Na Avenida Lisir Eva...

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O sonho da segunda-feira e o pensamento que me envergonha


Ontem, segunda, cheguei de manhã à cidade, depois de ter ido dormir tarde, fui à aula e, ao voltar, dormi, perdendo a hora do bandejão. Durante o dia todo pensava em meu sonho, procurando nas garotas que passava qual era aquela que almoçou comigo naquele bandejão repleto e colorido de alimentos servidos por garçons de trás do balcão.
O estabelecimento estava um tanto vazio (estava perto da hora do fechamento), de modo que não pude perceber que era sonho. Depois fui a uma festa onde ela estaria, no entanto não tinha tanta intimidade com seus amigos, que tentavam nos aproximar, ou melhor, fazer com que eu me declarasse a ela. Em um momento, um deles soltou um foguete naquele cômodo após a varanda, onde a turma se reuniria e onde ficamos sentados, lado a lado, eu porém com vergonha e por julgar a pressão dos amigos um fator que deixava a situação mais ridícula que romântica. De repente encontrei um amigo, de minha cidade e perguntei quem o havia convidado (afinal não teria ele muita ligação com o pessoal daqui). Ele disse então o nome de uma amiga daqui do campus, que provavelmente ele não conheça. Eu não percebia se tratar de um sonho e, ao acordar, quis que fosse verdade e procurei a garota entre as que cruzavam meu caminho nessa segunda-feira.
    No sonho, estar com aquela garota faria-me voltar a sentir aquele sentimento de que falava na postagem anterior, já o sentia, o calor de um coração, estar apaixonado, semelhante à sensação que sinto ao estar próximo de minha amada da infância.
  Quis postar sobre meu sonho, fiquei conversando com meu colega de quarto, meu celular dormiu sobre a cama e acordou desmontado no chão, de modo que perdi a hora novamente nesta manhã. E tento correr com esta postagem, pois já é tarde e amanhã tenho uma aula importante bem cedo.
A avó de uma grande amiga de infância faleceu nesta semana. Não conversei com ela, por não saber direito o que falar, além do fato de sua avó “ter escolhido” uma data (semana santa) em que ela estivesse de folga. De fato não saberia dizer algo que lhe fizesse se sentir melhor e confortada. Aconteceu que a avó de outro colega (este, da faculdade) faleceu na mesma semana.
Terça-feira, há dias está marcada uma apresentação amanhã, no entanto, embora já tivéssemos apresentado em outros locais, o ritmo corrido não nos permitiu novos ensaios. Daria certo, provavelmente conseguiríamos, teríamos a tarde para relembrar. No entanto, eu sentia medo esta noite (não é medo a palavra certa), eu sentia certa vergonha, o grupo de teatro havia se modificado devido a entrada de novos membros, a saída de grandes pessoas e a ocupação dos demais em nossos últimos anos da graduação. Sinto falta daquele meu veterano com argumentos precisos e habilidade para liderança e improvisação.
Volta de feriado, aquele choque de que as primeiras provas se aproximam, há trabalhos, deveres em outros grupos, pensamento sobre o que farei no último ano da graduação e depois dela... Amanhã, a prioridade de amanhã era a apresentação, calma, uma coisa de cada vez. Mas você não ensaiou, calma, vai dar certo, sei o texto de cor... Então minha parceira de cena chega atrasado, sem mim ou sem ela não tem apresentação, somos os protagonistas. Porém, assim que ela entra, um pensamento medonho vem em minha cabeça, caramba, vê se isto é coisa de se pensar, mas é um pensamento, de modo que não sabemos se é um desejo para se safar de uma responsabilidade, se um espírito nos antecipando uma notícia, uma descoberta do subconsciente... Afinal, eu queria ou não queria apresentar? Queria, era apenas o medo e um pouco de vergonha de não sair perfeito, mas deveria apresentar, até vinha imaginando a reação de pessoas, amigos, que, por acaso, passariam pela praça e me viriam no palco. Seria aplaudido novamente, como das outras duas vezes? Eles entenderiam? Então ela caminha para o salão, fico feliz por vê-la, iriamos ensaiar e tal. Então ela entra no salão e minha imaginação (ou sabe-se lá o que) me diz: “se tivéssemos motivos importantes para faltar, cancelávamos esta apresentação mal ensaiada sem nos... E se um parente dela falecesse...“. Tenho vergonha deste pensamento, tenho vergonha de compartilhar que pensei nisto, ou se imaginei... Antes seja verdade que tenha sido um espírito me antecipando a notícia. Então ela entra no salão e nos diz sobre o falecimento de seu avô.
Sobre a apresentação, criamos um plano B entre todo o grupo, acho que fará o público se divertir. Bem, qualquer dia posto mais, espero ter mais sonhos bonitos para escrever, espero encontrar a garota dos sonhos, conhecer melhor os cenários, espero que aquele pensamento não tenha sido um desejo, mas uma reação involuntária de alguém preocupado com a apresentação e que durante a semana tenha lido aquelas notícias e assistido seriados com guerras ou um espírito antecipando uma notícia.
Espero que ela continue sendo aquela pessoa sempre feliz, que eu não perca a hora da aula de amanhã, espero ser perdoado caso eu precise ser perdoado por ter imaginado algo ruim, espero que sejamos felizes.

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