Na Avenida Lisir Eva...

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Tchau Facebook

   Escrevi o texto abaixo na madrugada de ontem. Divulgaria em meu perfil do facebook, mas, para evitar discussões, deixo cá no blog.

                Sabe aquela comparação que fazem entre abrir facebook e abrir a geladeira para pensar? Há dois erros. O primeiro: você não pensa, tenta se esconder, até dá própria preguiça se possível, como um grito desesperado para que se faça outra coisa que pareça mais interessante que seu dever. Aposto que nem leria todo este texto se eu não o desafiasse.
                Falo de dever, pois isso é o que o torna adulto, considerar os deveres, trocar o que quer pelo que tem de ser feito, ainda que signifique, sendo médico, passar a vida estudando o décimo quarto cílio do olho esquerdo e sentir-se inútil. Contudo, é o que todos os adultos fazem.
                O segundo erro na comparação? Na geladeira não há centenas de testemunhas de teu fracasso. Da tua tentativa incessante de fugir do mundo real, seja em busca de diversão ou de promoção, alimentando aqueles que defendem que todas as ações se fundam em um individualismo de finalidades sexuais (sim, os ateus, mas não discutirei religião).
                Nesse aspecto, não colocarei meu nome no texto por querer que ele seja "retuitado" pelas gerações, apenas porque ficaria pê da vida ao ver que algum aproveitador poderia ter sucesso furtando minhas palavras - se é que realmente têm valor e se realmente são minhas, opiniões mudam como tudo, ou quase tudo,veja só, já mudei.
                Preciso de um freio e de pensar que todo esse tempo estava logo ali, pertinho do acelerador... Ouvir rádio, Chico Buarque presta, não essas... Chega, já discuti isso demais. É incrível como as chamadas "décadas perdidas" - ou séculos perdidos - são aqueles cujas culturas mais me atraem. Aprendi sobre catedrais medievais na aula de humanidades.
                Ser humano, não para me tornar um rebelde sem causa e buscar, discutindo teletubbies, que entendam Thomas Hobbes e me torne um herói de guerra em período de paz.
É incrível como os mais sábios ainda são aqueles que conhecem a si mesmo, ainda que um tal de Mark, ou nosso conterrâneo, Eduardo Saverin, tornaram-se estereótipos de inteligência ao inventarem o que já existia. É o médico do décimo quarto cílio do olho esquerdo, não foi alguém do Silicon Valley que se suicidou na Tunísia pelo bem do país. Viu como seu dever às vezes é maior do que imagina?
                Anonimato dá a imagem de fuga da responsabilidade e mais ainda dos problemas. Daí, hoje também recuso Christopher Poole.
               Acontece que é normal que atletas desapareçam da mídia, uma hora precisam treinar, pois, como dizem, a linha de chegada é o início da nova corrida. No fundo é mais ou menos assim que funciona a faculdade, aquela parte do filme em que toca uma bela canção e mostra o protagonista se preparando para retornar ao mundo real, ela não é o clímax, muito menos o American Pie.
                Não que odeie a velocidade. Vejo isso na fórmula 1, nos oitocentos, no quatro por cem e em minha dificuldade em reescrever textos -prefiro escondê-los para que não os apague por tanta contradição- ou que surjam assim, em uma madrugada, como se já os redigisse prontos e as palavras se escrevessem sozinhas, ignorando as trocas repentinas de terceira para segunda pessoa.
                Não o critico, também falo de mim, e, sobretudo, de mim. Por isso abandono, por enquanto, esta ferramenta virtual e digo a ela, até o natal ou, quem sabe, nunca mais. Sabe, tenho uns amigos vegetarianos, não comem mel, nem bacon e dizem que deixar algo que desconfia fazer mal nem é tão difícil assim.

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