Na Avenida Lisir Eva...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Onde se encontram milagres


O céu amanheceu branco na fria cidade de São Carlos do Pinhal, o ar porém me era transparente e rosa das gotículas de água congelada e das flores que choviam dos ipês. Quinto dia de Julho do ano de 2011.
Antes, todavia, que analisasse a cor do céu, levantei-me de minha cama no alojamento da universidade, sozinho no quarto. Não tão sozinho na cidade pois alguns amigos também fazem iniciação científica nesta primeira semana de férias.
Ontem à noite fomos ao coral em um anfiteatro da Embrapa, onde conhecemos o Cancioneiro de Uppsala, músicas gregorianas, músicas de Caymmi e Nascimento. Ao tomar banho naquela noite me vi a cantar minha versão rep-tenor de Jesus Cristo de Roberto Carlos, Sentinela de Nascimento, Pelos Prados e Campinas, Legião e outras mais.
Sob o chuveiro então, lembrei-me do sonho de Valéria após pedir inspiração, uma luz a Deus por não se sentir útil; em uma sacada, quem sabe um mirante, um horizonte, um horizonte infindo, lindo e uma melodia. O namorado de sua filha aproxima-se feito um anjo de Brad Silberling, ela diz: “Há muito tempo, do lugar de onde venho, havia um cantor com uma música que me lembra muito essa”; o anjo então sorri como quem diz “é esta” e então eles ouvem: “Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu Estou Aqui”. Valéria conclui, ele é a luz.
E tenho de viajar mais alguns anos, para algo próximo a mil novecentos e noventa e dois, em uma rua deserta em um matagal antes do nascimento do Jardim Califórnia em Ribeirão Preto, SP, região inóspita onde um casal chorava e tentava correr para que chegassem a tempo ao primeiro dia do novo emprego; a estrada era deserta e carregavam pesos, porém pediram uma luz a Deus e Ele os enviou um anjo, como de lugar algum, parou seu carro e ofereceu carona.
Ao acordar hoje de manhã me viera essa história real e como que em um sonho, quando não nos lembramos de como ou quando começamos a pensar naquilo, imaginei um outro casal e eu a parar o carro, vinte anos depois, o filho do primeiro casal. Perguntava-me o que poderia dizer, talvez não dizer nada e me passar por um anjo. “Obrigado, tome”, “Senhor, de onde venho esses papéis de nada valem”.
Escovei os dentes vendo esse episódio, tomei leite e então vi o branco céu pelas sete horas e uns quarenta e tantos minutos. Cruzei a praça, o sebo fechado, encontrei duas livrarias que não me conseguiram ajudar, bancas, mercadão, já havia percorrido as bibliotecas da universidade, mesmo no instituto de pesquisa em um casarão antigo. Na cidade com a maior concentração de doutores em ciências exatas, não conseguiria eu um livro para meu relatório?
Pensei em voltar para casa, em minha cidade lá há livrarias maiores nos shoppings, mas preciso voltar para cá em apresentações. E se ligasse ao Sillicon Valley? Internet não é bem vista em referências, além disso, estou sem acesso à rede entre às 18h e as 8h.
Avisto a catedral ao voltar, do outro lado da rua uma casa umbanda. Pensei: “só me falta entrar ali. Meu Deus, me ajuda. Mas, como é mesmo o nome dele? Tião dos Canaviais”, com quem tive  o primeiro contato em um terreiro, após muitas idas sem que ocorresse reunião.
Concomitantemente, belo advérbio, olho para minha direita, para cima, vejo livros em prateleira por de trás de um vidro, viro o quarteirão, entro. “Onde consigo livros sobre a história da computação?”. E a senhora me responde “terceiro andar”.
Subo, percorro quase todas as prateleiras, pergunto. “Só temos alguns ali naquele canto, mas são bem antigos, não deve ter o que você precisa”. Na última coluna, da última prateleira, após abrir todos os livros da coluna, encontro exatamente o que preciso. Obrigado.
Por que é tão difícil acreditar em milagres? Eu creio.

0 comentários:

Postar um comentário

Open Panel

Label

Blogroll

Labels

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...