Na Avenida Lisir Eva...

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Como você vê o mundo?

   Havia um tempo em que fotos não eram vistas, eram comentadas, saboreadas, revividas no chão da sala. Cartas eram mais e mais difíceis de serem enviadas, por isso mais diretas e, na maioria das vezes, possuiam um único destinatário. As pessoas também se visitavam e dormiam na casa dos anfitriões, que em nada se importavam, visto que havia tempo suficiente para viver.
   Tempo em que o aumento da moeda nacional não implicava que empresas de outro hemisfério levassem seus investimentos a um país no outro lado do globo para suprir os doze milhões de habitantes anuais em êxodo rural, gerando a eles empregos miseráveis e faltando emprego entre nós. Ou se tudo isso ocorresse, você estava totalmente leigo e não via importância.
   Então você encontra uma rodoviária moderna, mas percorre suas passagens. Vê um chefe, cara de chefe, gordo, roupa social, conversando com "fones Galvão Bueno" em uma pequena empresa de cargas, uma secretária e um funcionário numa máquina de escrever. Um fliperama e uma mãe com seu filho, ambos pardos, maltrapilhos, restaurante chinês, placa de "precisa-se de funcionária".
   Ainda que você seja um playboy, arrogante, metido trouxa consumista cibernético sem ter a menor ideia de como funcionam (e aí voltamos ao problema do emprego asiático citado acima), já pensara em arruamar um emprego na estrada, levar um caminhão para Cuiabá ou servir Surubim em Sergipe? Ou passar vinte minutos pelos corredores da rodoviária, sem pressa, sem reclamar do trânsito ou do que quer que seja?

Imagens: http://anaarqui.blogspot.com/

1 comentários:

  1. Digitei meu blog no Google e parei aqui, fiquei feliz com a junção do seu texto com o meu desenho. Creio que compartilhamos alguns pensamentos. Abraço.
    Ana Albara

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