Na Avenida Lisir Eva...

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Outras conclusões após as palavras do menino da rodoviária

 
Foram poucas as postagens este mês, contudo havia soltado certas palavras em um caderno antes de dormir. Naquele momento, a intenção era disponibilizar aqui. Vejamos...
Encontrei uma mãe e um filho na rodoviária da Atenas Paulista, polo nacional em educação e pesquisa com o maior número de universitários públicos e doutores por habitante, São Carlos – SP, cidade onde moro há três anos dentro de um campus da melhor universidade do país emergente mais promissor – uma vez que o primeiro mundo saturado enfrenta crises e demais países emergentes apresentam inseguranças devido a conflito étnicos, religiosos, petroleiros (caso da Rússia) e por que não dizer explosivos (caso do êxodo rural chinês e a doutrina política não muito bem explicada).
O garoto na rodoviária tem uns dez, onze anos. Nessa época eu brincava, assistia desenhos e passava umas boas horas assistindo a novelas entre os colos de minha mãe e de minha avó. Hoje não entendo como pessoas inda passam tanto tempo assistindo todo dia à mesmíssima coisa quando poderia “assistir” aos gráficos de uma Souza Cruz com seu aumento no valor das ações. Hoje, é o que eu faria se tivesse algum tempo livre. Mas, como disse um amigo, “a mãe USP é ciumenta”, além de nos presentear com trinta e tantas horas semanais de aula, quer e consegue todo nosso tempo seja em projetos como ICs, estudando absurdamente na compreensão das disciplinas ou  estudando – também absurdamente – para as provas (e a quem vou querer enganar? Em uma rotina de aulas das 8h às 18h, 19h somando o bandejão, as outras cinco horas são insuficientes para termos corretamente todo o conteúdo mais os cálculos em análises que levam páginas ou sínteses que levam muitos gigabytes.
Em seguida, concluímos que tudo isso representa um dx – para os leigos, coisa muito pequena – em toda a complexidade de um trabalho, da engenharia e do mundo. Além disso, o absurdamente ainda é pouco.

“O que conhecemos é uma gota, o que desconhecemos é um Oceano!”
           Isaac Newton

Concluímos também que o que desejamos era voltar a assistir novelas no colo de nossas avós enquanto voa com um trenzinho de brinquedo que não se importa se g vale 9,80665 ou
Expressão que inventei agora

Antes que eu me apresentasse, o garoto disse que quer ser Engenheiro Mecânico, profissional que o país implora para ter. É curioso como o país mais promissor tem uma educação tão fraca e poucos centros de pesquisas, na maioria, vinculados às universidades, ou melhor, à Universidade (advinha qual) de São Paulo, longe, muito longe, anos-luz à frente das outras.
O garoto da rodoviária; sabe, adoro lidar com crianças, já fui monitor em acampamento e costumo ser o cara que fica com elas quando chega visita. Todavia, não interagimos com muitas em São Carlos a ponto de nos surpreendermos ao vermos uma no campus – fora as do projeto Pequeno Cidadão. O garoto da rodoviária tem o mesmo nome de meu melhor amigo durante o ensino médio, com quem, infelizmente, vou perdendo intimidade com o tempo e os assuntos se distanciam apesar de frequentarmos mundos próximos há poucos metros.
Quando digo intimidade é ser aquele com quem conversar sobre qualquer detalhe besta ou importante que aconteça conosco ou com as formigas dos pés de açaí da Amazônia em uma madrugada qualquer.
Açaí. Eu adoro. Desconheço a opinião das formigas a respeito.
 Hoje sou assim com minha vizinha, meu colega de quarto e, muitas vezes, com quem estiver acordado. Hoje fomos comer açaí, mas não falamos de formigas. Fui com quatro amigos da graduação, senti que nosso mundo está em São Carlos, apesar da vida na cidade natal, apesar de ler seus sites quase diariamente.
Quando tinha a idade do garoto do ônibus, o conceito de melhor amigo era mais claro – e somos melhores amigos nas férias apesar de uns ou outros fazerem alguns projetos a centenas de quilômetros. O auge fio... Não, acho que não houve um auge, mas capítulos dessas histórias. Capítulos também não é a palavra correta tendo em vista que a evolução não é discreta (no sentido matemático de subdivisão), porém contínua. O fato é que lanço deste parágrafo para relembrar dos tempos de teatro. Voltei ao teatro, agora na universidade, primeiro por querer sentir novamente aquelas e novas emoções. O bônus é compartilhá-las com uma bela paranaense.
Nesse teatro, disseram que conheceríamos a nós mesmos, parece surtir efeito indiretamente. Vou dizer, aproveitando temas já tratados neste blog:
Não gosto de redes sociais virtuais, hoje. Cumprimento – e sou cumprimentado por – umas oitenta pessoas por dia pessoalmente e há muitas semanas não recebo scraps diferentes de spams ou assuntos acadêmicos. De fato, Orkut está em queda, o povo migrou para o facebook por medo de spams, de conservacionismos, para tomar tempo com jogos ou para fugir de parentes e/ou “pobres” que aprenderam a orkutar. Youtube tem um monte de babaca querendo ficar famoso; Yahoo Respostas, um monte de ignorantes e uns salvadores da pátria. Twitter – e esse é o próximo a ser superado pela concorrência – um monte de babaca ainda mais ignorante que pensam que eu tenho algum interesse em saber sobre uma inutilidade de alguma celebridade enquanto twita no chuveiro.
A Guaraná Antártica realizou uma campanha em que bastavam mil cliques para doarem uma cadeira de rodas. Não chegaram a cinquenta mil; mas em vídeos de cantores sem voz, sem letra, sem ritmo, sem melodia e sem ideal... O restante você já sabe. Pronto, espero não repetir essas opiniões e abrir espaço no blog para outros temas. Essa repetição se deva talvez por haver poucas coisas que eu não goste ou lamente: ignorância, corruptos, vagabundos, a falta de ideal e o desperdício.
Em resumo, quando deixo os assuntos da graduação e olho para o mundo, sinto pena. Não peço revoluções jovens – ora, também suo jovem e também já fui socialista – a estrutura tá daquele jeito, mas vai indo.  O que irrita é a ignorância daqueles que deveriam saber e a falta de solidariedade dos que poderiam ajudar.
            Minha família é pobre e o que me irrita é, depois de uma rotina pesada, portanto afastada, não ter a tempo as soluções para eles.


           No dia seguinte, soltei outras palavras em uma página de um de meus cadernos:

   Dizem que a luz tem uma velocidade absoluta que curva o tempo se preciso. Mas se estou em um quarto escuro com o braço sobre a testa e seus pêlos à frente dos olhos úmidos que fitam a luz da sala, então vejo uma aurora, posso controlar seus raios e brincar com eles.
   Imagine um lugar em que não existisse computador. No Butão ou mesmo aqui já houve esse tempo. Ou bastasse que não fossem descobertos os semi-metais, os números imaginários ou a exponencial. Simplifiquemos: um lugar em que só existissem veículos de tração animal.
   Esse lugar não precisaria ser autosuficiente, mas o imaginemos afastado ou sobre uma terra que não permitisse criação de mamíferos. Encomendam-se duzentos litros de leite e vem as vacas, em dobro, pois algumas poderiam se perder no caminho. Para eles algo muito normal (no passado também).
   A engenharia usa até hoje, fazem-se centenas de cálculos para, em seguida, os ersultados serem multiplicados por constantes empíricas devido a incertezas como, por exemplo, vacâncias no material. Assim, o que nos distingue a levar o título de engenheiro são quantas delas sabemos explicar.
   Em um mundo...

Imagens: The_Bus_Station_HDR_by_odogacc, DeviantArt; AçaíCacho, arara.fr; Aurora_in_the_Sierras_by_revolution_man, DeviantArt

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