“Nós já
somos adultos”
Já não sei se choro ou se rio, pois meu corpo, apesar de seus bilhões
de anos de evolução, é incapaz de expressar a sensação. Seu nome arrepia; sua
voz contrai todas as minhas células, como se elas soubessem que diante dela não
há nada que se possa equiparar; seu corpo branco, macio, ainda mais bela. Foram
quantos anos? Cinco sem nos vermos, oito sem compartilharmos os mesmos dias...
Talvez já faça um ano desde que eu deixei de repetir seu nome a cada duas horas
em pensamento.
O grande amor de infância que reencontro. Ela me diz “Nós já somos
adultos”, linda na loja em que trabalha no início deste seu último ano na
faculdade e os antigos colegas espalhados pelo mundo. Vinte e um anos e eu não
consegui tocá-la, entregar a ela minha alma, que já a pertence e sempre pertenceu.
Será que ele também se sente assim ao vê-la? Recusa qualquer outra ideia de
mulher?
Vejo uma atendente, olho-a, não
sinto nada, não vejo nada, nada mais existe, é como hipnose. De repente algo do
mundo me aparece, Bryan Adams, Zé Ramalho, Camões, mas é só. Tu só, tu, puro
amor, com força crua, uma hipnose, ou o que há de mais forte entre almas e eu
cego, eu morro, nem uma droga alcançaria o júbilo de um segundo contigo e nem
outra mulher nos bilhões de anos da humanidade.
Meu amor de infância, meu grande
amor do passado. Ela diz “nós já somos adultos”. Diz no reencontro, por estar
trabalhando, estarmos nos formando e milhões mais de motivos. Adulto, eu; sem a
paixonite aguda com declarações e atitudes infantis...
Recentemente o blog completou
dois anos. Não o uso como um diário que guardasse minha vida, por isso é mais
comum lermos aqui política do que uma descrição de momentos felizes.
Pode ser que leiamos sobre amor,
uma garota, em especial, está presente em várias postagens, alguém que por quem
eu sinto inconformação, culpa e afeto. Ainda é possível encontrar aqui palavras
sobre outras duas garotas pelas quais tive certas admirações momentâneas. No entanto, o blog me acompanha há apenas
dois anos e hoje contarei algo mais.
As garotas que me chamam a atenção
possuem traços comuns e eu sempre soube a explicação, são tentativas de enxergá-la
em outras pessoas.
Ela me diz: “já somos adultos”.
Um reencontro após tanto tempo, ela pareceu feliz, sem saber ao certo o que
dizer, uma rede social me dissera que namora há algum tempo.
Interessante tratar disso, justamente em uma época em que uma das
músicas mais tocadas no mundo é Someone Like You, de Adele. Nesta canção (ver
vídeo abaixo), a protagonista, após muitos anos, tem contato com um antigo
amor, hoje alguém estabilizado, com seus sonhos realizados e feliz no
casamento. No entanto, a protagonista não consegue ficar longe e tem esperanças
de que, ao vê-la, ele se lembre de que, para ela, ainda não acabou. No refrão,
diz que não faz mal, pois ela entende que às vezes o amor não dura e que ela
irá encontrar alguém como ele.
Allan Poe também discutiu a questão, disse que a maior dor é da perda
da mulher amada. E, de certa forma, às vezes tenho vontade de começar de novo,
para que desse certo.
Diz um homem: é paixonite. É só isso e nada mais.
Ela me desperta os sintomas da paixonite e, se sempre foi assim, a
paixonite é crônica.
Na faculdade conheci festas lúbricas. Pouco me importam. Mesmo o sexo
não é o que importa, o que gostaria era de estar com ela, compartilharmos
nossas vidas, ouvir sua voz, ouvir sua alma. Pode ser que ela esteja feliz e
essa é a única certeza que eu preciso ter. E depois, certo de sua felicidade,
devo partir?
Imagem: Máscaras de Veneza, http://fugas.publico.pt
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