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Medindo as palavras

   Minha última postagem foi sobre nostalgia, e com as muitas postagens críticas, talvez houvesse indícios de que viria uma sobre remorso.
   Remorso (www.priberam.pt): Manifestação pungente da afetividade humana que nos censura um ato que não devíamos praticar. (Usa-se mais no plural)
   Porventura haja uma palavra semelhante, exceto pelo “ato que não devíamos praticar”; uma palavra que significasse a vergonha por um feito pelo modo realizado, independentemente se devíamos ou não praticá-lo.
   Hoje um texto que escrevi foi compartilhado para dois milhões de pessoas, elogiado inclusive. No entanto, bem podia ter sido ignorado, ou sequer escrito.  Uma correção, necessária até, mas correção de uma falha perdoável.
   Então, qual palavra intitularia o objetivo desta postagem? Paciência, cautela? Medir as palavras.
   Ao ligar o computador esta noite, deparei-me com a seguinte mensagem no software Minutos de sabedoria v3.0:

Lembre-se de que não devemos humilhar ninguém.
Os erros que os outros cometem hoje, nós podemos cometê-los amanhã.
Não se julgue inatingível nem infalível.
Todos podem falhar.
Trate os outros com tolerância, para que possa reerguê-los, se errarem.
A perfeição não é desta terra.
Não exija dos outros aquilo que você também ainda não pode dar.


   Não que eu tenha feito algo maléfico, humilhante ou estivesse errado, compartilho o texto acima com foco nas outras frases.

   “A perfeição não é desta terra”, belas e verdadeiras palavras. O que é uma crítica? Uma estupidez de um “valentão dos teclados”? Na minha idade, parecemos estar corretos e queremos mudar o mundo, ainda que realmente corretos, ainda que conscientes de começar por nosso bairro, nossa casa, nós...
    Não sei o que dizem de mim, se é que falam de minha personalidade além dos feitos. Todavia, espero que esta sensação de remorso por insolência na internet tenha se limitado e encerrado em mim, não sido transpassada. Tenho um hábito, um bom hábito, de que cada gesto por pouco que seja incorreto ou presunçoso, retorna-me, sobretudo na consciência, de modo que isso me ajude a sempre agir da maneira correta e ponderada.
   Note que ser educado não tem tanto a ver com não falar palavrões, já vencemos isso, um grito de “ganhamos, porra!” é algo às vezes natural em uma ocasião nem tão frequente. Porém ainda não vencemos a estupidez e a ignorância do país. Mas, que tal guardar as repulsas e ignorá-las de vez em quando? “A perfeição não é desta terra”, motivos podem ter sido inocentes, erros podem ter sido brincadeiras ou mesmo resultado de ignorância, que raramente é culpa do possuinte; afinal, os que tentam trazer seriedade ao país é a minoria. E teimosia é como a mentira, expandem, se intensificam, explodem. No entanto, esta às vezes é pessoal, quiçá mais lenta e, aquela, coletivamente entre contrários.

Imagem: adaptado de não (naomordamaca.com) e paquímetro-universal (paquimetro.reguaonline.com).

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