Apaixonar-se, coisa mais frufru,
época que não se consegue fazer nada direito, a não ser besteiras, em outras
palavras, época para que alguém lhe sinta vergonha alheia pela pieguice e
derretimento. De férias então, é o caos, nem há o trabalho para tentar-te levar
de volta ao mundo real.
Então você concorda com isso,
estuda e trabalha o dia todo, nota que não existem príncipes ou princesas
encantados, mas em uma bela tarde de chuva, pimba, lá está parado em sua casa ouvindo
um solo de violino e imaginando eventos que muito provavelmente não ocorrerão.
Dias depois ele(a) está bêbado(a) em uma festa como a maioria da população a
exceção de você, uma ou duas crianças, evangélicos fanáticos e aquela sua prima
que passa o dia a compartilhar mensagens e frases bonitas em rede social. É aí
que você promete não se abaixar nunca mais, porém férias vêm e vão.
Não descobri se o dado da imagem é exato, porém encontrei uma pesquisa que dizia ser mais de 90% acima dos 18 anos, infelizmente.
Pablo Neruda, poeta chileno e Nobel
de Literatura em 71 escreveu o que eu tentei dizer na postagem Era Uma Vez... e
no parágrafo que se segue ao poema, A Menina Dos Olhos de Deus, quem eu conheci
em uma cidade pequena não muito longe daqui.
Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando
Particularmente, prefiro o
inverno frio e misterioso às primaveras secas e poluídas de Ribeirão Preto, a
menos dessa consideração, o texto de Neruda que encontrei agora há pouco muito
se parece com o que escrevi na madrugada de ontem ao observar uma foto dessa menina
no castelo de Conwy.
A Menina dos
Olhos de Deus
Se eu passasse o dia todo olhando para essa
foto, não passaria fome, nem frio, todos os meus desejos estariam saciados,
exceto um: estar com ela e pessoalmente sentir a luz de seus olhos, olhos que,
Deus, em sua generosidade a emprestou para completar em graças a mulher mais
linda de sua criação, a melhor combinação possível na genética de zilhões de possibilidades
dotada com a alma mais harmoniosa da mais nobre dimensão dos céus. Está em seu
nome, abraçada pelo Senhor.
Ainda não conheço sobre sua alma,
porém sinto como se conhecesse e a luz que me revela também revela que o
parágrafo acima é correto. Havia prometido uma postagem sobre o amor, bem, aqui
está. Sou um homem das ciências e o seguinte texto de Arnaldo Jabor nos
responde algumas das questões que levantei na postagem anterior e tenta me
responder esta: como provar que somos a alma gêmea para alguém? Conheço sobre
equações, sobre miséria, riqueza, justiça e honestidade, mas isso basta? Algo
basta?
Crônica do
Amor, Arnaldo Jabor
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário
os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo
a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro
amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do
Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo
tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela
fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não
respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia
a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo
dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar
com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o
primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos
empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue
despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele
toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais.
Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa
comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e
seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo
no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um
currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas
uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente
pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas
e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense
nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem
precisa.
Imagem: Conwy Castle from Gyffin by =Aconitum-Napellus, DeviantArt
Adorei o texto, vi uma charge disso, +/- assim: ele é Phd, rico, bem sucedido... Ela é mais uma loira em uma festa, mas é ele que tem que implorar... Estranha sociedade.
ResponderExcluirNo fundo não existe essa de uma pessoa ser ruim como namorado e pessoas que são boas, apenas existem pessoas que combinam ou não combinam, essas devem combinar com alguém.
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