia das cidades-estados e topografia acentuada; Atenas, berço da democracia e da Ágora, onde ocorriam eleições.

   Grécia helênica, da arquitetura baseada em princípios matemáticos, da fabricação de vasos e outros artefatos resistentes e belos. Grécia do nascimento da especulação científica.

   Grécia da arché; para Tales de Mileto, tudo é alteração de diferentes graus da água; para Anaximandro de Mileto, o Apeíron, ilimitado; para Anaxímenes de Mileto, o ar, presente em tudo; para Heráclito de Éfeso, o fogo que transformava a matéria; para Parmênides, se se quiser entender a essência das coisas não se deve olhar para o que muda, mas para o que é imutável, eterno. Para Pitágoras de Samos, o número; para Empédocles de Agrigento, terra, ar, fogo e água unidos pelo amor e separados pela discórdia; sentimentos por trás da física, não o contrário. Para Anaxágoras de Clazomena, as homeomerias, fantástico. Para Demócrito de Abdera, o átomo.

   “Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai”. Heráclito de Éfeso

   Alexandre III da Macedônia, apaixonado pelo conhecimento, uniu em suas Alexandrias a astronomia e a medicina Egípcia, com conhecimentos indianos e de muitos lugares do mundo que conheceu. Alexandria egípcia, aliás, para onde “fora” a academia platônica e tantos outros conhecimentos na fundação da biblioteca.

   Muito foi conhecido em Alexandria, o moinho d’água, a prensa de Tornillo, a gastrofeta, a astronomia de Ptolomeu; o inventor Arquimedes da Clepsidra e do parafuso infinito; Heron do órgão tocado pelo vento, dos brinquedos a vapor.
Continua...




Imagens: picota, http://oficina.cienciaviva.pt/~pvi455/cartaz3.pdf; barco, http://phoenicia.org/ships.html; praça, www.dearqueologia.com; parafuso infinito, pt.wikipedia.org;

Sobre o emergente Brasil aos habitantes covardes, corruptos ou ignorantes

   Assisti a uma aula interessante em uma disciplina de elementos de máquinas. Não menos importante que as demais, mas destacável por fugir um pouco das equações para “equacionar” o contexto humano em que se encaixam.


   Aos poucos acredito que se desfaz a divisão entre as exclusividades de projeto e P&D no primeiro mundo e fabricação e manutenção aos países menos desenvolvidos, ao menos, no caso do Brasil, meio termo em saber exatamente onde se encontra no contexto econômico mundial.

   Desenvolvimento e independência tecnológica possuem a mesma natureza ou talvez a natureza do desenvolvimento seja a independência tecnológica a qual está vinculada à engenharia de projetos.

   Um país não vive sem médicos e enfermeiros; não se organiza sem advogados e policiais; não se conforma sem gerontólogos e sociólogos e não se desenvolve sem cientistas engenheiros. Em cientistas, incluo todo tipo de pesquisador, especialmente químicos, físicos e matemáticos que proporcionam as ferramentas para que a engenharia torne as ideias possíveis.

   Assim a engenharia ocupa uma posição central entre pesquisa e conhecimentos físicos; condições políticas, psicológicas e econômicas; idealizações – design, arquitetura e arte – e, finalmente, tecnologia e fabricação.

   O que é um produto? Uma saca de 50 kg de batata está saindo hoje por 16,50 (acho que em reais) em Guarapuava – PR; um Ford Ka sai por R$23.990,00 e a licença do AutoCAD por uns R$: 4.000,00. No entanto não se gasta meio quilo de hematita na construção do software, a menos para a cadeira do programador. Assim uma ideia vale muito mais que um produto. Uma raridade, mais que um profissional, qualquer que seja.
Imagem: embaixada-portugal-brasil.blogspot.com
   Às vezes alguém sem ideia, ou com ideias para alguns injustas, consegue se dar bem. É o caso do Japão, com sua engenharia reversa. Quebrado nos anos cinquenta, o país passou a copiar produtos estrangeiros diminuindo o custo e a qualidade até aprenderem a aumentar essas grandezas quase diretas.

   Agora é a vez de outros países, como a Coreia. É mesmo inegável que se desenvolveu por investir em educação? Compra-se um bom carro europeu, cuja produção teve custos com pesquisas em diversas (e são mesmo muitos os fatores relevantes na fabricação de um veículo: esboços, planejamentos, dimensionamentos, verificações de cálculos, definição de materiais, produção, análise de custos, preocupação com funcionários, marketing, assistência técnica, fabricação, protótipos, testes, avaliações, alterações, funcionários...), desmonta-se o carro, coloca peça por peça em um “scanner gigante” e as coreanas simplesmente copiam a tecnologia e revendem por um preço menor.

   No Brasil, mais um país explorado e de administração corrupta, aqueles que têm a oportunidade de estudar em boas instituições muitas vezes abandonam a “pátria amada” para doarem suas criatividades a gringos (e enfatizo, “de graça”, pois, ainda que recebam altos salários, suas ideias valeriam mais do que “salários”, mas o desenvolvimento de seu país).

This's not Brazil, but there's it here and she's too beautiful
   Poder na mão de corruptos, criatividade em mentes covardes e pés infelizmente ignorantes que milhões de brasileiros usam em seus caminhos inseguros. Há exceções.

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