Na Avenida Lisir Eva...

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Papo de perdedor?!

E foi assim, termina o semestre sem que eu tenha obtido resposta de 42 empresas nas quais me inscrevi em processos seletivos de estágio no estado de São Paulo. Outras vinte e duas me responderam, disseram que eu não fazia o perfil da empresa, que eu era elétrico, que eu não teria capacidade para representar a empresa ou simplesmente não deram satisfação (maioria).

Na média, em cada empresa havia 70 candidatos por vaga. Pela análise de currículo e provas online o número caia para uns cinco por vaga quando das dinâmicas de grupo e painéis, era quando apareciam psicólogos que provavelmente não sabem para que lado se aperta um parafuso, porém nos papéis de responsáveis pela decisão sobre os melhores engenheiros para os cargos. E então distribuem os pontos para os que falam mais alto, os que interrompem os demais para dizer besteiras, os de melhor aparência, os que possuem veículo próprio ou às vezes para os mais convencidos e os que não apresentam tendências esquerdistas.

Em dinâmicas de grupo não importa o quanto se é hábil para o cargo, porém o quanto os candidatos conseguem se passar por hábeis, uma vez que os avaliadores não tem a menor ideia se um painel solar gera mais ou menos energia que Itaipu, então se pode dizer qualquer besteira, desde que se diga e aparente liderar os demais.

Então ocorrem os painéis, com a presença de gestores; pessoas que um dia quiseram ser engenheiros, mas que se estagnaram na “engenharia brasileira”. Explicarei o termo entre aspas no próximo parágrafo.

Na indústria brasileira pouco existe de engenharia. Pense por um instante, o que é realmente projetado no Brasil? Quantas empresas 100% nacionais você conhece? No Brasil ocorre um fenômeno segundo o qual engenheiros são contratados para administrar empresas. Seria isso incompetência dos cursos de administração? Quando não administram, eles organizam processos – o que é, a meu ver, um desperdício de inteligência.

Não que melhoria contínua e aquelas centenas de siglas em inglês não sejam importantes, porém não compreendo por que um indivíduo deve manjar de cálculo e resistência dos materiais para ficar com um chicote e um cronômetro a fim de dizer ao subordinado que a parede vem antes do teto e forçar o operador a acelerar o ritmo de trabalho para elevar o lucro de algum desconhecido que fica deitado com seu notebook sobre a pança a jogar com a bolsa de valores.

Engenharia, do latim “ingenium”, que significa “gênio” e remete a quem cria objetos, equipamentos, mecanismos inteligentes “para o bem do homem”, como escrito de modo ambíguo no terceiro verso de seu juramento, o qual pouquíssimos engenheiros devem conhecer.

20% de minha turma não se encontram mais no Brasil, viajaram a países onde o verbo engenheirar existe. Não quis fazer intercâmbio e de certa forma isso me fez bem, tendo eu concluído 98,5% das disciplinas em quatro anos, não me afastado tanto de minha família, de meus amigos e iniciado um relacionamento.

Não consegui estágio até o momento, não terei mais disciplinas a cursar com a turma toda e o namoro terminou, tendo sido eterno pelas semanas que durara. Volto para casa, para minha cidade, onde meus amigos de tempos passados hoje trabalham, casam, bebem, organizam encontros sem me convidarem ou sabe-se lá por onde andam.

E então as expectativas do emprego, da garota, do futuro não ocorrem como esperado e me vi sem rumo pela primeira vez. A sociedade nos diz o que devemos fazer até a formatura da faculdade. Depois é por nossa conta e risco.

Risco... Sempre que recebemos palestrantes que foram ex-alunos de engenharia eles contam suas histórias de terem reprovado em dezenas de disciplinas (alguns até mesmo desistido do curso), porém criado empresas a partir da universidade e são bem sucedidos. Uma curiosidade anexada aqui ao texto.

Não tenho problemas em me relacionar com pessoas. Evito conflitos, é verdade, porém estou ali no TOP 5 da turma em puxar assunto com desconhecidos – principalmente do sexo oposto – sem dificuldades (a menos em festas, onde de um simples “oi” já se subentende outras vontades; tipo de relação que não têm lá minha total concordância nem trejeitos). Aliás, chega a ser um hobbie conhecer pessoas nessas rodoviárias por onde passo usualmente.

Bem, o texto já se encontra um pouco extenso. O correto seria reler e melhorar a escrita antes de publicar, porém se não o publicar agora ficará um tempo esquecido ou arrependido entre outros arquivos na pasta de arquivos a organizar na área de trabalho.

Não trato como papo de perdedor, essas viagens (que me tomaram todo meu dinheiro) pelo estado de SP em processos seletivos eram mais encaradas como uma etapa divertida da vida do que motivos de preocupação, uma vez que as minhas prioridades estavam nas cidades próximas; sabendo eu que só ficaria preocupado quando fosse recusado em empresas daqui...

Começa uma nova jornada e preciso estabelecer outras prioridades. A ideia era entrar para uma empresa, casar, ser um mecenas... Mas sem essa de ficar rico ajudando ricos a ficarem milionários. Minha conversa é com a natureza, com a física, engenheirar, como pesquisador ou professor, talvez. Fazer coisas úteis. Em empresas talvez, via concursos, sem psicólogos a se intrometer no que não sabem, a julgar quem não conhecem.

Uma nova jornada


                Sabe aquela sensação de voltar para casa após sete anos? Não, talvez não a conheça, mas talvez a consiga imaginar. Quando entrei na faculdade, ou talvez antes disso, passei a consentir que vivia no futuro, afinal, a pergunta na infância era: “o que quer ser quando crescer?”. E então andava pelas ruas do futuro, com carros mais modernos que os daquele tempo, com wi-fi, computadores, facebook, vida universitária em uma universidade de primeiro mundo e tantos detalhes que me fazia sentir no futuro do passado.
                Esta semana fiz duas apresentações em um painel de processo seletivo de estágio; em uma delas, apresentação pessoal, disse estar em um período de transição rumo a uma nova jornada, sem abandonar todo o trajeto vivido até aqui. Acontece que percebo agora que esta transição é mais do que apenas uma mudança de cidade. Estamos em dezembro e já entreguei meu último trabalho da graduação neste semestre; para a formatura, é preciso cursar uma disciplina, concluir o TCC, uma iniciação científica e as horas de estágio, assuntos que são candidatos a se tornarem prioridades a partir deste dezembro. Dizia – e digo – que assim que acabasse essa correria da graduação em tempo integral eu voltaria a fazer algumas atividades de que tenho vontade, como aulas de inglês, tocar violão, flauta, talvez violino, aprender mais sobre o espiritismo, quem sabe participar mais ativamente, usar parte do dinheiro do estágio em projetos sociais, mesmo que seja presenteando crianças nas ruas, reformar a casa e voltar para a academia a fim de ficar um pouco mais fortinho para a namorada. A ideia era essa, ainda é, eu voltaria para a cidade da faculdade aos finais de semana para vê-la; às segundas terei aula e cuidarei das partes práticas do TCC e entre terça e quinta faria estágio em terra natal. No entanto ela disse que não era amor e, embora seja a melhor garota que eu conhecera nesses últimos anos, ou quem sabe na vida; de fato, eu não passava os dias em transe, sem me concentrar em qualquer outra coisa; porém concebia o encanto, imaginava o futuro, imaginava que era preocupação demais com os deveres e que a tranquilidade que viria em breve faria com que ela se tornasse minha prioridade. E quando possível eu inventava o que a poderia surpreender. Faltou sentir a fundo aquela preocupação sobre como ela estaria a cada segundo longe de mim, mas ela viajou ao sul e eu não vejo nenhum problema nisso. Ou seja, faltou a paixonite, aquela pitada de tempero desconhecido e incompreensível, pois, ademais, tudo parecia dar certo e achei que esse modo de amar fosse sinal de amadurecimento. Preciso aprender a diferenciar amadurecimento de falta de paixão.  E mesmo quando ela disse se tratar de amizade, mostrou-se ainda mais próxima da garota perfeita, que ama o mundo e busca o príncipe encantado.
Então volto para casa, não faz sete anos, apenas alguns dias. Mas de repente é como se fosse. Há sete anos eu estava na oitava série, tinha minha avó e nós e toda a família mergulhávamos no espírito de natal. Volto a sentir a presença do natal, volto a andar no centro da cidade pelo natal, retorno ao shopping desde há muito tempo, volto a montar a árvore de natal; minha mãe encontra os pisca-pisca no quartinho dos fundos e ficaremos a nos maravilharmos com as luzes na árvore. Passo o sábado em frente ao notebook e agora, quase madrugada, chego quase ao final do relatório parcial de trabalho de conclusão de curso.  Os dias são quentes, de quentes a insuportáveis, estou no chão do quarto ao lado do ventilador comprado hoje por minha mãe; de repente percebo que é mesmo uma transição, não me parece mais que vivo no futuro, mas como um retorno aos cenários do passado, porém os cenários mudaram, as pessoas mudaram (algumas partiram a outros mundos), mudaram algumas de cidade, algumas a elas mesmas; outras reencontram a felicidade. E volto para casa, pretendo estar de volta em casa agora. Queria ir ver minha garota, quem sabe ainda nos apaixonemos. Férias (férias entre aspas, tenho a iniciação, o TCC e os processos seletivos), rumo ao último ano de graduação, ruma a uma nova jornada, de volta para casa, de volta aos cenários conhecidos, mas como novos cenários, pessoas conhecidas, pessoas amadas e novas pessoas. Feliz dia de Nossa Senhora da Conceição.

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