Na Avenida Lisir Eva...

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Tomei alguns minutos deste mês de provas para postar


   Meu amigo, colega de quarto compôs uma bela música há alguns dias; não divulgarei o vídeo por enquanto, mas cito para ressaltar que o sentimento é o mesmo. Ninguém chora de saudades ao estudar engenharia fora, mas todos os que se importam - e a maioria se importa - sentem falta de buscar pães às tardes, andar alguns quarteirões do ponto à escola, de ir à missa aos domingos de manhã, de quando a igreja católica era aceitável, de quando o mundo era mágico, de prazeres do espírito, de sentir o gosto das palavras além dos termos técnicos, longe de álcool, longe de dores de cabeça, de articulação ou de tudo quanto é lugar por passar X ininterruptos a estudar para duas, três, quatro horas de provas de uma única questão; duas, três, oito provas por semana, trinta horas de aula, sentem falta de quando se estudava por prazer e se via os resultados.
                O X ali em “passar X ininterruptos” podem ser horas, dias, semanas, o mês todo sem descansar, sem sentir o aroma do café a não ser daqueles cafés que mantêm o estudante acordado.
Desculpe se o leitor esperava muitas descrições, muitas comparações, fatores para conhecer a engenharia, quem sabe nas férias (havendo férias) tiro suas dúvidas, mas falta tempo, falta muito tempo, os dias são horas, e as questões do estudante de engenharia são muitas e complexas. Então ele faz as horas renderem como dias, mas, após as provas ou após essas horas, vê que os dias foram tão curtos e, a menos de alguns exercícios não esquecidos, o que ficou? Com quem tomou café em uma manhã fria? Com quem contou histórias não relacionadas à engenharia, à política, à economia, à física, à química, enfim, com quem contou histórias encolhido no cobertor?
Se jogou bola com uma criança, foi uma ou duas vezes no semestre em aniversário  de seu primo que já está tão grande e você não o vê crescer.
Mas o mundo além dos campi da USP, da UNICAMP, da UFSCar, da UNIFEI, da UFSC (e mais uma ou duas faculdades de engenharia que prestem na América do Sul)... Tantas coisas que não sabem lá fora, tantas falhas causadas por ignorância ou por incompetência, tantas discussões tolas.
Se podemos empreender, vencer, ensinar, criar, projetar, analisar, calcular, sintetizar, ficar bilionários, mas, ao voltar para casa – e há quinze dias não voltava para casa, tão perto – se o corpo sedentário dói, se as unhas não são cortadas, surgem entradas no cabelo, seus amigos casam, não os encontra por muito tempo, se não encontramos nos campi um dia tranqüilo para rir de outros assuntos...
Não digo dos assuntos vis, de modas da internet, de celebridades, das modas das modas, spams. Digo de assuntos da vida, de ter tempo para escolher qual marca de leite comprar, praticar esportes, namorar com o coração, sim, a partir dele, além dos hormônios ávidos em festas libidinosas.
USP. É difícil, é a melhor do país, talvez a maior carga horária do mundo, porém muitos cursos atrasados e professores desinteressados... Sinto-me mal ao imaginar como vão as outras instituições públicas e pior ainda ao imaginar como as privadas (com exceção da PUC e de algumas que eu não conheça) podem chamar seus formandos de engenheiros.

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