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Mediunidade em Fernando Pessoa

   Há alguns dias relembrava as obras literárias do ensino médio; hoje, entre ouvir uma e outra versão de Wuthering Heights (Morro dos ventos uivantes), converso sobre livros com minha mãe, abro meu armário de livros, noto na fila Mensagem, de Fernando Pessoa, folheio, deparo-me com um poema escrito por ele como ele mesmo, como um sinal de psicografica, de que muitos estudiosos desconfiam.

Súbita mão de algum fantasma oculto
14-03-1917

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo,que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão noturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

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