Na Avenida Lisir Eva...

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Olá, sobre quem sou agora

 

Janeiro, 2022, meses finais de pandemia talvez, talvez...

  Tanto tempo longe do blog, tanto a contar... Um pouco, de fato, segui contando, a ver as retrospectivas de cada ano, que costumo escrever a meus amigos. Porém, este papo aqui entre nós, caríssimo leitor (quiçá único leitor, eu mesmo) sempre foi mais... profundo? piega? apaixonado? Je ne sais pas. 

  Anyway, preciso contar sobre quem sou agora, onde estamos agora... E depois rever escritos antigos sobre quem era, e reescrever quem sou... Mas talvez ainda não hoje, são 20h52min de domingo, tentei retomar também o violão, toco-o um pouquinho a cada muitos meses. Uma vez foi especial, Que Será Será, era aniversário da minha avó. Agora tento ensaiar Cânone em Ré Maior, porque acho a música bonita e talvez possível de pegar com algum esforço, mesmo para eu, há tanto tempo distante.

   Tenho 31 anos já caríssimo leitor. Mas não fiquei de todo longe dos textos, escrevi para uma garota certa vez, escrevi meus sonhos (desses de quando dormimos) algumas vezes e até consegui ler um livro inteiro entre os últimos dois anos. Falando assim parece que sou ainda mais atarefado do que naquele tempo, porém não é bem assim também, ou pelo menos menos ansioso e fazendo menos horas extras. Bem, quem sabe este ano até seja já que agora pretendo reunir trabalho com doutorado, pilates, lazer...

   Estou mais rico hoje em dia, financeiramente digo; mas em outras áreas também, só preciso refletir melhor sobre isso para te confirmar aqui. E preciso de novos propósitos fervorosos. Propósitos, é diferente de planos. Planos a gente tem, a gente se planeja e vai conseguir. Propósitos a gente, Deus queira, consegue também, e comemora, comemora do fundo da alma quando conquistamos.  No momento? Tem sim um, tem ela. 




Retorno ao Blog (ou, pincelada sobre os últimos junhos)

Faz tempo que não te escrevo, não é verdade? Novembro de 2016, junho de 2016, algo em 15, 14, 13, mas de verdade desde o já longínquo 2012 não são mais dissertações continuadas.

                É notável que consoante ao tempo vão se dificultando os textos dado que tratar de um tema seria de certo modo injusto com os tantos outros que não foram registrados.  Queria eu registrar aqui oito anos, quem sabe se retomar aos poucos, minerando lembranças. Mas saiba que de certo modo foram, em retrospectivas e resoluções anuais junto aos amigos da faculdade, ainda que com certo respeito pelo número de caracteres, causando talvez certa restrição de profundidade em alguns assuntos.

Tanta coisa para dizer. Será que após a morte nós recebemos um HD contendo arquivos de N dimensões, que exibem quaisquer informações sobre qualquer momento de nossa vida que selecionarmos (o que nossos olhos viam, estado de espírito, o que passava pela cabeça, todos os parâmetros físicos como temperatura, hemograma, quem pensava em nós, como estava o mundo todo naquele instante, dados, dados, dados...)? Por ora fiquemos com os textos, fotos e vídeos, deixando-me ainda mais ansioso pelo tanto a contar (viagens, família, feitos, conquistas, carreira, relacionamentos, ....).

E de repente já são 22h, meu frango está esfriando na Air Fryer enquanto escrevo aqui, o gato aceitou que a noite será do texto e já foi para a cama e já me pergunto se seguirei com o texto, dado que amanhã, ainda que sábado, precisarei trabalhar. Ok, é isso, domingo eu volto (se bem que no domingo também tenho bastante atividade do trabalho para fazer). Tem sido dias bem corridos. Lembra quando em um dos textos, em 2010, eu dizia sobre um dia cheio? Bem, a maioria deles segue assim, com responsabilidades maiores, mas ultimamente com menos energia. Usando preocupações da época como exemplo, imagine semanas de prova após semanas de prova até que você desaba após as 18h (em 2012 isso ocorria pelas 2h da manhã). Parece-me isso, os dias que antes tinham 19 horas vividas no modo full dedicated (com as outras 5h com sonhos) agora duram umas 10h e os sonhos estão cada vez menos presentes.

Antes de seguir, o gato deixou também alguns comentários no teclado “Yhu7hhhhhhhhhhhhhhhhhhhytttttttttttttttttttttttttttt6“.

Preciso refletir sobre sonhos no sentido de objetivos, tratemos disso depois.  Triste que a palavra coach foi tão banalizada, prejudicando aqueles que realmente faziam as perguntas corretas e nos chacoalhava com análises racionais fazendo com que soubéssemos responder onde pretendemos chegar. Infelizmente não foi o único conceito banalizado nesses tempos em que os ignorantes se unem para governar com suas opiniões superficiais e contraditórias. Mas também falemos disso em outro momento.

E qual o momento de hoje? 12 de junho de 2020; esforçar-me-ei para não tratar de pandemia. Em junho de 2011, ocorriam estudos pelas madrugadas frias e lá fora nós ainda ajudamos a reunir toneladas de alimentos em doações, fomos a um show no parque, saímos para tomar um café... Em junho de 2012, novamente pesavam as provas e eu escrevia o soneto “Meia noite nos cadernos”; apesar da sensação, novamente arrecadamos toneladas de alimentos. Encontrei fotos do Theatro, do estágio e do meu filho cachorro tão novinho e serelepe em junho de 2013.  As de junho de 2014 devem estar no HD externo, alguns dos e-mails que restaram indicam que no mínimo tentamos arrecadar alimentos, enquanto os demais tratavam de disciplinas como aluno especial para um futuro mestrado. As fotos de junho/15 mostram que a cozinha de casa já era outra, e eu insistia em chamar de casa, embora com o tempo tenha passado a denominar de casa dos meus pais. Fotos dos cachorros (ali já eram dois), de um curso de extensão, fotos do meu colega de quarto, fotos de uma festa junina, com as lembranças de que queria me dedicar mais a aprender a dançar e, veja só, uma foto do meu primeiro carro, bonitinho sobre uma árvore em frente ao prédio “onde” trabalho (entre aspas dado que eu ter passado algumas horas de trabalho lá hoje tenha sido uma feliz coincidência, dado que oficialmente mudei de prédio). Adianto que fosse maio eu me estenderia aqui por horas saudando aquelas fotos. Fica para uma próxima.

Sigamos, poucas fotos de junho de 2016. Um experimento, uma notinha de mercado, uma feira... Ah, eu bem me lembro desse pastel numa manhã fria. Junho de 2017, por outro lado, um recordista de fotos até o momento. Trabalho, festa junina, São Paulo, mais trabalho, festival de rock, festival de dança, meu afilhado, mais trabalho, festa junina, festa a fantasia, encontro do grupo de dança, mais trabalho, treinamento no trabalho, mais trabalho, o festival japonês (teria sido o último festival?), Buenos Aires (sim, primeira viagem internacional para minha família), uma planilha de academia, até mesmo um vídeo meu tocando violão e mais trabalho.

Comparar junho de 2017 com junho de 2018 traria conceitos para páginas e páginas... E tendo seguido assim, neste resumo expandido acabou que o tempo foi passando, a noite vai entrando e tenho de desligar para ir trabalhar cedo amanhã. No entanto amanhã volto, e finalmente escrevo sobre o que me motivou a retornar. Mas, rapidamente para concluir e depois volto com detalhes: junho de 2018, cachorros, uma foto dum gato sobre um muro veja só, trabalho, assistindo a um TCC (em que eu constava nos agradecimentos :D), um suicídio na faculdade, mais trabalho, uma corrida, trabalho e mais trabalho, o caminho para a coach que citei acima, fotos do apartamento onde eu morei, fotos da cidade vistas do alto em uma noite complicada, reencontro com amigos da faculdade, um outro gato apareceu, copa do mundo, uvas, mais trabalho, mais torcida na copa (sim, eu acreditava), festa junina, mais trabalho, mais copa e mais festa junina, parque e, é claro, nosso primeiro dia dos namorados, ah, por que eu não escrevia na época? E as primeiras imagens relacionadas à depressão. Veja só, foi num junho. Junhos, junhos, um texto sobre junhos merecia mais, junhos, os meses dos festivais... Tantos junhos, um dia volto com texto melhor. O texto sobre o dia dos namorados também ficará para amanhã, há muito a pensar, há muito a dizer.

Junho de 2019. Cachorros, carro, caronas... Às vezes algumas fotos do trabalho me deixar pra baixo, por ver que há um ano já tinha problemas que ainda não foram resolvidos. Muitas fotos de trabalho, pouquíssimos momentos em festas juninas. Uma imagem triste, prints de conversas de um ciúmes irracional bem no dia do falecimento de minha avó. Uma entre muitas demonstrações de momentos de crise que me roubaram de tantas lembranças. Às vezes era como se fosse proposital que ela buscasse marcar de lembranças ruins sobre todas as coisas que me deixavam bem. Foi assim comigo estar feliz em dançar, foi assim comigo estar feliz com voltar a jogar Sonic, foi assim em dias de luto, foi assim em dias de aniversário, foi assim na primeira vez em que visitou meus pais, foi assim até mesmo na minha defesa de mestrado, veja só, em junho. Por outro lado, também em junho foi nosso segundo dia dos namorados, quando chegou um texto, raro, mas sincero. Hoje mesmo vi aquele ursinho ali no porta-luvas e agora me fico a perguntar se existem duas pessoas naquele corpo, um encosto talvez. Não é possível ser tão diferente e retornar sem sequer saber conversar sobre o ocorrido.  Sigamos, mais fotos de trabalho, muitas mesmo, fotos de uma disciplina muito boa no instituto de física, fotos dela, fotos com meus pais, parque, trabalho voluntário em corrida, ela novamente, na nossa casa, num café que eu fiz. Mais fotos de trabalho, evento no trabalho, defesa de mestrado e, novamente, nossa casa.


La Délicatesse

Chove, é novembro, 17.

Toco nas teclas feito em máquina de datilografar

Dois enters,

Na sala da república assisto a um filme no computador, um romance, Nathalie e Markus

Hoje de manhã tive de adiar minhas férias, projetos atrasados.

Hoje à tarde, novamente o facebook sugeriu que eu marcasse Marcos em minhas fotos

Em uma cena do filme, é dito que Nathalie é o tipo de mulher que anula todas as outras, bem como meu pensamento funciona, pois, aconteça o que acontecer ao longo dos anos, por mais que pareça  que tenhamos nos apaixonado por alguém, tudo muda a qualquer lembrança dela.

O evento será no kartódromo em São Carlos; que não funciona como kartódromo, andei de kart pela primeira vez há duas semanas, misturo assuntos, há tanto a contar...

O filme se passa na França; Markus é suéco; estive na Suécia, França, estive em muitos lugares nesses anos sem escrever
Entra um rapaz cantando na república, antes tocava seu violão; lembrou-me Raul
sem escrever em português, sem escrever poemas
deixe-me lembrar as pérolas naquele tempo ostral,
deixe-me achá-las pela memória,
então virá o Natal, estarei livre novamente,
e as pedras brilharão
estive na Holanda, vi pedras que brilhavam; mas por mais belas, não as sentia;
mas sinto o natal se aproximar e voltarei a ser eu

O filme se aproxima do final, é impressionante: o segundo nome de Nathalie é Kerr.
Uma noite em Paris é uma noite mágica, pra lá vai meu pensamento, lembrando da noite em que eu e uma garota russa corríamos atrás do metrô; antes eu conversava com uma adolescente francesa sobre sentir, ali, numa noite estrelada na praça que leva à Torre Eiffel.
Quando mais novo eu passava um tempo em uma árvore no clube do SESI aguardando minha irmã na natação, hoje há um teatro onde havia aquela árvore.


"Foi nesse local, no coração de todos essas Nathalies... que eu decidi esconder."

Poema em construção

E amar, você me ama?
Quem ama não tem dúvidas,

Tenho dúvidas,

Se voltarei a escrever,

Primeiro julho sem o festival?
Findou a história? Findou-se o tempo
E do futuro em que vivemos, incerto,
Política derrotada, projetos que levarão gerações
Perco-me
Não sei como se diz Eu te Amo
E amar? Amo?
Fico como o astro a se distanciar no Big Freeze,
Frio, racional demais, rígido demais


Mas a cada noite de junho chove um mês
E a chuva é o que sentimos da chuva
E a mágica é mais a sensação da mágica que a revelação do truque

No sonho eu lhe mostrava o festival,
E passávamos a tarde juntos por ladeiras


Mas vamos às novas lições,
Ensine-me a sentir,
Bring me back to my world
let me live live yours
let me know new feelings

O primeiro foi saudade

O segundo foi ciúmes

Deixe-me sentir o medo de estar longe,

Faça-me descobrir o que quero,

O Nono Festival

   Mesmo que me sinta perdido a andar por ali sozinho sem saber o que fazer, o que dizer, ou qual o melhor jeito de sentar... Ela corrigiu minha postura; agora é fisioterapeuta quase formada. E eu, com aquela sensação horrível de que tudo que ela diz é mais importante e maduro do que eu tenha a apresentar.
   Mas mesmo que eu me sinta perdido a andar por ali sozinho sem saber o que fazer, o que dizer ou qual o melhor jeito de sentar... A noite do festival é a mais mágica do ano.
   Mesmo que eu esteja distante e que não vivamos mais no mesmo mundo, a noite do festival é a mais mágica do ano.
  Mesmo que não tivesse surpresas, não visse novidades e que estivesse por lá poucos minutos, a noite do festival ainda seria a mais mágica do ano.
  Mesmo que as tradições mudem aos poucos, que chova, a noite do festival ainda me faria sentir aquele aperto no estômago.
  Mas o aperto vai mudando de significado e é menos a vergonha do amor e mais a vergonha do amor perdido. O aperto da tristeza de reconhecer cada vez menos os rostos das pessoas que passam e o aperto daquela ponta de felicidade ao encontrar um rosto conhecido.
  Mas todos os rostos conhecidos são lembranças do passado e ali no mundo onde eu queria ser lembrado, fiquei como uma lembrança; não pelos atos feitos, mas por aquele que faria grandes atos e foi embora. Aquele que hoje deve estar lá na cidade grande, estudando como gerenciar pessoas, escrevendo relatórios em inglês, comprando um carro, indo à academia, passando feriado na Europa e que de repente se vê, de repente se vê vestido como aqueles que repudiava. E quando veste um chapéu de palha para se parecer como de sua terra, é, ainda que por brincadeira, chamado de agroboy.
   De repente se vê em uma bolha. No pequeno mundo dos que se "sobressaem" em um país de ignorantes, mas se vê incapaz de mudá-lo. E de repente se vê e redescobre seus defeitos. E de repente se vê, e se vê magro, magrelo, com tics nervosos e posturas incorretas, que escreve tão preciso quanto em dicionários, mas que aqui ao escrever de si é enovelado e mais a contar histórias que gerar conclusões que levem a resultados. E de repente se vê a misturar um mundo com o outro, ainda mais confuso que naquele tempo em que pensava que um dia escreveria um texto que resolveria seus problemas, sem saber que o "tarde demais" existiria.
   Mas a noite do festival, ainda que por um segundo, é diferente. E do menino é despertada a subjetividade há muito tempo escondida, remoendo ali, dando aquelas pontadas ignoradas no estômago, enquanto trabalha e dorme e estuda e trabalha e estuda e come (um pouco) e trabalha. E não vê resultados a não ser o moldar de sua personalidade cada vez mais complexa.
   E num segundo, no festival, o nono festival, vê uma belíssima garota de costas, da mais linda que já vira de cabelos pretos; aproxima-se e, que ótimo autor esse que escreveu a história da vida, que faz "coincidir" dela estar justamente ali naquela tenda onde muitos anos antes ele perdera seu maior amor. E que genial é esse autor que nos escreve o destino do mundo, que faz com que a garota ali de cabelos pretos seja a mesma, vestindo wig lolita e um kimono de flor, que faz o aperto no estômago ser mais forte.
  Agora ela é a primeira e a segunda mais linda mulher.
  E eu sigo no nono festival, experimento uns chapéus de "nonos", poisé, que avôs italianos usam. Assisto ao desfile Cosplay, compro um Yakisoba e converso com ela e seus amigos um pouco, bem pouco, sem profundidade.

Minhas Férias

Que seja abençoado pela luz das sete capelas e da oitava. Viver, morrer, voltar a viver e crescer sempre, crescer e crescer até que cordeiros se tornem leões.

                Pousa um manto sagrado sobre a cidade em Junho, vejo-a, céu iluminado no chão e lá, bem em baixo, o Retiro Saudoso, passo por todo ele até o Ribeirão, retorno e ali em seu centro pessoas aglomeradas em comemoração, já é madrugada do dia dos namorados, Coldplay toca um pouco o frio.
                Havia acordado às sete e quase oito e trabalhado até as 16h com a motivação de quem quer cumprir seus projetos e quer muito, apesar do atraso revelado na longa reunião no crepúsculo do dia anterior. Preparo o carro, tomo o café que meus amigos ofereceram, mantenho-me bem acordado e vou à aula (falarei dela em outros textos)
                Dirijo 70km à pequena Cordeirópolis onde encontro uma passageira e mais uns 200, pouco mais de 200, até o Ribeirão.  Entro em um bar, pago para entrar sem saber se o encontraria e lá estava, um amigo com quem cresci junto agora se tornava mestre pela Faculdade de Medicina da USP.
E então compreendo como é possível estar de volta a um mundo novo, pois se pode vivenciar em cada momento o tempo e as histórias se entrelaçando. Às três e meia da manhã vejo uma idosa na rodoviária, ela aguardava o amanhecer para seguir, embora aquela fosse sua casa. Encontro minha irmã e no caminho para casa vejo uma fogueira em um canteiro. Tudo está relacionado.
No sábado após o almoço vou com minha mãe ao centro da cidade, lembro das escadas rolantes das lojas pernambucanas, como íamos quando criança. Porém a senhora que eu conhecera na noite anterior estava ali passando pelo calçadão, em frente à fila da choperia, onde turistas (incluindo colegas meus de trabalho) viriam conhecer nesse final de semana, dado que a partir da tarde haveria ali próximo o maior festival de rock brasileiro.
Então, em uma mesma quadra, passado e presente conectados, Campinas e Ribeirão conectadas, tempo, espaço... E o que mais haveria de mistérios nas tantas outras quadras? Logo na praça ao lado milhares de histórias, livros onde borbulham magias aguardavam ansiosamente pela feira a começar no dia seguinte. Minha mãe pediu uma água de coco; eu, uma garapa, a bebida típica da cidade, e voltamos para casa.
Ainda voltaria nesta tarde ao centro, com meu pai, para montarmos as tendas para a equipe na corrida de amanhã. Montamos e aquele cumprimento de agradecimento pela minha presença dentro da Fiorino ao mais uma vez voltarmos para casa viera para lembrar, lembrar milhões, bilhões, filhões de bons sentimentos de que a vida ainda tem jeito. E a tenda ficará segura na madrugada, pelos vigias ali a fazerem fogueira no canteiro enquanto zelam pelos patrimônios da cidade.
Em casa converso com minha irmã sobre liderança e gestão de pessoas. Que um dia estaríamos ali em um sofá, adultos, a conversar sobre coisas de adultos da capital, quem diria que vivenciamos esses dias agora.
À noite vou buscar a pizza e hoje em dia fica tudo tão fácil com as novas tecnologias para comunicação. Assistimos a uma comédia nacional, e interessante como tudo nela também se relaciona.
Minha mãe leva então o cachorro menor para dormir no quintal e o outro vem comigo para o quarto, arrumo a cama correndo, ele deita e o escondo no cobertor... Mas é incrível como mãe descobre. Depois ela me traz um copo de leite quente, para mim e para minha irmã no outro quarto. E então assim iniciam minhas primeiras férias desde que comecei efetivamente a trabalhar.
  E eu rio de felicidade na cama e fico a imaginar que minha avó está ali ao lado da porta com outros espíritos a assistir. Tudo está relacionado.
  Então pego o computador e venho cá escrever.

   Boa noite Ribeirão, boa noite mundos.


Feliz

Que estou feliz, é o que vim escrever.

  E daria milênios a infinitos textos, bilhões de páginas, tempo infinito... Mas ainda não se consegue escrever, porém sentir, e o sentimento é Feliz. Obrigado Carla, por ser a melhor pessoa do mundo, por voltarmos a ser amigos, por sermos como irmãos.

As ruas do distrito

   Frio de rigoroso inverno. Um coral de crianças na casa do lago, acho que a canção era em italiano. Mas bem diferente da “Tarantella” que tocava em versão completa quando tomei a carona rumo ao trabalho pela manhã.
   Meu trabalho lá é criar, solucionar, imaginar, ajudar, não tomemos tempo discutindo as melhores palavras para este parágrafo, deixemos esta discussão para depois. Vamos à noite.
   Noite. Folhas caídas e espalhadas, deixamos o campus para o distrito. O que fiz no que restou da tarde foi pensar. Janto e, na saída, recordo que haverá apresentação na casa do lago. Uma casa, de tijolos, próxima a um lago, deixo a você imaginá-la.
   Foi a primeira vez que me encontro com um palco desde que um grande filósofo esteve na feira do livro em minha cidade natal. Todavia, lá me encontrei foi com o theatro, com ideias, com amigos... Foi hoje a primeira vez que me reencontro com um palco desde que os palcos deixaram de ser parte de minha vida.
   A peça era sobre amor, entre um escritor que amou até o limite da loucura e uma louca – ou psico alguma coisa, saberia definir alguém da área.
   Poucas pessoas na plateia, talvez fosse o frio, a cultura do país, o deserto... Desertas, as ruas vazias do distrito. A menos pelos carros com luzes a piscar em silêncio, como um exército a verificar o cumprimento de um toque de recolher.
   Minha mãe me fala ao telefone, elas sempre sabem onde estamos. Ela diz para evitar passar pelas mesmas ruas nos mesmos horários, o distrito é violento. Mas para onde foi o “vem pra rua”, lema nacional deste ano se nas ruas de suas casas não se arriscam a andar e sentir o raro inverno?
   E naquela esquina em especial, recordo de uma das poucas músicas que realmente sei cantar inteira. Daqueles versos “E ajeitava o meu caminho pra encostar no teu”. As outras fico a assobiar enquanto minhas mãos tocam instrumentos invisíveis, geralmente de sopro ou teclas.
   E foi assim, ao escolher um trajeto novo, quis o destino que eu encontrasse uma outra casa, entre a dela e a minha república, que me será muito importante em um futuro próximo.

Papo de perdedor?!

E foi assim, termina o semestre sem que eu tenha obtido resposta de 42 empresas nas quais me inscrevi em processos seletivos de estágio no estado de São Paulo. Outras vinte e duas me responderam, disseram que eu não fazia o perfil da empresa, que eu era elétrico, que eu não teria capacidade para representar a empresa ou simplesmente não deram satisfação (maioria).

Na média, em cada empresa havia 70 candidatos por vaga. Pela análise de currículo e provas online o número caia para uns cinco por vaga quando das dinâmicas de grupo e painéis, era quando apareciam psicólogos que provavelmente não sabem para que lado se aperta um parafuso, porém nos papéis de responsáveis pela decisão sobre os melhores engenheiros para os cargos. E então distribuem os pontos para os que falam mais alto, os que interrompem os demais para dizer besteiras, os de melhor aparência, os que possuem veículo próprio ou às vezes para os mais convencidos e os que não apresentam tendências esquerdistas.

Em dinâmicas de grupo não importa o quanto se é hábil para o cargo, porém o quanto os candidatos conseguem se passar por hábeis, uma vez que os avaliadores não tem a menor ideia se um painel solar gera mais ou menos energia que Itaipu, então se pode dizer qualquer besteira, desde que se diga e aparente liderar os demais.

Então ocorrem os painéis, com a presença de gestores; pessoas que um dia quiseram ser engenheiros, mas que se estagnaram na “engenharia brasileira”. Explicarei o termo entre aspas no próximo parágrafo.

Na indústria brasileira pouco existe de engenharia. Pense por um instante, o que é realmente projetado no Brasil? Quantas empresas 100% nacionais você conhece? No Brasil ocorre um fenômeno segundo o qual engenheiros são contratados para administrar empresas. Seria isso incompetência dos cursos de administração? Quando não administram, eles organizam processos – o que é, a meu ver, um desperdício de inteligência.

Não que melhoria contínua e aquelas centenas de siglas em inglês não sejam importantes, porém não compreendo por que um indivíduo deve manjar de cálculo e resistência dos materiais para ficar com um chicote e um cronômetro a fim de dizer ao subordinado que a parede vem antes do teto e forçar o operador a acelerar o ritmo de trabalho para elevar o lucro de algum desconhecido que fica deitado com seu notebook sobre a pança a jogar com a bolsa de valores.

Engenharia, do latim “ingenium”, que significa “gênio” e remete a quem cria objetos, equipamentos, mecanismos inteligentes “para o bem do homem”, como escrito de modo ambíguo no terceiro verso de seu juramento, o qual pouquíssimos engenheiros devem conhecer.

20% de minha turma não se encontram mais no Brasil, viajaram a países onde o verbo engenheirar existe. Não quis fazer intercâmbio e de certa forma isso me fez bem, tendo eu concluído 98,5% das disciplinas em quatro anos, não me afastado tanto de minha família, de meus amigos e iniciado um relacionamento.

Não consegui estágio até o momento, não terei mais disciplinas a cursar com a turma toda e o namoro terminou, tendo sido eterno pelas semanas que durara. Volto para casa, para minha cidade, onde meus amigos de tempos passados hoje trabalham, casam, bebem, organizam encontros sem me convidarem ou sabe-se lá por onde andam.

E então as expectativas do emprego, da garota, do futuro não ocorrem como esperado e me vi sem rumo pela primeira vez. A sociedade nos diz o que devemos fazer até a formatura da faculdade. Depois é por nossa conta e risco.

Risco... Sempre que recebemos palestrantes que foram ex-alunos de engenharia eles contam suas histórias de terem reprovado em dezenas de disciplinas (alguns até mesmo desistido do curso), porém criado empresas a partir da universidade e são bem sucedidos. Uma curiosidade anexada aqui ao texto.

Não tenho problemas em me relacionar com pessoas. Evito conflitos, é verdade, porém estou ali no TOP 5 da turma em puxar assunto com desconhecidos – principalmente do sexo oposto – sem dificuldades (a menos em festas, onde de um simples “oi” já se subentende outras vontades; tipo de relação que não têm lá minha total concordância nem trejeitos). Aliás, chega a ser um hobbie conhecer pessoas nessas rodoviárias por onde passo usualmente.

Bem, o texto já se encontra um pouco extenso. O correto seria reler e melhorar a escrita antes de publicar, porém se não o publicar agora ficará um tempo esquecido ou arrependido entre outros arquivos na pasta de arquivos a organizar na área de trabalho.

Não trato como papo de perdedor, essas viagens (que me tomaram todo meu dinheiro) pelo estado de SP em processos seletivos eram mais encaradas como uma etapa divertida da vida do que motivos de preocupação, uma vez que as minhas prioridades estavam nas cidades próximas; sabendo eu que só ficaria preocupado quando fosse recusado em empresas daqui...

Começa uma nova jornada e preciso estabelecer outras prioridades. A ideia era entrar para uma empresa, casar, ser um mecenas... Mas sem essa de ficar rico ajudando ricos a ficarem milionários. Minha conversa é com a natureza, com a física, engenheirar, como pesquisador ou professor, talvez. Fazer coisas úteis. Em empresas talvez, via concursos, sem psicólogos a se intrometer no que não sabem, a julgar quem não conhecem.

Uma nova jornada


                Sabe aquela sensação de voltar para casa após sete anos? Não, talvez não a conheça, mas talvez a consiga imaginar. Quando entrei na faculdade, ou talvez antes disso, passei a consentir que vivia no futuro, afinal, a pergunta na infância era: “o que quer ser quando crescer?”. E então andava pelas ruas do futuro, com carros mais modernos que os daquele tempo, com wi-fi, computadores, facebook, vida universitária em uma universidade de primeiro mundo e tantos detalhes que me fazia sentir no futuro do passado.
                Esta semana fiz duas apresentações em um painel de processo seletivo de estágio; em uma delas, apresentação pessoal, disse estar em um período de transição rumo a uma nova jornada, sem abandonar todo o trajeto vivido até aqui. Acontece que percebo agora que esta transição é mais do que apenas uma mudança de cidade. Estamos em dezembro e já entreguei meu último trabalho da graduação neste semestre; para a formatura, é preciso cursar uma disciplina, concluir o TCC, uma iniciação científica e as horas de estágio, assuntos que são candidatos a se tornarem prioridades a partir deste dezembro. Dizia – e digo – que assim que acabasse essa correria da graduação em tempo integral eu voltaria a fazer algumas atividades de que tenho vontade, como aulas de inglês, tocar violão, flauta, talvez violino, aprender mais sobre o espiritismo, quem sabe participar mais ativamente, usar parte do dinheiro do estágio em projetos sociais, mesmo que seja presenteando crianças nas ruas, reformar a casa e voltar para a academia a fim de ficar um pouco mais fortinho para a namorada. A ideia era essa, ainda é, eu voltaria para a cidade da faculdade aos finais de semana para vê-la; às segundas terei aula e cuidarei das partes práticas do TCC e entre terça e quinta faria estágio em terra natal. No entanto ela disse que não era amor e, embora seja a melhor garota que eu conhecera nesses últimos anos, ou quem sabe na vida; de fato, eu não passava os dias em transe, sem me concentrar em qualquer outra coisa; porém concebia o encanto, imaginava o futuro, imaginava que era preocupação demais com os deveres e que a tranquilidade que viria em breve faria com que ela se tornasse minha prioridade. E quando possível eu inventava o que a poderia surpreender. Faltou sentir a fundo aquela preocupação sobre como ela estaria a cada segundo longe de mim, mas ela viajou ao sul e eu não vejo nenhum problema nisso. Ou seja, faltou a paixonite, aquela pitada de tempero desconhecido e incompreensível, pois, ademais, tudo parecia dar certo e achei que esse modo de amar fosse sinal de amadurecimento. Preciso aprender a diferenciar amadurecimento de falta de paixão.  E mesmo quando ela disse se tratar de amizade, mostrou-se ainda mais próxima da garota perfeita, que ama o mundo e busca o príncipe encantado.
Então volto para casa, não faz sete anos, apenas alguns dias. Mas de repente é como se fosse. Há sete anos eu estava na oitava série, tinha minha avó e nós e toda a família mergulhávamos no espírito de natal. Volto a sentir a presença do natal, volto a andar no centro da cidade pelo natal, retorno ao shopping desde há muito tempo, volto a montar a árvore de natal; minha mãe encontra os pisca-pisca no quartinho dos fundos e ficaremos a nos maravilharmos com as luzes na árvore. Passo o sábado em frente ao notebook e agora, quase madrugada, chego quase ao final do relatório parcial de trabalho de conclusão de curso.  Os dias são quentes, de quentes a insuportáveis, estou no chão do quarto ao lado do ventilador comprado hoje por minha mãe; de repente percebo que é mesmo uma transição, não me parece mais que vivo no futuro, mas como um retorno aos cenários do passado, porém os cenários mudaram, as pessoas mudaram (algumas partiram a outros mundos), mudaram algumas de cidade, algumas a elas mesmas; outras reencontram a felicidade. E volto para casa, pretendo estar de volta em casa agora. Queria ir ver minha garota, quem sabe ainda nos apaixonemos. Férias (férias entre aspas, tenho a iniciação, o TCC e os processos seletivos), rumo ao último ano de graduação, ruma a uma nova jornada, de volta para casa, de volta aos cenários conhecidos, mas como novos cenários, pessoas conhecidas, pessoas amadas e novas pessoas. Feliz dia de Nossa Senhora da Conceição.

Uma Rua Deserta e Anjos de Natal


Uma rua deserta e anjos de natal é o que restou? Madrugada de 30 de novembro e eu não tenho pensamentos. Queria que as palavras fossem mágicas, mas palavras são palavras e pessoas são humanas, as palavras não se arrancarão das páginas e viajarão pelo passado e pela distância a fim de reconquistar e recuperar o que perdi.
                Uma rua deserta na madrugada e anjos de natal que iluminam um pedaço do mundo. Natal, uma data que ilumina um pedaço do ano, uma data que salva, sempre minha data favorita, mas mal posso ouvir essa palavra e a repito, e a repito.
                E os pensamentos são opacos, como a lua desse 30 de novembro e a rua deserta com seus anjos de natal. Onde antes passavam os anjos de Natália.
                Onde antes passavam tantos sonhos, onde hoje o que restou é uma rua deserta e seus anjos de natal. O antes... O antes era a grama, a lua, as estrelas e a distância éramos nós, distantes dos problemas do mundo, sentados no gramado do campus. O antes era o beijo ao som ao vivo de Lenine, como em filmes, como trilha sonora, como protagonistas, como o par romântico, como o que levaria ao felizes para sempre. Antes eram os melhores dias, diria o melhor ano na universidade. Antes era a partitura deixada em seu para-brisas, o jantar em sua casa, a comemoração por ter passado no mestrado e os beijos, toques e abraços pela madrugada, quando evitávamos o sono e eu desejava que o tempo não passasse ou, se passasse, que fosse ali, daquele modo, nós dois e os bancos do carro.
                Hoje a música são os leves toques de Debussy, Beethoven e Chopin no piano triste na internet. Hoje é a despedida, hoje é apenas uma rua deserta, os anjos de natal e as lembranças. Lembranças da partida de quem mais me amou, lembranças da despedida de quem amei... E fica assim, opaco ou vazio, como uma rua deserta com a lua escondida. Sem rumo, com seus amigos se dividindo rumo a vários continentes, sem emprego, sem saber se voltarei para casa ou terei uma vida corrida em uma grande cidade ou em uma cidade qualquer liderando pessoas com vidas corridas para que um dia liderem pessoas com vidas corridas até que só haja corridas e não haja vidas.
                Mas veja que a ciência me chama e as palavras querem ser escritas, estou na capa do jornal. Meu texto na capa do jornal e outros resultados que me orgulham, mais, bem mais que o diploma, o que levo da universidade são comentários como “orgulho de conhecer essa figura”, parabéns e tantos elogios. É o que se leva, as recordações, de palavras, de toques, de sensações, de sentimentos, de vitórias, de derrotas, de alegrias, de tudo, as recordações. Ademais, é uma rua deserta, sem saber para onde ir, o renascimento e os anjos. Uma rua deserta e os anjos de natal.


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