Na Avenida Lisir Eva...

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O Nono Festival

   Mesmo que me sinta perdido a andar por ali sozinho sem saber o que fazer, o que dizer, ou qual o melhor jeito de sentar... Ela corrigiu minha postura; agora é fisioterapeuta quase formada. E eu, com aquela sensação horrível de que tudo que ela diz é mais importante e maduro do que eu tenha a apresentar.
   Mas mesmo que eu me sinta perdido a andar por ali sozinho sem saber o que fazer, o que dizer ou qual o melhor jeito de sentar... A noite do festival é a mais mágica do ano.
   Mesmo que eu esteja distante e que não vivamos mais no mesmo mundo, a noite do festival é a mais mágica do ano.
  Mesmo que não tivesse surpresas, não visse novidades e que estivesse por lá poucos minutos, a noite do festival ainda seria a mais mágica do ano.
  Mesmo que as tradições mudem aos poucos, que chova, a noite do festival ainda me faria sentir aquele aperto no estômago.
  Mas o aperto vai mudando de significado e é menos a vergonha do amor e mais a vergonha do amor perdido. O aperto da tristeza de reconhecer cada vez menos os rostos das pessoas que passam e o aperto daquela ponta de felicidade ao encontrar um rosto conhecido.
  Mas todos os rostos conhecidos são lembranças do passado e ali no mundo onde eu queria ser lembrado, fiquei como uma lembrança; não pelos atos feitos, mas por aquele que faria grandes atos e foi embora. Aquele que hoje deve estar lá na cidade grande, estudando como gerenciar pessoas, escrevendo relatórios em inglês, comprando um carro, indo à academia, passando feriado na Europa e que de repente se vê, de repente se vê vestido como aqueles que repudiava. E quando veste um chapéu de palha para se parecer como de sua terra, é, ainda que por brincadeira, chamado de agroboy.
   De repente se vê em uma bolha. No pequeno mundo dos que se "sobressaem" em um país de ignorantes, mas se vê incapaz de mudá-lo. E de repente se vê e redescobre seus defeitos. E de repente se vê, e se vê magro, magrelo, com tics nervosos e posturas incorretas, que escreve tão preciso quanto em dicionários, mas que aqui ao escrever de si é enovelado e mais a contar histórias que gerar conclusões que levem a resultados. E de repente se vê a misturar um mundo com o outro, ainda mais confuso que naquele tempo em que pensava que um dia escreveria um texto que resolveria seus problemas, sem saber que o "tarde demais" existiria.
   Mas a noite do festival, ainda que por um segundo, é diferente. E do menino é despertada a subjetividade há muito tempo escondida, remoendo ali, dando aquelas pontadas ignoradas no estômago, enquanto trabalha e dorme e estuda e trabalha e estuda e come (um pouco) e trabalha. E não vê resultados a não ser o moldar de sua personalidade cada vez mais complexa.
   E num segundo, no festival, o nono festival, vê uma belíssima garota de costas, da mais linda que já vira de cabelos pretos; aproxima-se e, que ótimo autor esse que escreveu a história da vida, que faz "coincidir" dela estar justamente ali naquela tenda onde muitos anos antes ele perdera seu maior amor. E que genial é esse autor que nos escreve o destino do mundo, que faz com que a garota ali de cabelos pretos seja a mesma, vestindo wig lolita e um kimono de flor, que faz o aperto no estômago ser mais forte.
  Agora ela é a primeira e a segunda mais linda mulher.
  E eu sigo no nono festival, experimento uns chapéus de "nonos", poisé, que avôs italianos usam. Assisto ao desfile Cosplay, compro um Yakisoba e converso com ela e seus amigos um pouco, bem pouco, sem profundidade.

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