Encerramos a primeira parte ao falar um pouco da biblioteca de Alexandria e de alguns pensadores. Nosso foco aqui não será comparar Eleáticos, Sofistas, Escola Jônica, etc. No entanto, compõem o contexto em que a engenharia evoluiu. Continuemos com a introdução dos pós-platônicos. Pesa aqui não ter tido filosofia no ensino médio.
Diógenes e Antístenes foram os principais representantes do cinismo e buscavam o homem bom. Os cirenaicos defendiam o hedonismo, busca desenfreada pelos prazeres, uma vertente extrema dos epicuristas, os quais buscavam o prazer na prática do bem. Os estoicos, indiferentes a circunstâncias exteriores e os céticos, suspensão dos julgamentos de valor, completam este esboço.
A profundidade do pensamento grego exige muito tempo e muitas linhas, no entanto, deixamos uma pequena síntese dos atenienses no discurso de Péricles: democracia, todos iguais perante a lei e se interessam pelos assuntos do estado. Visto atualmente, com as rebeliões devido aos cortes em programas sociais, cortes resultantes das dívidas. Quanto à herança clássica, destacam-se: a liberdade de pensamento, a negação de dogmas e de proibições e a curiosidade pela natureza.
Já dissemos também que os romanos eram práticos, assim utilizaram a filosofia na construção do direito e a física na formação da engenharia. Tinham eles o Fórum de Trajano, sede de órgãos políticos, feiras, mercado de escravo, casas de termas, enfim, o centro da vida política e de discussão da filosofia grega, que levou à criação do Direito Romano com seu Corpus Juris Civilis e suas regras, hoje um tanto óbvias, mas inovações a seu tempo, que leis valham independentemente de quem estivesse no poder, liberdade de pensamento, de não defender causa contra sua vontade entre outras que são melhor explicados por profissionais do ramo.
Caído o império romano, a Europa se fragmenta em feudos e, no oriente, permite a ascensão de um povo nômade, os árabes, que se tornam um grande império, o povo mais rico da época e herdam a ciência e a cultura grega e romana.
Acusados injustamente pela destruição da biblioteca de Alexandria, chegaram a salvar muitos livros e mantiveram as linhas de comércio romanos, através das quais permitiram a circulação da ciência.
Apesar da fragmentação estatal na Europa, a Idade Média não foi no aspecto arquitetônico uma era das trevas, a destacarem a Basílica de Santa Sofia no império romano do oriente e as universidades católicas.
Também negarei aqui a visão 100% temerosa em relação à igreja. De fato, a culpa sempre é dos políticos e a igreja foi corrompida pela “politicagem”. Porém seus objetivos, a priori, eram nobres. Em um mundo de camponeses analfabetos e cavaleiros perigosos, a Igreja, única instituição organizada, através de seus monges criam as universidades a serviço dos humildes para “defender-se” do autoritarismo e ensina-os a “ler nas pedras” pelas esculturas dos templos. Afinal, sem um governo, era a igreja quem fornecia os hospitais e escolas.
À arquitetura medieval somam-se também os castelos normandos, embora incomparáveis às grandes construções da antiguidade. Se o autoritarismo crescia, a igreja criava médicos e advogados, culminando na ampliação dos mosteiros; logo, necessidade de engenheiros. Os mosteiros tornavam-se também centros de atividades agrícolas, originando cursos de fármacos e agronomia.
Com as cruzadas, não que esteja a defendê-las, a Europa recupera parte do conhecimento da biblioteca de Alexandria e apresenta evolução em sua construção civil, como com as construções das igrejas góticas a partir do aperfeiçoamento de técnicas recuperadas com o contato árabe.
Embora os árabes tenham desenvolvido o pêndulo, os europeus criaram o relógio. Embora os chineses descobrissem a pólvora, os europeus construíam os canhões. E isso resume mais uma vez essa visão prática da ciência.
Quanto às faculdades, na falta de livros, eletricidade, etc. Os professores eram cercados por alunos em auditórios, onde respondiam perguntas e ensinavam o Trivium, o Quadrivium, os direitos germânicos, canônicos e romano, a medicina árabe, judia, a teologia e artes técnicas (“engenharia”).
Entre os pensadores, destacam-se Roger Bacon, Guilherme de Ockham e os santos Agostinho, Tomás de Aquino e Alberto Magno.
Continua...
Imagens: “A era de Péricles”, Phillipp von Foltz, 1853, historianet.com.br; Fórum de Trajano, wikipedia; Basílica de Santa Sofia, Wikipedia; De Architectura, wikipedia;
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