Ainda a pouco chovia e no rádio ainda toca clássicas européias. Às vezes lembra tanto o natal, lembra felicidade, tempos de criança, lembro de minha avó que agora trabalha como anjo do céu.
E entre livros empilhados sobre a mesa da mansão que serve de alojamento aos estudantes em São Carlos do Pinhal, cá estou e quem sabe me posso aqui encontrar, longe de casa, cercado por tensão e trabalhos e estudos e várias dessas conjunções que sufocam também demais companheiros.
Às vezes, minha vizinha bate à porta por uma colher de açúcar ou qualquer outro motivo e nos descobrimos que de todas as verdades que nos impomos em saber sobre o funcionamento dessa complexa região tridimensional da vida, ou das verdades que desconfiamos, ou dos cálculos que nos garantem a vida de ou para a garantia da vida alheia, são as pequenas verdades com que não nos importamos em diagramar seus porquês, as vontades, as saudades e quiçá o sentido de se ser feliz.
Quero escrever um conto de natal e as crianças pararão na praça para lê-lo em meio as luzes ao redor das árvores e quiçá daremos início a uma cultura naquela que fora este ano eleita a capital nacional da cultura com alguns projetos públicos, alguns teatros caros, alguma luz e um monte de corpos ou de cidadãos vagando através de seus tempos corridos.
Imagem: http://msjstar1275.blogspot.com/
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