Na Avenida Lisir Eva...

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Vó, ó o homem do queijo

   Toca a campainha, mas já pressentia ser o homem do queijo. É junho, dia de São João; sei que ainda há ruas enfeitadas no interior das periferias mesmos nesses tensos tempos corridos. Vivo no início do bairro e sinto que virado para o centro ou para dentro dos cômodos da casa a estudar para as últimas provas desse semestre, o mais difícil na vida acadêmica da maioria dos alunos de nossa turma lá na universidade, curso de engenharia.
   Mas eu atendi à porta pacientemente e escolhi dois saquinhos, doce de leite e bolachas com goiabada; queria dizer para minha avó que havia comprado os doces, disse a ela, embora eu não saiba como são os gostos para os que já desencarnaram.

   Descobri que não somos os únicos absurdamente atarefados. A palavra férias transformou-se em sinônimo de esperança ultimamente e junto aos doces relembrou-me de uma de minhas, nossas, primeiras conquistas de escola. Trabalho de férias no pré, copiar várias páginas e tomar ditado.
   Todos as tardes, em um horário marcado, minha vó então me ajudava. Como eu não sabia do ditado, tivemos de fazer todos na última semana e, embora eu supusesse que não daria tempo, conseguimos. 
   Três provas na semana que vem (ou cinco, depende de um professor que não liberou as notas), um relatório final de iniciação científica, ajudar meu pai em um evento no domingo, aproveitar o único final de semana de meu melhor amigo de volta à nossa cidade natal, viver o mundo, vencer, respirar.
    Vó, comprei doce, podemos fazer tudo certinho e ainda assistir à sessão da tarde; dia de São João, alguma quermesse, ruas enfeitadas, interior do bairro, homem do queijo... Férias, sinônimo de esperança nesses tensos tempos corridos.

Imagem: Candy seller. Norway Railroad Station, Disponível em http://popartmachine.com/item/pop_art/LOC+1422820/CANDY-SELLER.-NORWAY-RAILROAD-STATION-LC-B21-...

Tomei alguns minutos deste mês de provas para postar


   Meu amigo, colega de quarto compôs uma bela música há alguns dias; não divulgarei o vídeo por enquanto, mas cito para ressaltar que o sentimento é o mesmo. Ninguém chora de saudades ao estudar engenharia fora, mas todos os que se importam - e a maioria se importa - sentem falta de buscar pães às tardes, andar alguns quarteirões do ponto à escola, de ir à missa aos domingos de manhã, de quando a igreja católica era aceitável, de quando o mundo era mágico, de prazeres do espírito, de sentir o gosto das palavras além dos termos técnicos, longe de álcool, longe de dores de cabeça, de articulação ou de tudo quanto é lugar por passar X ininterruptos a estudar para duas, três, quatro horas de provas de uma única questão; duas, três, oito provas por semana, trinta horas de aula, sentem falta de quando se estudava por prazer e se via os resultados.
                O X ali em “passar X ininterruptos” podem ser horas, dias, semanas, o mês todo sem descansar, sem sentir o aroma do café a não ser daqueles cafés que mantêm o estudante acordado.
Desculpe se o leitor esperava muitas descrições, muitas comparações, fatores para conhecer a engenharia, quem sabe nas férias (havendo férias) tiro suas dúvidas, mas falta tempo, falta muito tempo, os dias são horas, e as questões do estudante de engenharia são muitas e complexas. Então ele faz as horas renderem como dias, mas, após as provas ou após essas horas, vê que os dias foram tão curtos e, a menos de alguns exercícios não esquecidos, o que ficou? Com quem tomou café em uma manhã fria? Com quem contou histórias não relacionadas à engenharia, à política, à economia, à física, à química, enfim, com quem contou histórias encolhido no cobertor?
Se jogou bola com uma criança, foi uma ou duas vezes no semestre em aniversário  de seu primo que já está tão grande e você não o vê crescer.
Mas o mundo além dos campi da USP, da UNICAMP, da UFSCar, da UNIFEI, da UFSC (e mais uma ou duas faculdades de engenharia que prestem na América do Sul)... Tantas coisas que não sabem lá fora, tantas falhas causadas por ignorância ou por incompetência, tantas discussões tolas.
Se podemos empreender, vencer, ensinar, criar, projetar, analisar, calcular, sintetizar, ficar bilionários, mas, ao voltar para casa – e há quinze dias não voltava para casa, tão perto – se o corpo sedentário dói, se as unhas não são cortadas, surgem entradas no cabelo, seus amigos casam, não os encontra por muito tempo, se não encontramos nos campi um dia tranqüilo para rir de outros assuntos...
Não digo dos assuntos vis, de modas da internet, de celebridades, das modas das modas, spams. Digo de assuntos da vida, de ter tempo para escolher qual marca de leite comprar, praticar esportes, namorar com o coração, sim, a partir dele, além dos hormônios ávidos em festas libidinosas.
USP. É difícil, é a melhor do país, talvez a maior carga horária do mundo, porém muitos cursos atrasados e professores desinteressados... Sinto-me mal ao imaginar como vão as outras instituições públicas e pior ainda ao imaginar como as privadas (com exceção da PUC e de algumas que eu não conheça) podem chamar seus formandos de engenheiros.

La Foza Della Vita

    Há algum tempo não ouvia as canções em italiano de Renato Russo. Agora há pouco, após voltar de uma quermesse, rever algumas pessoas e procurar alguma distração na net, notei a letra de La Foza Della Vita:

Startup

   Ao dar início a esta postagem às 22h33min de uma bem aproveitada quarta-feira, abro o gmail e recebo um convite de um curso em uma empresa de investimentos. Não poderei comparecer devido a preparações de dois relatórios, três trabalhos, um seminário e estudo para algumas provas no final de semana.

   No entanto, meu retorno ao blog seja para elogiar as palestras da semana SUSIE – sustentabilidade, inovação e empreendedorismo – Em especial agorinha à noite, com um colunista da revista exame, a qual acompanho há alguns meses apesar de algum excesso de capitalismo em algumas matérias; sim, o que chamo de excesso (esquecer do mundo não bilionário) não ocorre em todas elas.

   Então aprendi palavras novas: Startup, Mockup, Elevator Pitch, MVP, aprendi que, muitas vezes que suor e desenvolvimento podem valer mais que ideias e ideias contidas. Relembraram-nos também a seguinte frase.

"Para ter um negócio de sucesso, alguém, algum dia, teve que tomar uma atitude de coragem." (Peter Drucker)
   Iremos a São Paulo amanhã, por isso já encerro a postagem com alguns logos que vieram-me chamar a atenção ultimamene. Não pelos logos, algumas pelo que fazem e outras pelo que conseguiram:


 
 
 
 



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