Na Avenida Lisir Eva...

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Para onde vão os dias reais?


-Para onde vão os dias? Ela não deixava de se perguntar.



Proponho uma enquete. Imagine nosso mundo com toda sua velocidade de acesso a informações e toda sua correria e pressão em estudos, trabalhos ou quaisquer que sejam suas atividades. Pense neste mundo sem os meios de comunicação eletrônicos. Considerando tal cenário, seríamos mais ou menos distantes uns dos outros?

Easygoing guys...


Telas, telas por todos os lados, telas são intermediárias de nossas relações: internet, televisão, celular, vidros de carros... É certo que você, caro leitor, em momentos introspectivos sentira falta do tempo em que cidades vizinhas eram distantes. Tenho amigos em outros continentes, porém na tela de meu computador, mais próximos que alguém no cômodo ao lado.
Assim, a despedida por distância física deixa de existir; você parte para uma nova jornada – uma faculdade, intercâmbio ou emprego em outra cidade, por exemplo – porém está conectado a seu mundo inicial, sem que novas jornadas pareçam novas histórias, mas apenas novos cenários da mesma; um cenário que você não vê agora, pois assiste a uma tela e lê opiniões de alguém que não imagina como é. Se homem, se mulher, se a voz é suave ou se mora em uma fazenda no interior de Cabo Verde.

Vê?
 
Ontem nevou, para mim, pois a grama pela estrada estava branca. Estrada, para mim, pois é uma rua na entrada de um reino. Reino, para mim, pois trata-se do campus de uma universidade... Volte a imaginar, você ainda pode mergulhar em seu mundo.
E assim, uma geração parece querer a saudade, quer o sentimento, como a dor do patriotismo em uma final olímpica. E o que nos faz sermos patriotas? A necessidade de suas sensações? 

O tempo todo estou tentando me defender (...) Gosto dos pingos de chuva, dos relâmpagos e dos trovões (...) e é de noite que tudo faz sentido...

Brasil, um país em que atletas não vencem por falta de apoio, também um país em que se vence ou se deixa de vencer por sentirmos um calor, oposto ao frio da seriedade, técnica, exata e racional de outros países.
Conforme se caminha ao “desenvolvimento”, caminha-se à arrogância e à frieza e sei bem, senhores, que mesmo um engenheiro pode viver pela emoção e viajar em suas histórias.

Não tenha medo de viver, mas sinta medo e viva os paradoxos

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