Na Avenida Lisir Eva...

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Faltam flores na cidade

  Acordo entre oito e dez da manhã; gostaria de acordar cedo, mas fico a escrever na madrugada ou a procurar algo que deixe o dia mais completo. É verão, mas já se passaram as grandes chuvas e estamos naquelas semanas de calor ardente de fevereiro.
    Férias estudantis chegam a durar três meses e, na ausência de projetos de iniciação científica ou recuperações, formam um intervalo de tempo em que os estudantes estão livres para investir em outras áreas, independentes da azáfama universitária (no sentido de pressa devido à sobrecarga).

     Um dia em casa, dias em casa, aquilo que mais queremos quando estamos a enfrentar o mundo e a batalha está difícil. Vitamina com diversas frutas, algum desenho na TV, averiguar como vão as plantas, tutoriais de um software importante, porém não ensinado na faculdade e um pouco de procrastinação na internet enquanto se espera o almoço. E é notável que se busque e se curta tantas páginas de humor enviadas pelos nossos amigos que, ao mesmo tempo, ficam cada vez mais distantes.

     O programa de esportes é mais bem acompanhado, ainda que fiquem tratando de detalhes dos clubes de futebol. Um livro de inglês para aprofundamento, acompanhado do computador e finalmente o título da postagem e o que provavelmente será mais lembrado: caminhar pelo bairro até a academia juntamente a alguém especial, um amigo, um irmão, pai, mãe...
    Nesse momento nossa visão, que tanto observava todo o mundo lá fora, retorna para nossos bairros, aquelas ruas que muito frequentávamos na infância, os lugares onde há sombra, casas que conhecíamos e conhecemos de cor, a companhia ,os buracos no asfalto, os degraus nas calçadas... Faltam flores na cidade, flores que farão parte dessas lembranças, calçadas como pomares que cobrissem os quarteirões.
    “Nessa idade, queria mudar o mundo”, disse certa vez um professor; não conseguindo, quem sabe mudar o país, o estado, a cidade... Concluiu que o máximo que pôde fazer foi melhorar a ele mesmo.
    O governo, o mercado, o banco, a polícia... Afinal de contas, eles não solucionam problemas, porém aqueles que lá trabalham (ou deveriam). Então que nossa geração dê o próximo passo, transformemos nossos bairros, sem esperar que a prefeitura resolva tudo, afinal, não existe a prefeitura como ser, apenas como lugar, onde se reúnem pessoas; ainda que mais ricas e com a responsabilidade de zelar pela cidade, pessoas. Os moradores fazem as praças.
    E assim, comecemos por nós e pelo que está próximo, com ações, não apenas palavras. Que tal descobrirmos até onde podemos chegar, até onde resolver nossos próprios problemas?
Faça das férias um tempo útil. Faça-te ter do que lembrar e sentir orgulho; admita que é mimado e deixe de ser. Paz
    E, ao voltar para casa, a magia de seus livros.




Imagens: comusic.org, arvoresdesaopaulo.wordpress.com, deviantart.com

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