Estes
têm sido os melhores dias em São Carlos do Pinhal. Estou no sótão do alojamento
da universidade, à noite e chove um pouco lá fora, deixando ainda mais bela a
praça que trás às entradas das moradias. Acabo de chegar de uma lanchonete que,
em textos de momentos especiais – como este – costumo chamá-la de taverna;
estávamos em três amigos e havíamos passado a tarde a trabalhar em um projeto
de uma disciplina, enquanto alternávamos entre músicas, falávamos de tudo
quanto era assunto ou mesmo medíamos as envergaduras de nossos corpos em uma
parede em uma competição proposta por outro morador do apartamento.
Nesta
semana fiz aquela que pode ser possivelmente minha última prova nesta graduação
e ela foi justa para representar esse papel: inteligente, curiosa, atraente,
exigente, com cálculos, estimativas, reflexões, teorias e, sobretudo, trouxe de
volta aquela sensação de uma sala cheia no dia anterior com todos me tendo como
referência para tirar dúvidas, bem como nos minutos que a antecederam. Naquele
dia, acordei cedo, um pouco antes de o celular despertar, o que fizera meu
coração bater mais forte temendo estar atrasado; pude me controlar rapidamente,
ensinar ao corpo que não há mais necessidade de desespero, que o mundo volta a serem
flores, a cada dia mais belo.
Nesses
dias, nós sentamos uma vez no palquinho e conversamos em paz junto a veteranos;
ajudamos, como sempre, ou mais ainda, uns aos outros; conscientes de que em
nosso grupo de amigos, que tão certo é, tão certo foi, tão certo tem sido, cada
um a partir de agora tomará um rumo, alguns distantes, outros até semelhantes,
embora não serão mais tão frequentes as noites a estudarmos, ou melhor, a muito
descobrirmos, aprendermos e vivermos, em vésperas de provas, de trabalhos, etc.
Assim já bate a saudade de jogarmos com nossos computadores em rede em
comemoração, pingpong, baralho, magic, war... Tomarmos fanta de R$0,50 (hoje já
R$0,60) em um dos bares da faculdade, comprarmos presentes de aniversário e
tantas, mais tantas outras coisas que se as escrevesse pareceriam ter sido
menos importantes, pois muitas vezes as palavras simplificam as aventuras
vividas mesmo quando bem escritas – ah, e como as palavras podem ser belas.
O
mundo também nos leva a conhecer novas pessoas e vamos ter de aprender novas
piadas, as quais talvez não sejam tão belas, tão fantásticas, tão nerds, tão
harmônicas como nossas piadas internas. E como pudemos conhecer uns aos outros,
como os assuntos ganharam tanta profundidade como na universidade... Política,
ciência, física, fé, existência, astronomia, brincadeiras, mulheres,
comportamento, filosofia, músicas, engenharia...
Espero
o toque na música... Agora, chora a guitarra de Within Temptation na noite
nublada no sótão do alojamento, lembro dela, minha namorada, lembro do poema
que escrevi, mais belo texto que já escrevi ou que já se escreveu no Brasil ou
no mundo... Tenho de escrever aqui também que a amo, que não consigo sair de
perto dela, que não consigo descer do carro ao pararmos em frente, que não
consigo fechar os olhos ou abri-los sem pensar em estar com ela. A noite
passada, as noites anteriores foram as mais incríveis, ontem já era hoje há
três horas e eu não poderia dormir, apenas beijá-la e assim tocar nossos sentimentos,
tocar, sentir, beijar todo seu corpo quente, ouvir sua respiração, transcender
os sentidos físicos e estar com ela, ser com ela, sermos um infinito de amor.
Sim,
esses têm sido os melhores dias em São Carlos, dias livres, dias novos, dias
antigos, dias futuros, dias sábios, dias certos, dias tomados, dias
aproveitados, dias vividos... Entrevistas de estágio, pesquisas em TCC,
seminários, apresentações, fotos, textos, amigos, trabalhos acadêmicos,
relaxamento, teatro, meu time de futebol voltando a brilhar, boas perspectivas
para emprego, para ajudar meus pais, voltar a cursar inglês, academia, tocar
violão, ler, compreender o espiritismo, perspectivas para ser feliz... Para
sermos felizes, pois em todo pensamento ela, minha namorada, me vem e ela, minha
avó, me vê, vê que nossos desejos vão dar certo.
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