Na Avenida Lisir Eva...

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O Mal da USP

   Gostaria que se sentisse bem em minha companhia; gostaria também e, para isso, resgatar a inocência dos tempos em que acreditava e sentia amor, puro, no sentido de incorrupto pelos prazeres da carne.
Quando você parou para catar coquinho na descida pela última vez?
Ou quando você deixou a preocupação de lado 
para estudar o que são esses tais coquinhos?
   Sabe aquele vilão do filme, ou aquele mocinho do filme que parece estar certo? É alguém ocupado, que seja por se importar com seu país, mas falta aos jogos de seu filho de sete anos. Já imaginou que você pode estar tomando esse caminho?
   Ou você pode estar trabalhando em casa, na cidade natal e inconscientemente você procura por outros afazeres, outras "desculpas" para fugir da "obrigação" e aceita qualquer "estupidez" do tipo pintar a parede do quarto, sair para caminhar, ir ao cinema... Coisas que você quer, você busca, você precisa  fazer, atividades normais e atividades prazerozas, ainda que pequenas, trabalhosas, mas que criarão dias que serão guardados na memória (e não só em sua memória). Preciso mesmo dizer quais são?

   Ora, olhe para este ano (ano que já apresenta enfeites de natal em suas lojas), quais momentos ficarão guardados? Os rotineiros (trabalho, estudo, correria por falta de tempo) ou os específicos? Pedidos aceitos, assistir ao jogo em um bar em uma noite de quarta-feira independentemente de prova no outro dia, reformar a casa com o próprio braço e o braço de seus amigos, tocar violão sozinho e, tocar a madrugada toda para que alguém não vá embora. Dizer, que o mundo ande por suas pernas, que não será todo meu tempo dedicado a ele?
Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes
O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Renato Russo

  E quando, porém, você reconhece tudo isso, mas ainda assim não pode "perder" segundos? Há alguns dias não vou à faculdade, segunda-feira disseram-me que encararei a 'realidade' novamente. Mas qual é essa realidade Uspiana?
  Um estudante, tomemos um estudante de baixa renda, presta vestibular, entra na USP. Irá para uma cidade grande, São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos? Irá viver pela primeira vez longe de casa. Eu disse viver? Voltemos aos filmes, sua vida como um filme, em qual cena a USP estaria? Temos duas sugestões:
   1.  Um atleta tem uma infância feliz, muitas coisas acontecem em sua asdolecência e então começa a treinar para as olimpíadas. Treino, muito treino. Espera-se, portanto, bons resultados no futuro. Mas, não seria a faculdade USP a cena em que toca uma música no fundo e o "atleta" apenas treina todo esse tempo? Sabe-se bem por cima o que está acontecendo, sem profundidade, sem as etapas de sua vida, sem marcos propriamente dito. Essa é a USP para os que nela estudam com seriedade.
O que você faz/fará enquanto está/estiver na cidade grande?
   2. O homem conhece um mundo novo em outra cidade. A trabalho, a estudo... Lá muitas coisas acontecem, é um dos clímax da história, novos amigos, novas aventuras... O tempo é o que menos importa. Como seria a faculdade? Um tanto de aulas, sair com os amigos, frequentar as áreas de esporte, viver emoções... Esta é a USP para os que ainda não entraram, para alguns que acham que entraram ou para os que estudam com seriedade e chegaram a outras conclusões.

  Em ambos os casos, há uma garota - e você pode ser apaixonado/a pela pessoa mais diferente de você - Talvez alguém que te espere, talvez alguém que não seja como você pensa, até se drogue, se prostitua nesse tempo em que não se veem. E se você souber disso, pois na USP, e em muitos lugares, mesmo sem querer, você deixa de ser inocente; você deixa de enxergar golfinhos naquela ilusão de ótica, você pode deixar de acreditar em amor puro.
Hein, que golfinho?

   Então o mal da USP, você parece cercado o tempo todo por obrigações, segundos sem estudar custam semestres de reprovas; quando o tempo passa, você se pergunta, ora, mas o que eu fiz além de estudar? E o que eu lembro do que estudei? Mas você não pode parar para "viver", pois o futuro seu, de sua família e de seus sonhos depende disso. Por que mulheres parecem objetos? Por que pareço insensível em algumas ocasiões? E você pode distinguir seus amigos de seus "compartilhadores temporários dos mesmos ideais".
  Não, caro amigo, você é bom. Você fica de quatro a seis (ou mais) anos dentro da faculdade, cercado de profissionais tão bons quanto você e consegue resumir seus semestres (que às vezes chama de ano) em poucas palavras, enquanto na cidade natal é bem visto, como alguém que está no caminho certo (ou deveria estar), que é inteligente, que conseguiu muitas coisas. Mas, para você, parece que esse sucesso foi há muito tempo e hoje nem pensa direito em quem é. Às vezes, tu podes ser mais quem seus próximos consideram  do que aquilo que achas que és, no sentido de estar, no momento.
   Ah sim, o Mal da USP é o título da postagem, então façamos juz ao nome e deixemos de pieguisse. Como tem babacas na maior universidade do país!


Imagens: Coquinho http://br.olhares.com/coquinho_foto380851.html; o que fazer na capital http://www.diggstars.com/11-7-13012/pictures/102709/4949-ForrestGump03.html; golfinhos

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