Na Avenida Lisir Eva...

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Sobre muitas coisas da vida. Vida, dias perfeitos.



Começo a contar esta história em uma tarde de dia útil, foi uma terça ou quarta-feira há algumas semanas, quando caminhava em direção ao bloco de aulas da Engenharia de Produção e ali pela praça no centro da universidade, em um estande fixo de madeira, crianças vendiam porta canetas e clipes e panos de prato, se bem me lembro.
As vendas são destinadas à manutenção de um projeto social do qual essas crianças participam aqui mesmo na universidade, não muito longe de onde me encontro esta noite a escrever este relato. Comprei então um porta canetas e o deixei guardado, ainda fechado, dentro de meu guarda-roupa, em uma folha de plástico transparente decorado.
Então se seguiram os dias, trabalhos escolares, provas, pesquisas para o TCC, iniciação científica e, em especial, destaco nossa apresentação pelo nosso grupo de teatro, cujos ensaios ocorrem no salão cultural do nosso centro acadêmico – embora o grupo não se restrinja a estudantes desta instituição.
Em um dos encontros no semestre passado, falávamos por algum motivo sobre dança e uma garota disse ter vontade de dançar. Então, comentei que ali no centro acadêmico havia cursos de danças, mas eu não participava por não ter um par. Ela lançou o convite e concordei; porém isso foi deixado para depois das férias, que se aproximavam após as corridas semanas de provas de final de semestre.
As aulas voltaram em agosto, neste mês fui com um amigo a uma festa junina aqui na arquitetura e encontramos com o pessoal do teatro, donde formamos dois casais para as aulas de dança de salão. Foi que minha parceira teve de faltar – após um pedido de desculpas – e meu amigo desistiu do curso, pois era no horário de almoço. Deste modo, aconteceu de eu trocar definitivamente de par para a aula de dança.
Dança é uma bela arte, mais belas são as danças circulares e as de casais, como valsa, bolero, ou mesmo forró, samba de gafieira e salsa, mais comuns na cidade. Bela não para ser o único homem a saber dançar e aproveitar de todas as meninas, mas pela arte do encanto, do encantar, pelo prazer em acertar, em entender um mundo diferente do que estamos acostumados.
Dancei uma tarde, no ano passado, assim, de repente; durante um intervalo dos ensaios, alguém colocou My Girl de The Temptations – aquela música do filme “meu primeiro amor” – Foi com a mesma garota que quase se tornou minha parceira de danças aulas. A mesma que, no final do ano passado, em seu aniversário, fui escrever alguma mensagem em seu facebook e me dei conta de como ela possuía a rara combinação de beleza, inteligência, ser divertida, humilde e cativante – curioso que no último final de semana assistia a um filme em que esta era mais ou menos a frase que o protagonista dizia a sua esposa, só agora me dei conta disso.
Com essa mesma garota, passei algumas noites, dias inteiros, mesmo madrugadas a ensaiarmos para a apresentação ocorrida em setembro, há umas duas semanas e meia. Estava quase todo o grupo, mas como a peça era formada de muitas cenas individuais, fiquei a ensaiar com ela nas salas ao lado.
E ela dançava, livre, opunha-se aos demais personagens da peça, pessoas que não se tocavam, que ficavam imersas, mergulhadas em um sistema de egoísmo e consumismo, o qual a peça criticava. Ela dançava, bela, com suas roupas finas e leves.
Em um ensaio, um spot de luz acendeu antecipadamente sobre nós, ficamos – eu, pelo menos – imóveis, como quem é pego no flagra fazendo alguma coisa que não poderia ser vista.
Esse é parte do contexto da história que venho contar, uma parte bem pequena, muito resumida, sem citar o coração de papel que a entreguei na madrugada,  as conversas que tivemos em seu carro na volta dos ensaios – mesmo que eu morasse a poucos metros dali, no alojamento da universidade – do que falamos e nos conhecemos... Do que gostamos falarei um pouco e então prossigo a contar.
Gosto de filmes, de histórias de filmes, de cenários de filmes, de quando as coisas em nossa vida acontecem como nos filmes; como aqui na universidade, quando chovem flores e estamos a caminhar, quando faz frio e usamos casacos, quando vencemos, quando vemos o trem, quando viajamos e olhamos o horizonte pelo caminho. Ela gosta da lua, de ver a lua em sua pequena cidade do interior, onde as nuvens não refletem as luzes de uma grande cidade, deixando o céu escuro, misterioso e encantador.
Apresentamos então a peça, fomos muito parabenizados, embora eu estivesse pessimista devido ao pouco tempo de ensaios e de, particularmente, estar cheio de afazeres na graduação e meu personagem não ser tão engraçado como o do ano anterior.
Atendi seu telefone quando sua mãe ligou, sentia-me mais próximo e apaixonado. Gostaria de dizer, de beijá-la, tive a paciência correta.
De lá fui fazer minhas malas e os encontrei – o grupo – mais tarde na lanchonete. Partiria pela madrugada em direção à capital, para minha primeira dinâmica de grupo em processo seletivo de estágio. Então esperaria acordado, porém ainda era cedo quando deixaram a lanchonete, exceto ela, eu e seus amigos. E, então, foram também, fiz questão de que não precisariam me esperar.
Fui à capital, sozinho, mas um amigo me encontraria para levar-me da estação ao prédio. Metrô, bairros nobres, prédios, roupa social, café, vitamina, dinâmica de grupo, metrô, foto no MASP, depois lanche e outra vitamina, metrô, casa.
No domingo ela me escreveu, em meu mural no facebook, uma apresentação, como seria minha apresentação em uma empresa, um enorme parágrafo de elogios. Não soube como responder, disse que o faria pessoalmente e, após outro ensaio em uma noite, conversamos por certo tempo, poderíamos ter nos despedido com um beijo, não tomei a iniciativa.
No outro dia, mais uma vez partira eu rumo à capital, outra dinâmica, em bairro próximo ao de sete dias antes. Camisa emprestada, deixara as minhas em casa e o convite fora de repente. Desta vez fui com um amigo que também participara da dinâmica, aliás, muito mais organizada, onde tivemos muito mais liberdade e muito podemos aprender. Café, foto, almoço no shopping, trem, metrôs – em um deles, a campainha soou enquanto meu amigo estava na porta, puxei-o um instante antes da porta fechar. Mais um dia na capital com histórias a se contar.
Retorno, fim de semana em casa, visita à empresa de meu pai no dia da família, que começara com uma palestra sobre conhecer uns aos outros, auto-estima ou... bem, o dia começara antes, era dia de eleição, decepção com os rumos políticos de uma cidade que, embora grande e supostamente desenvolvida, está marcada desde sempre pelo coronelismo. Uma revolta que me desviava a atenção quando tentava fazer outras coisas, mesmo estudar na segunda-feira na faculdade.
Já à noite recebo novo convite, agora uma entrevista de emprego. Estava certo que na terça iria a uma dinâmica em Jundiaí, porém este novo convite me faria retornar à minha cidade, em um hotel próximo à prefeitura. Sempre gostei de andar pelo centro, principalmente quando chega o natal ou quando fica aquele clima londrino, nublado. Desta vez, seria um prazer diferente, passear pelo centro em roupas sociais, desfilar posso dizer. Nessa terça-feira, ontem, havia na praça central um ônibus do Menina Fantástica e uma fila de garotas que sonham no futuro serem modelos.
Primeiro tomei um sorvete com meu amigo e contei a ele sobre o que acontecera na noite anterior. Ele ficou feliz, disse que sentia até mais feliz do que se tivesse sido com ele. Interessante dizer isso, pois o dia prometia um paradoxo. Eu e meu amigo, em nossa cidade, disputando a uma única vaga de emprego, eu, meu amigo e umas cinco pessoas com currículos inferiores. Meu amigo, dono da maior nota do curso e de um dos melhores, talvez o melhor, currículo de nossa engenharia entre as pessoas com quem convivo. Meu amigo, que namora uma garota que eu apresentei e que um dia eu mesmo pensei em namorar. E ele ficou feliz pelo que contei sobre a noite anterior, eu ensinei onde ficava a sorveteria, meu amigo.
Da sorveteria voltei ao centro, entrei na catedral, agradeci, olhando para a imagem no vitral, como costumo fazer quando entro lá. Observei a beleza da catedral e as palavras em latim, imaginando o que poderiam significar. De lá fui ao antigo hotel, hoje centro cultural, com exposições e, nesta semana, oficinas de instrumentos musicais. A flauta, a flauta era a que mais me chamava a atenção. Assim, digo agora o que então ocorrera na noite de segunda-feira.
Estava diante um paradoxo, participar de uma dinâmica em uma multinacional em Jundiaí ou retornar a Ribeirão e disputar uma vaga única com o cara com a melhor nota da sala, várias iniciações científicas e vários títulos e prêmios acadêmicos? Ribeirão, a mesma Ribeirão pela qual sou apaixonado, mas que teimava em eleger os mesmos políticos a décadas, a mesma Ribeirão que me expulsara de seu grupo no facebook nessa mesma segunda-feira, feito ditadura, após eu demonstrar sutilmente minha insatisfação com o resultado das eleições.
Não tenho aulas às quintas; sexta é feriado, dia das crianças e de N.Sra Aparecida (interessante, agora lembro que na terça eu explicava para minha mãe como se abreviava N.Sra, após ter pesquisado na internet; porém ainda não salvei no computador de casa umas fotos que ela me pediu, apenas aqui no note e no pendrive). Assim, parecia não haver prejuízo se eu voltasse para casa e por lá ficasse durante toda a semana. A questão era, ia na segunda mesmo ou esperava pela manhã de terça-feira. Mais uma vez, tive a paciência correta.
Estaria a garota a fim de mim? De mim? Logo de mim que nunca tive namorada? Quem nunca havia beijado além de três beijos de despedida há três anos, porém totalmente mal feitos, pois errei ao seguir o conselho de um amigo sobre como se beijaria. Mas realmente a fim de mim? Curioso é o destino. A palestra na empresa no domingo havia sido de auto-estima, contive-me em minha educação, em meu interesse pelo lugar e em meu estranhamento sobre o tema, esperava uma apresentação da empresa, não questões morais. Porém é como aprendemos no teatro, alguém apresenta algo, não criticamos, não julgamos, aceitamos a ocasião, aceitamos a coragem em apresentar, aceitamos a dedicação.
Se eu voltasse para casa, seria por uma semana, muito tempo para um engenheiro que vive seus anos de graduação resolvendo grandes problemas todo tempo, velozmente, pois dezenas, centenas de outras questões aparecem todo momento.
Fui então até uma das bibliotecas da universidade, onde passei uma manhã a tirar dúvidas de física para a prova de mestrado da garota. Raramente frequento a biblioteca da física; utilizo a da engenharia, por ser do curso e, às vezes a da química, por ser mais perto. Resolvi ir até lá, queria a encontrar e a encontrei, estudando.
Disse que fui fazer uma visita, discutimos alguma coisa de física, ela me disse que esperava por um rapaz, um doutorando em física, que lhe daria aulas particulares do tema. Foi a segunda vez que senti ciúmes; mas logo ela disse que era pago e entendi que o professor estaria lá para dar aulas. Ciúmes mesmo foi em outro instante, ao final da peça naquela outra noite, ela me disse parabéns, eu respondi com um abraço, não tão forte como de um homem que aparecera depois, mais alto, mais velho, mais forte; mais íntimo, pensei. A felicidade me veio quando comentou no encontro da semana passada, no qual discutíamos sobre as impressões causadas pela peça, que o namorado de uma amiga lhe viera retribuir o abraço – que a personagem dela dava no público. O namorado de uma amiga, então entendi.
A aula seria das 19h às 21h. Anotei seu telefone, enviei uma mensagem às 19h25min, uma mensagem bem curta, citando um lugar e um horário, 21h30min, comer açaí – o açaí foi ideia de outro amigo, um dos dois com quem me reunia na biblioteca da engenharia para fazermos um trabalho que deveria ser entregue na manhã seguinte, terça-feira. Ele é um amigo sábio, já devo ter escrito algumas vezes sobre ele, sobre eles, aqui no blog.
Fui tomar banho, enviaria o trabalho por e-mail e entregariam para mim. Ela respondeu às 21h08min, depois deu ter atendido rapidamente ao telefone quando um amigo – o mesmo que me foi comigo a São Paulo – dissera ter sido chamado a uma dinâmica – na mesma Jundiaí que deixei de ir na terça-feira, ontem.
21h08min: NOME, vc foi pro top a¿ai??
21h09min: Não ainda, mas me dirijo à rodoviária ali perto.
21h10min: Vc partir¿ q hras??!
21h11min: Amanhã só. Está com fome?
Eu ainda estava na faculdade, virei, passei pela praça, voltei à biblioteca. Ela se encontrava em outro lugar, em uma sala de vidro, passei atrás dela e a vi com o celular. Digitou alguma coisa, estava respondendo a mim.  Porém a vi aquando apagou a mensagem e começou a reescrever. Estaria em dúvida? As mulheres perfeitas também seriam meninas quando sozinhas? Também não sabem o que dizer?
Saí para que não me visse, esperei com o celular na mão do outro lado da parede – que não é de alvenaria, mas aquela repartição. Ela demorou para responder, ou estariam os segundos durando horas? Decidi entrar na sala, ela estava com fome, quis terminar de ler uns tópicos antes de ir; enquanto eu li a prova de um ano anterior.
Fomos ao açaí, pedi um sabor diferente para que ela pudesse experimentar, conversamos sobre muitos assuntos, saímos pouco antes do estabelecimento fechar. Voltamos a seu carro e ela me deixou na porta do alojamento da universidade, enquanto o rádio sugeria músicas românticas e outras músicas também.
Não me recordo de quem se referiu primeiro à lua, ela, ela quis ver a lua e eu disse ter descoberto um lugar em que desse para vê-la como no sítio, o campus da universidade vizinha, onde ela estuda. Era madrugada, mas fomos para lá. E então sentamos na grama – na segunda tentativa, depois do formigueiro da primeira – próximos a uma mata e a um prédio didático.  A lua não estava lá – ela disse que há alguns dias não a encontrava – mas havia estrelas, a grama, ela e eu. Conversamos ainda sobre muitas coisas e, após um pequeno silêncio, eu perguntei: “sabe do que tenho medo?”. Tinha medo de me declarar e então não podermos mais sentar na grama em uma madrugada, sem recordar uma recusa e viver em um clima túrbido. Disse que tinha medo de dizer que estava a fim dela.
Ela iniciou sua resposta, sua primeira palavra me trouxe à mente o início daquele modo educado de se dizer não, de dizer que somos apenas amigos. Acho que sua segunda palavra também; porém ela me surpreendeu, disse também estar a fim de mim.
E agora? Então nos beijamos, ela me ensinou a beijar, e deitou-se em meu ombro, ficamos por horas pela madrugada. Tinha meu trabalho a entregar, e ela sua prova, mas nada mais importava, nada que não fosse no plural, no nós.
                Outros minutos, hora – não sei ao certo, para mim pareceram dias – passou-se entre os bancos da frente de seu carro quando me deixara no alojamento e nos beijávamos.
                Passou-se a terça-feira. Amigo, lembranças, entrevista, hotel, catedral, centro cultural, casa, família...  Não a liguei no dia seguinte, porém deixei uma mensagem subliminar no recado que enviei ao grupo de teatro, avisando que me ausentaria esta semana – em resposta ao e-mail dela, que não frequentaria esta semana, pois a prova do mestrado se aproximava. À noite decidi aprender a tocar a flauta que minha avó me dera, há um ótimo professor no youtube. Também decidi retornar a São Carlos e para cá vim hoje pela manhã. Ela toca flauta.
                Hoje tive apenas uma aula, o professor faltara da segunda. Ou devo dizer ter tido duas, caso conte a aula de dança. Procurei por ela na biblioteca três vezes ao longo do dia. Na primeira ocasião, levava uma trufa de morango, que ficara em meu bolso até após o almoço, quando eu já constatara que havia derretido. A parte engraçada é ter guardado o celular no mesmo bolso.
                Na segunda tentativa eu ficaria a estudar por lá, porém meu touchpad decidiu não funcionar e retornei à biblioteca da engenharia. Na terceira tentativa, encontrei seu carro e agi rapidamente, num plano de repente, talvez genial, talvez não.
                Voltei à engenharia, liguei o computador, encaminhei para meu e-mail a partitura de uma música romântica que conheço, cuja banda por ela foi curtida no facebook. Fui ao xérox em uma das saídas do campus, imprimi, retirei o título e voltei para o alojamento.
                Lá, ainda em dúvida se eu deveria fazer o que planejava, procurei por uma fita adesiva – a essa hora a papelaria já deveria estar fechada – e, então, dentro de meu guarda-roupas, avistei aquele porta canetas e porta clipes que havia comprado e ainda não aberto, era embalado por uma folha plástica decorada e amarrada por uma fita de cetim, já com as pontas enroladas, em uma cor próxima ao rosa e ao bege.
                Enrolei as folhas da partitura no cetim e, para não ser visto com elas no campus e não amassá-las, guardei onde guardo a flauta que minha avó me dera. Atravessei o campus, temia não encontrar seu carro após ver algumas vagas livres. Então avistei, retirei as duas folhas da bainha da flauta, com certa dificuldade, pois o papel ficara preso por alguns instantes. Amarrei o cetim no limpador de parabrisas com as folhas enroladas e agora me encontro a contar essa história para jamais esquecer esses dias em que, como disse meu amigo na sorveteria, as coisas parecem ir tomando seu rumo e darem certo, complemento dizendo que são dias em que estou em diversos cenários, com diversas histórias, como  nos filmes, como enxergo a vida, que acontece como eu desejo.
                Abrir mão de uma vaga de emprego torna-se mais prazeroso que a conquistar, é sinal de maturidade, além disso, há uma chuva de oportunidades. Passear em São Paulo, entrar na Catedral – há um bom tempo não vou a uma missa – maravilhar-me com o centro cultural, as ruas do centro, as ruas do bairro, dirigir pela cidade, aulas, pesquisas, provas, apresentação teatral, dança, contar boas notícias, comer açaí, compartilhar açaí, olhar para o céu noturno sentados na grama, beijos no carro, braços, pescoço, rosto, boca, tocar pessoas, amar, fazer alguém feliz...



    Programo o blog para publicar este texto daqui há alguns dias, vou esperar o que vai acontecer antes de contar a notícia...



     Bem, hoje é 30 de novembro, volto ao texto, não o reli ainda, mas vim publicá-lo no blog...





























Textos inacabados


                Há alguns dias não posto, há vários dias.  Final de semestre, estive em meu recorde de tempo fora de casa e talvez isso tenha certa relação.  Contudo, nesse tempo pensei em escrever alguns textos e postá-los no blog, textos que ficaram incompletos ou nem foram escritos; textos que podem conter alguma mensagem ao leitor a partir dessas reflexões ou textos que sejam como diários, acontecimentos, feitos ou pensamentos que quero registrar; não que os textos consigam representar corretamente a intensidade com que os fatos acontecem (soma-se a isso que a leitura também depende do leitor), mas escrevo principalmente para relembrar acontecimentos e ensinamentos.

                A princípio, são quatro textos; o primeiro, escrito em 30 de maio sobre decisões que tomamos na vida; o segundo tentará relatar um memorável episódio de convivência, vida e aventura durante a graduação; no terceiro trarei a questão de ser um alguém participativo e, no quarto texto, refletirei um pouco sobre pesquisa, emprego, TCC e tecnologia.
                Ressalto novamente que esses textos vão sendo escritos conforme tento organizar pensamentos, sem preocupações com normas de dissertação, embora sempre com respeito à língua portuguesa (ou seria “com respeito com a língua”?).

Texto1: Futuro

De repente entre as notas mais altas em um dos cursos mais difíceis da melhor universidade. De repente oportunidades são possíveis por todo o mundo, porém sabemos menos sobre o futuro.
Mudar de casa para estudar é temporário, poucos moram em suas faculdades, apenas estão ali por alguns anos e sabem disso. No entanto, um estágio em outra cidade ou outro país pode ser o início de um “para sempre”. Algumas empresas afastadas dos centros urbanos possuem condomínios com comércio e escolas onde vivem seus funcionários. E trabalhadores podem ficar décadas em uma mesma empresa.
De repente queremos descobrir coisas novas, mergulhar na ciência, criar projetos inovadores e isso pode significar estar distante e esse distante pode significar distante de viver. Não digo em relação ao tempo de dedicação e tal, mas sobre distância física também.
Afinal, quais são seus objetivos além da faculdade? Vestibulinho, vestibular, formatura e depois? Depois é que você começa a viver? Mas como é essa vida se está a quilômetros de distância de seu mundo?
E de repente preferimos ficar em paz em nossas terras sem nos importarmos com glórias e riquezas. E, de repente, precisamos de riqueza para solucionar problemas em nossos mundos e de glória, por nossa própria honra e propósito.
Já pensou sobre onde estará daqui a três anos? E sobre onde quer estar? Observe há três anos, aquele prédio que não existia, aquele lugar que passou a frequentar como aprendiz onde hoje é diretor, as pessoas com quem convivia...

Texto 2: Para nossa viagem

                Como antecipado, deixo neste texto relatos sobre uma experiência na graduação: uma viagem com a turma. A princípio, apresentarei o contexto. Trata-se de uma visita técnica à usina nuclear de Angra dos Reis organizada pela secretaria acadêmica do curso (a secretaria formada pelos alunos) com 47 alunos, sendo a maioria de minha turma e, entre os demais, a maioria calouros diretos, embora na maior parte dos ditos de “minha turma” já tenha reprovado em algumas matérias de modo a não cursarmos muitas disciplinas juntos ou, explicando de outra forma, dos que mais convivem comigo, poucos foram. Isto não é um problema, apenas uma questão introdutória referente ao contexto.
Escrever:
·         Sobre a saída do ônibus
·         Sobre o violão no ônibus
·         Sobre os peixes do posto
·         Sobre a pá de turbina
·         Sobre o dia que durou semanas
·         Sobre a cidade histórica
·         Sobre os barcos
·         Sobre o almoço
·         Sobre o show
·         Sobre o jantar
·         Sobre os que beberam na praia
·         Sobre as inglesas
·         Sobre o ônibus montanha russa e a parada do ônibus na escuridão
·         Sobre a trilha
·         Sobre a corrida na praia
·         Sobre as meninas
·         Sobre o almoço na praia
·         Sobre as fotos na praia ao entardecer
·         Sobre os que surfavam nas ondas
·         Sobre a vila meio sinistra
·         Sobre os cachorros
·         Sobre o jogo de adivinhações
·         Sobre o segundo dia de show
·         Sobre a vista técnica


Texto 3: Ser participativo
Tempo de colheita, dezenas de atualizações a cada vez que lemos e-mails e redes sociais, eventos, projetos, congressos, trabalhos...
Escrever sobre a creche
Homem é movido a glória,
A quem muito foi dado, muito será cobrado
(abraçar o mundo, aceitar e dar conta de tudo...)
Ser participativo
Falar sobre o treinamento sobre como apresentar um traablho

                Sabe aquela expressão “passar na fila no céu”? Então, acho que me deixaram passar várias vezes em algumas delas de modo a ter recebido muitos dons e capacidade para tentar ou fazer todas as coisas.


Texto 4: sobre a encubadora de empresas

Sobre a sensação de viver em um país muito atrasado
Tecnologia de fora(http://noticias.uol.com.br/ciencia/videos/assistir.htm?video=bbc-click-comboio-de-carros-sem-motoristas-percorre-200-km-04020D9A326AC8C12326 e os vídeos sobre astronomia, enfim, coisas que fazer sentirmos vergonha de nossa tecnologia e, quem controla a tecnologia exerce um novo tipo de colonialismo “você quer? Então paga”, além disso, a questão das reservas naturais, Brasil possuir neodímio,nióbio, etc)
Política,
Sobre querer tecnologia de ponta
Fazer imagem para 9Gag ou deixar comentário no facebook:

Não estaria errado um professor que dissesse: “Bem, a matéria é essa, cai na prova e é só, não vão trabalhar com isso, pois seu país não comporta”.
Na Espanha a Volvo faz um comboio de carros viajar sem motoristas, no ______ a PayPal utiliza celular como cartão de compras, na ______ antenas procuram sinais extraterrestres; na Holanda se preocupam em colonizar Marte; os EUA constroem um muro gigante para parar furacões; na França se usa energia nuclear e, no Brasil, engenheiros se formam e tomam o emprego de administradores, trabalhando meses para pagarem impostos a um país que cresce 0,2%. Projeto Sirius, incubadoras, vamos indo, a passos sofríveis através da brasa da Brasília do Brasil, mas vamos indo, enquanto imagino o que mais a Europa estaria produzindo se não estivesse em crise. Talvez os políticos de lá saibam mais sobre o lado de se apertar um parafuso e menos sobre soja e Clementinas.

Etc

De nossa dança à economia mundial, meus rabiscos


Escrevo o texto abaixo de minha cama na madrugada, dividi em algumas seções que reúnem alguns comentários sobre temas que gostaria de armazenar aqui no blog, relativos a alguns temas e cenários que vivenciei esses dias. Não peço para que leiam e disso faço minha resposta caso não o curtam. Caso não esteja interessado na parte sentimental, pule para o terceiro tópico.

A Dança
                Noite de quarta-feira, faríamos uma apresentação, fizemos até, mas um tanto diferente do planejado a princípio e é estranho como um ator pode ser tão tímido às vezes com receio de não ter o discernimento da plateia e é estranho como um homem audacioso pode sentir vergonha defronte uma mulher ao desejar conquistá-la.
                Com algumas somos bastante descomedidos em todas as outras ocasiões. Uma em especial, temos facilidade em divertir, é inteligente, correta e desejada, dançamos forró pela madrugada (dançaríamos também samba, caso eu soubesse, mas aprendi os primeiros passos da gafieira) e caminhamos juntos quase até sua rua perto das quatro da manhã.  Por falar nisso, moramos na mesma cidade, temos muitos pontos em comum, pontos, linhas, planos, espaços, quiçá outras dimensões.
                Dancei também com sua amiga e a amiga de outra amiga, minha; servi no bar, um colega pediu-me cerveja de graça; encontrei amigos e conhecidos; cumprimentei uma garota que sentou a meu lado algumas vezes no ônibus; com outros amigos, comemos salgados antes do evento começar, um prato foi quebrado.... Uma, em especial, foi até meu quarto para que usasse o computador. Esta, se não tivesse namorado, talvez já tivesse ouvido um pedido meu. Namorou outros caras, sua família mora a centenas ou milhares de quilômetros, é possível que não concordemos em algumas ideias, mas dificilmente eu negaria suas vontades. Tinha um compromisso, mas gostaria que tivesse voltado para dançar.

Afazeres
                Continuo hoje a postagem, tenho algumas provas e trabalhos para esta semana, além de outro deveres que vamos adiando por falta de tempo, mas constato certa necessidade em postar, ainda que seja pessoal e o texto talvez não sintetize grandes ideias para tornar o leitor uma pessoa melhor.
Se bem que, neste sentido eu mesmo me convenço que devo deixar de escrever e ir logo dormir para estudar amanhã e aceitar esta sensação de que algo falta para completar o dia.

Política
                Alguns passam a madrugada na internet como fakes para atrapalhar discussões sérias, outros se comprometem em participar de ações, mas não vão à luta, refiro-me à manifestação contra os vereadores de Ribeirão Preto, que provavelmente recebe o apoio de toda a sociedade, mas poucos saem às ruas ou fazem algo para mudar sua comunidade. Certamente a maioria tem obrigações que impedem, ainda assim sinto uma geração covarde, preguiçosa e acomodada. Geração a qual eu pertenço, e a quem tais sintomas também tentam atingir. Ao dizer “geração”, refiro-me a qualquer idade, estudantes secundaristas, universitários, aposentados em descontentamento e vontade coletivos. Não há tanta complexidade em entender esta questão da câmara, ainda assim, poucos vão às ruas.
                Apesar disso, é um passo para o renascimento da pressão popular, com manifestações pacíficas e discernimento crescente.

Economia
                Estou cursando uma disciplina de economia, é interessante e conhecer essa “lógica” de humanas desde as simples classificações às ideias de admirável profundidade. Contudo, de repente, estamos em um ônibus de volta para casa, ao lado de uma cortadora de cana que pouco sabe ler e vemos que toda essa filosofia, ainda que a meritocrática ou a mais justa que você conheça, não consegue alcançar a justiça na prática.
                O leão que se alimenta de outro animal não o faz por maldade, mas por natureza. Se um engenheiro constrói a máquina, não é por insolência, mas por acreditar que homens não precisam de trabalhos brutos e repetitivos e que tal máquina elevará o desenvolvimento e ajudará a suprir as necessidades da sociedade. Porém, ao homem do campo, a máquina tira seu serviço; ele que trabalhava de maio a novembro, agora só recebe até agosto, pois próximo a este mês toda cana já está cortada.
                Economistas e outras tantas profissões geram produtos abstratos, mesmo o dinheiro é virtual e parte do mundo ainda não compreende. De repente eu e você também não compreendemos que em nosso trabalho, mesmo que façamos o certo, ainda podemos prejudicar.
                Em termos menos pessoais, por que nossas atitudes no mercado devem favorecer nosso Estado? Estranho esta frase ser escrita por um patriota. Reclamamos dos que se favorecem e depois de tanta filosofia, ainda vence a que diz que nossas atitudes devem ser focadas no favorecimento do e de todo ser humano.

Novamente, o amor.
                Vejo uma foto, ela sorri, sendo uma mulher, o tênis de garota, uma maquiagem rara, roupa e corpo de mulher. Baixei a discografia de Bon Jovi e procuro por outras belas canções além das muitas belas canções como Always, Misunderstood, It's My Life, I'll Be There For You, Thank You For Loving Me, Bed of Roses, All about Lovin' You, Never Say Goodbye, These Days e tantas outras em rítmos mais "animados". Encontro muitas, Open All Night, posto You Had me From Hello e Whole Lot of Leavin:





               Talvez aquelas foram apenas dança entre amigos e talvez seja o perdão dessa outra garota, mulher, o que eu procuro e me faz continuar a escrever sem me importar com as horas...
               Mas escrevo aqui no blog, sem que muitos leiam, e com mais liberdade, daí considerando um pouco mais útil que os choramingos de "forever alone" que testemunhamos no facebook. Citei três mulheres aqui (da dança, do computador no quarto e da foto), porém defendo não ser um diário, se o fosse, teria a maior parte das postagens referentes a equações. Portanto tento concluir com esta ideia, estes textos tentam passar algumas sensações e reflexões, mas, como com quaisquer pessoas, não podemos dizer que suas obras são toda ou a maior parte de suas personalidades.


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